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Novas maneiras de navegar

Publicado: Segunda, 04 de Julho de 2016, 19h10 | Última atualização em Sexta, 26 de Agosto de 2016, 15h17 | Acessos: 2248

Juta pode ser utilizada na fabricação de embarcações

 Por Maria Luisa Moraes  Foto: Alexandre Moraes

 O homem, com o passar dos anos, vem descobrindo maneiras cada vez mais inovadoras de utilizar os recursos da natureza em prol do desenvolvimento tecnológico. São incontáveis os produtos e materiais que podem ser fabricados com matérias-primas naturais. Aqui, na Região Norte, onde esses recursos são abundantes, há vários projetos voltados para esse tipo de exploração.

Um dos principais meios de locomoção dos paraenses são os barcos, geralmente, feitos de madeira. Para tornar essa produção mais sustentável, o professor da Faculdade de Engenharia Mecânica, ITEC/UFPA, Leonardo Dantas Rodrigues criou o Projeto de Extensão “Novos materiais obtidos a partir de recursos naturais da Amazônia para fabricação de embarcações de pequeno porte: substituição de fibras sintéticas por fibras naturais vegetais”. O pesquisador realiza testes com fibras naturais para a fabricação de barcos pequenos.

O material utilizado por Leonardo Rodrigues é a juta, fibra vegetal têxtil bastante usada em artesanato. “Consegui esses tecidos por meio de doação da Companhia Têxtil de Castanhal (CTC). A ideia inicial era usar juta produzida em alguma comunidade local. Na CTC, fiquei sabendo que o tecido é importado da Índia”, lamenta.

Diante da dificuldade de encontrar fibras produzidas aqui, o projeto manterá o foco no trabalho com a fibra de juta. “Aqui, ela é encontrada no Ver-o-Peso, não nesse modelo de tecido que conseguimos na CTC, mas em outras formas também aplicáveis”, diz o professor. Leonardo Rodrigues recorda que, em termos de resistência para essa aplicação, o material era uma incógnita. Após os testes bem-sucedidos, foi definido que a juta seria o principal material utilizado.

Além de contar com a ajuda da Companhia Têxtil de Castanhal, Leonardo Dantas Rodrigues também tem o apoio do Instituto Peabiru, organização não governamental dedicada à Amazônia Oriental. A parceria com a ONG possibilitará o envolvimento de comunidades na produção dos tecidos. Para essa tarefa, ele planeja elaborar e distribuir cartilhas nas comunidades, além de realizar treinamentos.

Miriti é utilizado para laminação sanduíche

Além da fibra têxtil, o compósito usado na fabricação dos barcos é também composto por uma resina que dá firmeza ao material. “A fibra não tem resistência mecânica, a não ser a tração. Rompê-la é difícil. Por ser totalmente flexível, não conseguiríamos fazer nada estrutural com ela. Quando você mistura isso com uma base, que chamamos de matriz epóxica ou polimérica, você tem um compósito”, explica Leonardo Rodrigues.

Segundo o pesquisador, essa estrutura feita de polímeros já é utilizada na indústria, porém com fibras de vidro e carbono, que são sintéticas. “Essas pequenas embarcações ainda são protótipos, em tamanho reduzido. Para fechar o projeto, faremos em escala real”, planeja.

Os testes são feitos, separadamente, nas fibras e nas resinas, para, depois, juntar os dois e formar o compósito. Há regras que definem o tamanho dos corpos de prova, o tempo de cura da resina e quais testes serão realizados. Apesar dos avanços nos testes, ainda estão sendo estudados os melhores métodos de fabricação dos barcos. “O modelo ideal deve ter um aspecto visual bom, funcionar e flutuar bem na água, além de aguentar o peso indicado para um barco desse tamanho”, explica o professor. O primeiro protótipo foi feito usando um barco de miriti.

“Laminamos o tecido com a resina por fora do barco. Não nos agradou esse primeiro método, porque o barco apresentou alguns vazamentos. Então fizemos uma laminação ‘sanduíche’: cobrimos o barco de miriti, por dentro e por fora, com o compósito. O miriti fica sendo parte da estrutura permanente do barco”, explica o professor. O método foi bem-sucedido, pois o miriti contribui para a flutuabilidade.

O futuro está sendo planejado: “o primeiro plano é concluirmos os testes, inclusive com um modelo em escala real, e elaborarmos uma cartilha detalhada de fabricação. Poderemos fazer um treinamento in loco, para quem tiver interesse. Isso sem perder de vista a verticalização do projeto com o envolvimento das comunidades”.

Ed. 131 - Junho e Julho de 2016

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