Resenha
Quilombolas do Pará em tempo de pandemia
Por Luciana Carvalho Ilustração CMP
A Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo (Malungu) e o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente da Universidade Federal do Oeste do Pará (Sacaca/Ufopa) celebraram o lançamento do livro Vulnerabilidade histórica e futuro das comunidades quilombolas do Pará em tempo de pandemia, fruto da cooperação entre essas instituições. Com prefácio da professora emérita da Universidade Federal do Pará Zélia Amador, a obra reúne dez artigos e depoimentos que abordam os impactos da Covid-19 nos quilombos paraenses, bem como as estratégias acionadas pelas comunidades para enfrentar históricos problemas sociais, intensamente agravados por essa nova doença.
Mais de quarenta autores e autoras, quilombolas e não quilombolas, docentes e discentes universitários de diferentes áreas do conhecimento colaboraram para a produção do livro. A maioria dos artigos e os depoimentos tiveram origem em um ciclo de debates promovido pela Malungu e pelo Sacaca/Ufopa em 2020, nos quais foram narradas experiências relativas a diversas dimensões da vida individual e coletiva em meio à pandemia.
Entre outros temas, os textos abrangem: medidas de autoproteção e vigilância comunitária em saúde; saberes e fazeres das mulheres; conflitos intergeracionais; relações com a morte e o luto; precarização da educação quilombola; efeitos do distanciamento social sobre a dinâmica econômica e cultural das famílias e fragilização dos direitos socioambientais das comunidades. Completam o livro dois artigos produzidos por acadêmicos da UFPA e da Ufopa, que refletem acerca do uso de plantas medicinais para o enfrentamento da Covid-19 e das estratégias de comunicação adotadas para informar a população quilombola a respeito da pandemia.
Trata-se de um registro inédito e atual do advento de uma doença infecciosa que, disseminada em todo o planeta, tem atingido, de maneira particularmente cruel, a população quilombola do Pará, residente em mais de 500 comunidades. Com mais de 2 mil casos de Covid-19 acumulados e quase 100 óbitos provocados pela doença até o momento, o estado mantém, desde o início da pandemia, a primeira posição no que tange à ocorrência de Covid-19 nos quilombos do Brasil. Os organizadores da obra ressaltam, ainda, que esse número está muito aquém da realidade, devido às dificuldades de comunicação com a maior parte das comunidades quilombolas do estado, em geral afastadas dos centros urbanos e privadas de serviços básicos.
Publicado pela Editora do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA), o livro foi organizado por Luciana Gonçalves de Carvalho, antropóloga, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND/Ufopa) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFPA); Raimundo Magno Cardoso Nascimento, mestre em Sustentabilidade Junto a Povos e Territórios Tradicionais pela Universidade de Brasília (UnB) e consultor de projetos da Malungu; e Veridiana Barreto Nascimento, enfermeira, professora da Universidade Federal do Amapá e doutoranda em Ciências Ambientais pelo PPGSND/Ufopa.
Luciana Carvalho - Antropóloga, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND/Ufopa) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA/UFPA). Contato: luciana.gdcarvalho@gmail.com
Saiba mais
O livro em formato digital está disponível para download gratuito aqui: https://drive.google.com/file/d/1Rjrq8fvsCgjCtwurl-jK5nmgySgoN23y/view?usp=sharing
Os debates estão disponíveis no canal do Sacaca/Ufopa no YouTube: https://www.youtube.com/c/SacacaUfopa
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