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Educação de qualidade para todos

Publicado: Sexta, 05 de Outubro de 2018, 14h20 | Última atualização em Segunda, 22 de Outubro de 2018, 17h35 | Acessos: 3867

Projetos de extensão atendem a comunidades no Marajó

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Por Renan Monteiro Foto Acervo do Pesquisador

O Estado do Pará conta com mais de 550 mil analfabetos a partir dos 15 anos de idade, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado não é espantoso se percebermos que, na maioria das escolas públicas paraenses, a evasão escolar, a desvalorização dos professores e a estrutura precária são comuns. No município de Soure, na Ilha do Marajó, a Universidade Federal do Pará criou dois projetos de extensão, com o objetivo de suprir parte da demanda por educação de boa qualidade.

Alfabetizar para Libertar e Cursinho Popular da UFPA: a educação como agente social e formativo são coordenados, respectivamente, pela bibliotecária Camila Brito e pelo professor Adriano Biancalana. O primeiro foi iniciado em setembro de 2017 e finalizado em julho deste ano, cumprindo o papel de alfabetizar adultos e crianças da região. O segundo projeto, iniciado em 2016, atende tanto aos jovens que estão cursando o último ano do ensino médio quanto aos que já concluíram.

O Alfabetizar para Libertar, expressão de Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido, atendeu, inicialmente, a alunos de baixa renda, na faixa etária entre 25 e 56 anos. Alguns haviam estudado apenas o nível fundamental e outros não sabiam ler ou escrever. Passados alguns meses, tiveram início as ações de reforço escolar com crianças de Soure e da zona rural.

O projeto contou com bolsistas e voluntários que ministravam as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, no horário noturno para os adultos e no horário vespertino para as crianças. ‘’É um trabalho intenso e gratificante ver que a educação ainda é a melhor saída para quem não possui o mínimo para sobreviver’’, afirma a coordenadora Camila Brito.

O Cursinho Popular da UFPA está na sua terceira edição. Inicialmente, eram ministradas aulas de Física e Biologia. Ao longo dos meses, vieram novos voluntários, e, hoje, o cursinho oferece todas as disciplinas. Quem ministra as aulas são universitários do Campus de Soure/ UFPA e do Campus UEPA/Salvaterra.

“Desde que ingressei na UFPA, tive vontade de montar um projeto como esse. Sempre estudei na escola pública e fiz um cursinho semelhante na minha época de pré-vestibular. Tivemos cerca de 100 inscritos nos últimos dois anos, por isso foi preciso aplicar uma prova de seleção e fazer uma análise socioeconômica. Os mais carentes são nossa prioridade’’, explica o professor Adriano Biancalana.

“Estudar pra quê? Já estou velho pra isso!”

Durante a execução dos projetos, seus coordenadores identificaram problemas que dificultavam os seus trabalhos. Camila Brito explica que encontrou resistência na alfabetização, principalmente dos mais velhos. “Estudar pra quê? Já estou velho pra isso!” era uma exclamação comum. “Foi difícil contornar essa situação e fazê-los enxergar a importância dos estudos em qualquer idade. Para instigar as pessoas, fizemos um mutirão explicando o que era o projeto”, lembra a professora.

Mas a principal dificuldade é a falta de recurso financeiro. “A maioria dos editais não prevê gastos com equipamentos e materiais de consumo. Muitas vezes, retiramos do nosso almoxarifado ou até mesmo do nosso próprio bolso”, desabafa.

Na sua experiência com o Projeto Cursinho Popular da UFPA, o professor Adriano Biancalana percebeu que o nível educacional da região é baixo, e alguns apresentaram dificuldade em acompanhar as aulas. “Muitos tiveram um ensino médio precário. Enquanto uns estão relembrando, outros estão tendo contato pela primeira vez com os conteúdos. Também há uma grande diferença de idade presente em sala de aula. Temos uma mãe e um filho que fazem o cursinho popular juntos, por exemplo”, relata.

Francenilde Moraes concluiu o ensino médio em 2011, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) duas vezes e não foi aprovada. Em 2017, se inscreveu e foi selecionada pelo projeto. A estudante foi aprovada em primeiro lugar no curso de Licenciatura Integrada em Ciências, Matemática e Linguagens na UFPA Campus de Soure. “O Cursinho Popular mudou minha vida educacional. Tenho certeza de que, sem esse auxílio, eu não conseguiria entrar em uma universidade”, afirma.

Questionado sobre o futuro do Cursinho Popular, o professor Adriano afirma que é “incerto”, pois a sua continuidade depende do apoio institucional. Já sobre o Projeto Alfabetizar para Libertar, finalizado recentemente, Camila Brito diz que é necessário que ele seja ofertado em outros locais, como nas comunidades quilombolas da região.

Ed.145 - Outubro e Novembro de 2018

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Alfabetizar para Libertar. Coordenação: Camila Brito

Cursinho Popular da UFPA: a educação como agente social e formativo . Coordenação: Adriano Biancalana

Projetos de Extensão Universitária - Campus Soure

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