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Publicado: Terça, 15 de Setembro de 2020, 17h13 | Última atualização em Terça, 15 de Setembro de 2020, 17h13 | Acessos: 1857

Resultados da PANLOC 2 em São Caetano de Odivelas (PA)

imagem sem descrição.

Por José Guilherme dos Santos Fernandes Ilustração Freepik

O Colaboratório de Interculturalidades, Inclusão de Saberes e Inovação Social (Colins), Grupo de Estudos, Pesquisas e Ações Comunitárias, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Antrópicos na Amazônia (PPGEAA), UFPA/Castanhal, realizou, de 27/6 a 21/8/2020, no município de São Caetano de Odivelas, a Pesquisa Panloc 2 – Pandemia em cidades locais na Amazônia estuarina: Dados Clínicos-Epidemiológicos para Diretrizes Socioeconômicas e Culturais.

O objetivo foi registrar dados clínicos e epidemiológicos acerca da Covid-19, com a finalidade de propor a minimização de contágio e transmissão, além de impactos socioeconômicos. Uma pesquisa anterior, Panloc 1, já havia sido realizada na primeira quinzena de junho, com 200 entrevistados, público correspondente a 1/5 do recorte da Panloc 2.

Em razão da carência de insumos para a realização de testagem em massa da população, como alternativa à inovação social, realizaram-se entrevistas com 1.040 moradores do município (correspondente a 5,76% da população), nas zonas urbana e rural, mediante formulário impresso aplicado por Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da Secretaria Municipal de Saúde, em seus territórios de atuação, com o uso de todos os protocolos de biossegurança, uma vez que estes profissionais são capacitados para tal ação comunitária.

Portanto o que foi levantado pela pesquisa foi a sintomatologia e as possíveis redes de transmissão, em vista da falta de efetiva confirmação de contaminação dos entrevistados, por falta de exames laboratoriais e de testes rápidos. Posteriormente, a equipe de pesquisadores do Colins transmitiu o questionário para um aplicativo, a fim de contabilizar estatisticamente os dados auferidos. A equipe foi composta pelo coordenador, professor José Guilherme Fernandes; por Rondinell Aquino Palha, aluno de mestrando do PPGEAA; e pela engenheira de pesca Talita Aranha.

Os dados apontam que o pico dos sintomas ocorreu entre final de abril e início de maio, mas grande parte da população (81,7%) não realizou testes para a confirmação, talvez por desconsiderar a gravidade, em razão de a maioria (78,1%) apresentar sintomas leves. O agravante nesta desconsideração é que 47,0% da população está desempregada e 26,4% são autônomos, o que implica circulação diária em vias e em espaços públicos para a garantia de sua sobrevivência.

Além disso, a proximidade de convivência e moradia entre membros das famílias e da vizinhança, marca de sociabilidade entre comunidades tradicionais e locais, é revelada pelo fato de 79,4% dos entrevistados morarem, há mais de cinco anos, no mesmo local, potencializando o contato diário e próximo favorecedor da transmissão, posto que 26,1% alegaram que pelo menos uma pessoa próxima à sua convivência manifestou os sintomas após o entrevistado ter manifestado.

A desconsideração quanto à necessidade de distanciamento frequente, ou mesmo o isolamento, em casos de sintomas da doença, pode ser decorrente de que a maioria da população (72,4%) alegue não ter doenças pré-existentes. Esse comportamento coloca o paciente em zona de risco de morte.

Todavia, mesmo a despeito de algumas contradições entre as práticas de profilaxia e as práticas culturais da população, esta tem consciência das atividades que requerem mais atenção e controle sanitário preventivo. Por isso 85% dos entrevistados consideraram que se deve ter atenção ou reservas quanto à liberação de festas e festividades no município.

Da mesma feita, 70,2% consideraram os eventos esportivos como atividade de atenção às medidas de prevenção; 57,8% consideraram as atividades escolares; 43,3%, os eventos domésticos e familiares como vetor de transmissão; 37,6%, os eventos religiosos; e apenas 16,6% consideraram o local de trabalho como espaço latente de transmissão.

Por fim, o estudo apontou algumas ações para a minimização dos impactos decorrentes da pandemia, a saber:

1) Campanhas de conscientização e esclarecimentos acerca da severidade e transmissibilidade do coronavírus, bem como estratégias de prevenção por meio de suportes audiovisuais e com ações diretivas às famílias e às comunidades, uma vez que a conformação básica de cidades locais é a unidade familiar e circunvizinha;

2) Estabelecimento  de redes de contágio por intermédio de famílias e parentes, com a rastreabilidade de casos suspeitos e com a aplicação de testagem. Vale destacar que a instituição família é um grupo determinante para o sucesso de ações públicas em cidades locais. Isso porque, ademais de característica de célula conjugal para fins de procriação, em cidades locais e comunidades tradicionais, a família mais comum é do tipo extensa, composta por duas ou mais famílias nucleares, com laços consanguíneos, convivendo em um mesmo espaço, por gerações, com parentesco vinculante e residência comum ou contígua;

3) Garantia de renda e abastecimento das famílias, com previsibilidade de gastos com alimentação e saúde em orçamento municipal (renda mínima universal) e rearranjo de atividades econômicas que evitem grande circulação e aglomerações de pessoas, com recuperação de empregos/ocupações, e instauração de protocolos de controle de ambientes, além de investimento em atividades agrícolas e extrativistas que são a vocação do município.

José Guilherme dos Santos Fernandes – professor associado da UFPA, coordenador do Colaboratório de Interculturalidades, Inclusão de Saberes e Inovação Social (Colins/UFPA) e do Projeto de Pesquisas Indicadores Antrópicos. E-mail mojuim@uol.com.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7023812449790431

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