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Turismo aliado à saúde

Publicado: Quinta, 16 de Agosto de 2018, 13h42 | Última atualização em Quinta, 16 de Agosto de 2018, 18h57 | Acessos: 5011

Fitoterápicos geram renda e desenvolvimento em Marapanim (PA)

Xaropes, garrafadas, tônicos, essências e sabonetes estão entre os produtos produzidos pelo Erva Vida.
imagem sem descrição.

Por Nicole França Foto Alexandre de Moraes

A região amazônica é rica em recursos naturais, principalmente quando se fala em plantas que possuem funções terapêuticas, e, em Marapanim, não é diferente. No município, o Grupo de Mulheres Erva Vida produz e comercializa remédios artesanais com plantas medicinais da região. Com base nas atividades do grupo, a turismóloga Marcia Sueli Castelo Branco Bastos elaborou a dissertação Turismo de Saúde: saberes e remédios caseiros para o desenvolvimento local na comunidade do Sossego/Marapanim-PA, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local da Amazônia (PPGEDAM), com orientação do professor Wagner Luiz Ramos Barbosa.

A dissertação analisou de que forma o desenvolvimento local do turismo, associado à produção de remédios artesanais, pode trazer benefícios para a comunidade do Sossego, no distrito de Marudá, município de Marapanim (PA). “O objetivo da pesquisa foi estimular a qualificação da cadeia produtiva dos remédios produzidos pelo Grupo Erva Vida”, afirmou Marcia Bastos.

A pesquisa foi estruturada com a ideia de Turismo de Base Comunitária (TBC). “O TBC é uma estratégia de gestão integrada, que oportuniza a inclusão da população local na atividade turística e, entre outros aspectos, visa ao fortalecimento da cadeia produtiva do turismo com base na produção associada. Neste caso, uma produção associada ao TBC que venha promover o desenvolvimento local, valorizar os saberes e os usos terapêuticos de plantas medicinais, gerar renda e valorizar a produção local”, esclareceu a pesquisadora.

No processo de pesquisa, foram realizadas entrevistas e aplicados questionários, tanto com os turistas quanto com as integrantes do Grupo Erva Vida. As entrevistas permitiram conhecer o perfil socioeconômico e profissional das mulheres do grupo, identificar fatores que contribuem ou limitam a produção e a comercialização de remédios caseiros, além de discutir a cadeia produtiva local de fitoterápicos.

Os questionários aplicados aos turistas procuraram verificar o perfil do visitante de Marapanim (PA), sua avaliação sobre os aspectos turístico-culturais do município, se eles conheciam e se interessavam pela produção local de remédios caseiros e, caso fossem clientes, qual seria o período da visita.

Grupo Erva Vida tem 20 anos de atuação na região 

O Grupo Erva Vida é composto por pescadoras aposentadas da região, com faixa etária entre 40 e 65 anos e baixo nível de escolaridade. O grupo possui 20 anos e, atualmente, conta com 12 integrantes. O Erva Vida produz xaropes, tinturas, garrafadas, tônicos energéticos, compostos, essências, sabonetes e pomadas. Segundo Marcia Bastos, a comercialização dos produtos ocorre o ano inteiro, mas é durante o período de férias escolares, com o fluxo turístico maior, que as vendas têm aumento significativo.  

“Fora do período de férias, a comercialização não é suficiente para a subsistência delas. Com a pesquisa, conseguimos identificar a necessidade de ações estratégicas para a divulgação dos produtos e a sua comercialização. Assim, propus um plano de negócios para o grupo”, conta a pesquisadora.

A elaboração do plano de negócios utilizou dados de pesquisas anteriormente realizadas pelo grupo do Laboratório de Etnofarmácia (LAEF/NUMA/UFPA), destacando-se o Planejamento Estratégico que identificou forças, fraquezas, oportunidades e ameaças enfrentadas pelo grupo.

Entre as forças apontadas, estão a ampla experiência na produção de remédios caseiros e a existência de um patrimônio próprio com laboratório, loja e área livre. Como oportunidades, podemos citar o reconhecimento do trabalho do grupo na região e a existência de um meio de divulgação disponível. Já as fraquezas identificadas foram a falta de capacitação técnica e tecnológica para o controle de custos e a sazonalidade na comercialização dos produtos. Algumas ameaças seriam os altos custos dos insumos e a concorrência com grandes laboratórios e produtos de outros Estados.

O plano de negócios focou na comercialização, sem deixar de promover um diálogo com a valorização dos saberes locais, a qualificação do produto e a gestão dos recursos naturais. O planejamento financeiro constatou que é necessário um aumento de 50% a 60% da produção para que o Grupo Erva Vida se mantenha apenas com a produção dos remédios caseiros.

“Hoje, essas mulheres possuem uma renda, mas não é suficiente para sustentá-las. Elas precisam buscar alternativas: algumas vendem alimentos, outras fazem trabalhos domésticos. A ideia é desenvolver o negócio para que esses trabalhos complementares não sejam necessários”, explicou a pesquisadora.

Ed.144 - Agosto e Setembro de 2018

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Turismo de Saúde: saberes e remédios caseiros para o desenvolvimento local na comunidade do Sossego/Marapanim-PA

Autora: Marcia Sueli Castelo Branco Bastos

Orientador: Wagner Luiz Ramos Barbosa

Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local da Amazônia (PPGEDAM)

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