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Os impactos do desmatamento na floresta amazônica

Publicado: Terça, 03 de Março de 2020, 19h34 | Última atualização em Terça, 03 de Março de 2020, 19h36 | Acessos: 2133

 Pesquisador propõe alternativas para uma exploração sustentável

imagem sem descrição.

Por Gabriel Mansur Foto Acervo da Pesquisa

A floresta amazônica historicamente sofre com a exploração irregular dos recursos naturais. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), as áreas de desmatamento corte raso, no trimestre abril, maio e junho/2019, acumularam o total de 1.907,1 km², indicando um crescimento de 24,8% se compararmos com o mesmo período em 2018. As riquezas da floresta são retiradas, e existe pouca preocupação com as consequências desse desmatamento. Uma alternativa para reverter esse quadro seria a utilização da floresta por meio do manejo florestal, incentivado pela legislação brasileira atual.

Do ponto de vista teórico, é possível perceber divergências entre duas escolas que tratam do manejo das florestas. A primeira indica que a exploração em escala industrial é insustentável, pois os padrões técnicos para a exploração sustentável não condizem com a rentabilidade financeira. Uma segunda escola acredita no manejo sustentável e tem como uma das linhas de pensamento a Exploração de Impacto Reduzido (EIR).

A EIR visa à exploração da floresta amazônica sustentavelmente, respeitando a biodiversidade, buscando o desenvolvimento econômico e a melhora de vida da população local. Para contribuir com essa discussão, o biólogo Eric Fabrício Santos Moraes apresentou a dissertação Efeitos imediatos da Exploração de Impacto Reduzido sobre duas florestas ombrófilas na Amazônia Oriental, no estado do Pará. Orientada pelo professor Emil José Hernández Ruz, a pesquisa foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBC/Altamira).

O estudo visa analisar os impactos desse tipo de exploração em dois tipos distintos de florestas: a floresta ombrófila densa, com árvores de maior porte e maior quantidade de madeira explorável; e floresta ombrófila aberta, com cipó, considerada uma transição da floresta ombrófila densa, com dias mais secos. Os dados para a pesquisa foram coletados na área da Fazenda Uberlândia, em área rural do município de Portel, comparando o período pré-exploração, em 2014, e pós-exploração, em 2016.

Eric Fabrício chama atenção em sua pesquisa para o fato de que hoje existe uma dificuldade para implantação do manejo, seja por falta de investimentos, desinteresse, seja por resistência dos madeireiros, e também em virtude da falta de pesquisas a respeito do tema. De acordo com o pesquisador, os órgãos ambientais identificam o manejo como uma forma de desenvolvimento sustentável, no entanto não há informações suficientes para saber os efeitos reais desse tipo de exploração nas florestas tropicais, especialmente na Amazônia, que é extremamente diversa.

Exploração atende ao interesse  e ao valor comercial das espécies

“Realizamos as coletas de dados por tipo de floresta, pois, se são consideradas fitofisionomias diferentes, devem ser analisadas separadamente”, explica Eric Fabrício Santos Moraes. De acordo com o biólogo, o resultado mais expressivo foi a diminuição da diversidade das florestas do período pré-exploratório para o pós-exploratório.

Segundo o pesquisador, “um dos grandes problemas da exploração madeireira são as espécies de interesse das empresas. Geralmente são espécies de madeira nobre, alta densidade, durabilidade e alto valor comercial, enquanto outras espécies, que poderiam ser aproveitadas, são deixadas de lado. Essa prática pode alterar a diversidade. Alguns estudos mostram que, mesmo com ciclos de exploração de 30 ou 40 anos, a floresta não consegue se regenerar a ponto de recuperar a mesma diversidade e área basal que havia antes da exploração”, alerta.

Foi identificada uma redução de três espécies, em ambas as florestas, além de uma taxa de mortalidade causada pela EIR de 8,2% na floresta ombrófila densa; e de 7,3% na floresta ombrófila aberta, com cipó, comparados os períodos pré e pós-exploratório. Observaram-se também diferenças na abundância das espécies. Os índices de diversidade foram diferentes para cada floresta, demostrando também a necessidade de analisar individualmente cada fitofisionomia.

O biólogo concluiu em sua pesquisa que a intensidade do impacto nas florestas está diretamente relacionada à intensidade e aos ciclos de exploração, apresentando inclusive impactos imediatos, de curta e de longa duração.

Para Eric Fabrício Moraes, a comunidade científica pode tomar a sua pesquisa como exemplo para a realização de outras pesquisas, “com acompanhamento em longo prazo, em parcelas permanentes, trabalhando a coleta e a análise de dados por fitofisionomia, identificando a fitofisionomia (aspectos da vegetação) em que cada parcela (da floresta) se encontra. Trabalhar, dessa maneira, por fitofisionomia e não como se a floresta fosse uniforme”, finaliza.

Ed.153 - Fevereiro e Março de 2020

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