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Resenha

Publicado: Segunda, 15 de Junho de 2020, 17h06 | Última atualização em Segunda, 15 de Junho de 2020, 17h11 | Acessos: 3291

Roteiros, potencialidades e descasos

Por Walter Pinto Foto Reprodução

Elemento de permanência nas cidades, o patrimônio público, quando preservado, perdura no tempo e no espaço, tornando-se uma herança para os moradores, ao alcance dos olhos e da memória coletiva. Mesmo o patrimônio particular, como uma antiga residência familiar, ao longo do tempo, extrapola a condição familiar para alcançar um patamar coletivo. Torna-se um marco que fala da história do lugar, dos seus moradores e das pessoas da cidade que passam por ela, admiram suas linhas e animam o coração ao vê-la ali, no mesmo lugar, como uma testemunha que se impôs ao tempo.

Dessas teias de memórias coletivas e individuais, reveste-se o livro Geografia, patrimônio & turismo na Amazônia brasileira – Projeto roteiro geo-turístico em Belém do Pará, que assinala um “marco na atividade extensionista da universidade pública”, como diz Hugo Hage Serra, doutor em Geografia e professor da Unifesspa, na apresentação da obra. É o resultado do Projeto de extensão “Roteiros geo-turísticos em Belém do Pará”, desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Geografia do Turismo - GGEOTUR/UFPA e editado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará.

Ao formular o projeto, o GGEOTUR pensou numa atividade que aliasse saberes acadêmicos e populares. Geografia e História, como ciências específicas e afins, são os suportes para os estudos da educação patrimonial que embasa os 13 textos contidos no livro, organizado pelos geógrafos Maria Goretti da Costa Tavares e Hugo Hage Serra, e pelo historiador Agenor Sarraf Pacheco. Dentro de uma perspectiva interdisciplinar, que passa também pela Museologia e pela Antropologia, professores e estudantes relatam as suas experiências por roteiros que enfocam patrimônios turísticos em Belém – especificamente em bairros como Cidade Velha, Umarizal, Nazaré e Reduto –, em Cametá e no Marajó. São memórias que surgem por meio de fotografias, experiências e relatos.

Até o ano de 2017, o GGEOTUR organizou nove roteiros em Belém, que visam a contribuir com o fortalecimento do “pertencimento ao lugar”, fundamental para a formação da cidadania local. O relato de Felipe Azevedo e Márcio Amaral trata da criação de novos territórios para além daqueles determinados pelo poder na formação histórica do núcleo inicial de Belém. Apesar do planejamento territorial, outros sujeitos, até como forma de resistência, reinventaram fronteiras expandindo territórios alternativos.

O relato de Alessandra Lobato e Débora Serra sobre o turismo na Cidade Velha faz uma observação inquietante para uma cidade com mais de 400 anos: a atividade turística no bairro mais histórico de Belém concentra-se principalmente no Complexo Feliz Lusitânea, deixando de fora espaços importantes na formação da cidade. Luana Oliveira e Magaly Caldas relatam a experiência de um roteiro centrado na Belle Époque em Belém, concebido segundo uma perspectiva histórica espacial, especificamente no bairro Campina. Caminhando para o Reduto, Charles Paes Silva ressalta as mudanças ocorridas no antigo bairro cujas funções o identificavam como bairro industrial, identidade, hoje, não valorizada pelos administradores públicos e pela própria sociedade civil. Silva relata os passos para a efetivação de um roteiro geo-turístico, destacando pelo menos 16 atrações potencialmente relevantes para o turismo histórico-cultural da área.

Um levantamento realizado por Vivian Larissa e Daniela Pantoja constatou a inexistência de política para a educação patrimonial sobre a área formada pelo eixo da Avenida Nazaré, que serviu de expansão histórica ao limite da segunda légua patrimonial no tempo da economia gomífera. Atravessando a Baía do Guajará e enveredando por águas marajoaras, Cleber Castro chegou a Ponta de Pedras, de onde narrou as experiências no roteiro concebido para aquela cidade, na qual buscou integrar a cultura à atividade turística para além do que é “preparado” para o turista. De Cametá, vem o relato de Karoline Santos, Valdeci Cabral e José Cordovil sobre a contribuição do Projeto Roteiro Geo-Turístico para a formação acadêmica dos alunos envolvidos com a experiência. Geografia, patrimônio & turismo na Amazônia Brasileira traz, ainda, outras contribuições para a formulação de uma política pública na área do turismo que leve em consideração o espaço e o tempo.

Serviço: Geografia, patrimônio & turismo na Amazônia brasileira – Projeto Roteiro Geo-turístico em Belém do Pará. Org. Maria Goretti da Costa Tavares, Hugo Hage Serra e Agenor Sarraf Pacheco. Edição: PROEX-UFPA, 2019. 296 páginas. À venda na Livraria da UFPA.

Ed.155 - Jun/Jul/Ago de 2020

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