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Estudo indica novas possibilidades de tratamento para Hepatite C

Publicado: Segunda, 26 de Julho de 2021, 12h37 | Última atualização em Segunda, 26 de Julho de 2021, 12h37 | Acessos: 1663

Relatório premiado no XXI Seminário de Iniciação Científica da UFPA

Métodos computacionais no planejamento de fármacos elaborados por Gustavo Figueiredo.
imagem sem descrição.

Por Adrielly Araújo Infográfico Acervo da Pesquisa

A Hepatite C é uma doença que consiste na inflamação aguda ou crônica do fígado, causada por um vírus RNA da família Flaviviridae, que tem como principal meio de transmissão o fator sanguíneo, como transfusões sanguíneas, hemodiálises, compartilhamento de agulhas, seringas e outros materiais intravenosos.

No Brasil, de acordo com dados recentes do Boletim Epidemiológico do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, mais de 70% dos óbitos por hepatites virais são decorrentes da Hepatite C.

Gustavo Sodré Figueiredo, estudante de Graduação em Química, buscou compreender o funcionamento do vírus causador da Hepatite C. Para isso, ele utilizou como objeto de estudo uma macromolécula, a enzima Protease NS3/4A, essencial para a replicação do vírus em questão.

Orientado pelo professor José Rogério de Araújo Silva, o estudo deu origem ao relatório técnico intitulado Simulação Computacional de Derivados de Quinoxalina como Inibidores da Enzima Protease NS3/4A do Vírus da Hepatite C, destaque do XXI Seminário de Iniciação Científica. A pesquisa foi elaborada no âmbito do Projeto Estudos de Reações de Cicloadição de Diels-Alder em Azoalquenos: uma abordagem teórica e experimental, da Faculdade de Química, do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN/UFPA).

As moléculas foram avaliadas em uma perspectiva computacional, com base em pressupostos experimentais, resultados da revisão bibliográfica. Com o uso de programas específicos, foi possível compreender como a enzima funciona, como pode ser inativada, levando à ineficácia do vírus da Hepatite C.

“Vale ressaltar que os fatores estruturais atômicos relevantes (possíveis inibidores da Hepatite C) não foram elucidados por completo, do ponto de vista experimental, na bibliografia estudada. Então, entramos com os recursos computacionais que esclarecem esses fatores, além de propor moléculas inibidoras mais potentes, inclusive, prevendo o efeito de mutações do vírus, que é o foco da continuidade desta pesquisa”, explica Gustavo Figueiredo, sobre a importância do seu estudo.

Contexto pandêmico levou a pesquisa para fora do laboratório

“Verificamos que a enzima Protease NS3/4A é importante no ciclo vital do vírus da Hepatite C e que esta enzima é inibida pelo medicamento Grazoprevir®. Além disso, vimos que algumas moléculas ‘parente’ deste medicamento (derivados da molécula Quinoxalina) podem ser sintetizadas de maneira mais simples e direcionada, com possível potencial para inibir essa enzima, de modo que podem se tornar mais eficazes que o próprio medicamento comercial”, revela Gustavo Sodré Figueiredo.

A pesquisa teve início no segundo semestre de 2019, no Laboratório de Planejamento e Desenvolvimento de Fármacos (LPDF) da UFPA, com bolsa Pibic/Fapespa. “Com o cenário pandêmico em função da Covid-19, precisamos nos afastar do laboratório, mas a pesquisa não foi completamente paralisada. Além disso, embora a Hepatite C seja distinta da Covid-19, ambas possuem um fator em comum: são geradas por vírus, o que também torna motivador superar as dificuldades enfrentadas ao longo da pesquisa”, conta o estudante.  

Até o momento, com a coleta de dados e as simulações computacionais realizadas, foi possível compreender como o Grazoprevir® e outros derivados interagem (tanto com a forma nativa quanto com os mutantes da enzima Protease NS3/4A) e qual o seu potencial para se tornarem medicamentos contra a Hepatite C, o que, até então, não havia sido esclarecido experimentalmente.

“É possível auxiliar o planejamento de um medicamento igual ou tão eficaz quanto o utilizado comercialmente, de fácil sintetização, com menor custo. O desenvolvimento de um novo fármaco é um processo longo, complexo e exige grande investimento financeiro, mas esses fatores podem ser reduzidos e melhorados com a utilização de recursos computacionais, como as técnicas utilizadas pelo LPDF da UFPA, combinadas com tecnologias experimentais”, conclui o estudante.

Esses resultados já estão sendo compilados e serão submetidos em periódicos científicos, bem como terão continuidade experimental graças à concessão do Prêmio de Destaque do XXI Seminário de Iniciação Científica, o Estágio Pibic de Verão, pela Pró-Reitoria de Pesquisa (Propesp/UFPA) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com supervisão do pesquisador Ernesto Raúl Caffarena.

Além disso, há fortes perspectivas de que novas moléculas planejadas possam ser sintetizadas e avaliadas biologicamente, em parcerias experimentais já estabelecidas pelo professor José Rogério de Araújo Silva, com a University of KwaZulu-Natal, na África do Sul, e com a Birla Institute of Technology & Science, na Índia.

Beira do Rio edição 159

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