Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate

Portuguese English Spanish

Opções de acessibilidade

Página inicial > 2018 > 145 - outubro e novembro > Exclusivo Online > Ciência, educação e água limpa
Início do conteúdo da página

Ciência, educação e água limpa

Publicado: Terça, 23 de Outubro de 2018, 17h57 | Última atualização em Quinta, 25 de Outubro de 2018, 13h26 | Acessos: 2341

Projeto promove ações para prevenir contaminação de poços e cisternas no Marajó

Por Glauce Monteiro Foto Acervo do Projeto

Na Ilha do Marajó (PA), localizada na foz do rio Amazonas, a água é abundante durante o inverno amazônico, mas costuma faltar no verão. Por isso um projeto da Universidade Federal do Pará (UFPA) no Campus de Soure sensibiliza adultos e crianças a cuidar do precioso líquido e a evitar o desperdício.

Na Região Norte, ainda há localidades sem saneamento básico. Nestes casos, são os poços e as cisternas que mantêm o fornecimento de água para as famílias, especialmente nas cidades menores e nos povoamentos. É o caso de Salvaterra e Soure, localizadas na costa leste da Ilha do Marajó, onde apenas 77,56% das famílias possuem água na torneira, de acordo com dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisadora Fernanda Biancalana, professora da Faculdade de Biologia do Campus da UFPA em Soure, explica que o Marajó vive dois momentos sazonais distintos: o inverno, quando os poços e as cisternas rudimentares podem ser contaminados pelos alagamentos e pelo transbordamento de fossas instaladas indevidamente; e o verão, quando o nível dos reservatórios cai e a água falta nas torneiras ou chega com alterações, apesar de própria para o consumo.

“Os poços não costumam secar no verão, mas isso pode vir a acontecer se a água não for economizada. Além disso, a água então consumida é a que vem ‘do fundo do poço’ e, sem o devido cuidado, pode ser contaminada no manuseio ou no armazenamento”, detalha a bióloga.

Desde 2015, o Projeto Ações para prevenção da água potável em municípios da Costa Leste do Marajó, coordenado por Fernanda Biancalana, realiza ações educativas na comunidade. O projeto foi criado com recursos do Ministério da Educação e mantém-se com o auxílio financeiro da UFPA, por meio dos editais anuais de apoio à extensão, como o Programa Institucional de Bolsa de Extensão (Pibex).

Com os adultos, reuniões, palestras e distribuição de fôlderes esclarecem a importância de instalar devidamente os poços e as fossas, separados por, no mínimo, dez metros, e os cuidados necessários durante a coleta da água e o seu armazenamento. Mas, com as crianças, o trabalho parece mais eficaz. Em todas as escolas do ensino fundamental da região, jogos, maquetes e outras ações ensinam os pequenos sobre o mundo invisível da contaminação e sobre o que fazer para se proteger “dos bichinhos”.

“Levamos microscópios e mostramos a eles o que é um verme, um micróbio, uma bactéria. Falamos sobre como ter cuidado para não contaminar a água e também sobre como e por que não desperdiçá-la. Temos focado o trabalho nas crianças, porque elas são facilitadoras. Em casa, se veem o pai escovando os dentes com a torneira aberta, repreendem e repetem para toda a família tudo o que descobriram conosco”, detalha a pesquisadora.

Jogos em defesa da água - Se o microscópio faz sucesso, os jogos didáticos criados pela equipe do projeto não ficam atrás. Amarelinha, boliche e os dois modelos de trilhas do conhecimento já foram premiados em eventos acadêmicos. Eles possuem a mesma lógica: “para avançar, as crianças precisam responder às perguntas feitas. E, assim, brincando, elas aprendem rapidamente”, garante Fernanda Biancalana.

Para a docente de Parasitologia e Microbiologia da UFPA, o projeto tem ainda outro importante papel. “Muitas vezes, esse é o primeiro encontro das crianças com a Universidade, com a ciência. É a primeira vez que veem um microscópio e ficam maravilhadas”, lembra a pesquisadora.

Além do impacto de melhoria imediata na qualidade de vida da população do Marajó e da oportunidade de um primeiro contato para a iniciação científica de meninos e meninas, o projeto pode salvar vidas ao prevenir doenças. “A contaminação da água causa, principalmente, diarreia, o que leva crianças e idosos à desidratação, que, por sua vez, pode levar à morte”, alerta Fernanda Biancalana. Nas escolas do Marajó, brinquedos e microscópios estão interrompendo esse ciclo.

Como prevenir a contaminação da água

- Evitar o desperdício

- Poços e fossas devem ter paredes e parapeito de concreto e serem devidamente fechados.

- Preservar, no mínimo, dez metros entre a instalação de poços e as fossas.

- Higienizar baldes, vasilhas e garrafas usadas para o armazenamento de água.

- Lavar as mãos antes de manusear a água potável.

Ed.145 - Outubro e Novembro de 2018

Adicionar comentário

Todos os comentários estão sujeitos à aprovação prévia


Código de segurança
Atualizar

Fim do conteúdo da página