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Faltam informação e atendimento adequado

Publicado: Quinta, 13 de Dezembro de 2018, 18h51 | Última atualização em Quinta, 13 de Dezembro de 2018, 18h53 | Acessos: 2174

Pará não consegue atingir meta de prevenção de câncer de colo de útero

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Por Flávia Rocha Ilustração Márcio Dias

Além de constituir 51% da população brasileira, as mulheres também têm uma expectativa de vida maior que a dos homens. O envelhecimento faz com que elas fiquem suscetíveis a alguns tipos de câncer, entre eles, o de colo de útero (CCU). Atualmente, o CCU é uma questão de saúde pública no Brasil, sendo necessário  rastrear a sua incidência e estimular a prevenção. A tese A tendência do câncer de colo de útero no estado do Pará: um estudo a partir dos registros nos sistemas de informação do Datasus, defendida por Shirley Iara Martins Dourado, apresenta o contexto paraense desse problema.

A pesquisa apresentada no Programa de Pós-Graduação em Doenças Topicais (PPGDT/Núcleo de Medicina Tropical), sob orientação da professora Maisa Silva de Souza, mostra a incidência dessa doença e mortalidade causada por ela, além de evidenciar como está a prevenção do câncer de colo de útero no Estado do Pará. Para isso, a pesquisadora usou o número de exames de Papanicolau (PCCU), realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no período de 2004 a 2014. “O Datasus é um banco de dados de todos os procedimentos realizados no SUS. Montei uma planilha com informações sobre PCCU em todo o Estado, assim como a quantidade de mulheres que adoeceu e teve câncer de colo de útero, com óbito ou não”, explica Shirley Dourado.

A tese mostra que cerca de sete mil mulheres ao ano morrem em razão das complicações do CCU no Brasil. Em 2017, o INCA estimou que 17 mil  novos casos foram diagnosticados no País.  “Buscar formas de prevenir essa doença e de trazer essas mulheres para o serviço de saúde é uma ação primordial, quando se trata de gestão”, declara a pesquisadora.  Há também certa desinformação quando se trata de profilaxia. “Existem mulheres que não realizam esse exame, as viúvas, as divorciadas ou aquelas acima de 55 anos. Elas relacionam a necessidade de realizar o exame à vida sexual ativa”, afirma Shirley Dourado.

Apenas 37% das mulheres paraenses realizaram o exame no período pesquisado

Com as análises feitas durante a pesquisa, Shirley Dourado constatou que há falhas graves no rastreamento do câncer de colo de útero. “O Ministério da Saúde, em consonância com a Organização Mundial da Saúde, diz que pelo menos 80% da população de uma determinada região ou município deve realizar o PCCU a partir da iniciação da sua vida sexual. O Estado do Pará ainda está muito longe de atingir esta meta. A dificuldade de acesso a uma Unidade Básica de Saúde para realizar o exame preventivo levou o Pará a distanciar-se da meta de rastreamento”, avalia. Diante dos números fornecidos, a pesquisadora concluiu que apenas 37% das mulheres paraenses realizaram o exame no período pesquisado.

“Outra crítica que fazemos é o fato de o banco de dados não apresentar a quantidade de exames preventivos realizados pela paciente ao longo da vida, apenas a quantidade de PCCU realizados no Estado durante o ano. Com os dados por paciente, teríamos certeza de que essa mulher está com uma rotina adequada de exames”, diz Shirley Dourado. Além disso, até este ano, o câncer não era uma doença de notificação compulsória, isto é, o registro da doença não era obrigatório, somente a notificação de óbito causada por essa doença.

Para a pesquisa, foi feita a divisão do Estado em mesorregiões (Metropolitana, Baixo Amazonas, Sudeste, Sudoeste, Marajó e Nordeste). A mesorregião Metropolitana apresenta a maior incidência de casos de mortes em razão do câncer de colo de útero. De acordo com a pesquisadora, isso ocorre porque, sem acesso ao tratamento em suas localidades, a maioria das pessoas vem buscar atendimento médico em Belém e chegam à cidade com o câncer em estágio avançado. No final, Belém é registrada como domicílio de óbito. “Isso é outro erro do sistema, pois só informa onde a pessoa morreu e não onde ela vivia, o que impede que os dados sejam fidedignos à situação real do Estado”, avalia Shirley Dourado.

A pesquisa indica que o Pará apresentou um aumento nas taxas de notificação de CCU, com um crescimento abrupto em mulheres a partir dos 60 anos. Na avaliação da pesquisadora, isso “significa que as mulheres estão cada vez mais informadas. Por isso a campanha do Outubro Rosa é importante para chamar atenção para o problema. A maioria das mulheres tem acesso à televisão e descobre aquele mês propício para realizar o exame”, afirma.

Ed.146 - Dezembro e Janeiro de 2018/2019

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