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Queda de árvores pode ser evitada

Publicado: Quarta, 17 de Março de 2021, 17h14 | Última atualização em Quarta, 17 de Março de 2021, 17h14 | Acessos: 818

Gestão e monitoramento precisam ser modernizados

Por Nicole França Foto Acervo da Pesquisa 

O inverno amazônico traz consigo um período intenso de chuvas que causam diversos problemas, como alagamentos, interrupção do fornecimento de energia elétrica, propagação de doenças virais (gripes e resfriados) e queda de árvores. Este último foi o objeto de análise da dissertação Geoprocessamento Aplicado à Gestão de Riscos de Queda de Árvores: Estudo de caso em um bairro no município de Belém – PA, defendida no Programa de Pós-Graduação em Gestão de Risco e Desastre na Amazônia (PPGGRD), do Instituto de Geociências da UFPA, por Mateus Dos Reis Rodrigues, com orientação do professor doutor João de Athaydes Silva Júnior.

“O desenvolvimento da dissertação se deu em virtude da preocupação pelas consequências advindas de quedas de árvores, tendo em vista que, normalmente, isso é pouco levado em consideração durante eventos de precipitação e rajadas de vento. Além disso, o interesse pelo tema se deu pelo fato de a Prefeitura de Belém utilizar uma metodologia de planejamento e enfrentamento do problema ineficientes quando já existem metodologias que levam em consideração técnicas mais eficazes”, conta Mateus Dos Reis Rodrigues.

Dessa forma, a pesquisa buscou verificar a aplicação de ferramentas de geoprocessamento para o gerenciamento de riscos de queda de árvores no município de Belém. Para a pesquisa, Mateus Rodrigues realizou um levantamento histórico dos riscos de queda de árvores no município, no período de 2011 a 2018. Tais dados foram disponibilizados pelo Centro Integrado de Operações (CIOp).

Uma outra etapa da pesquisa foi a verificação das condições fitossanitárias dos indivíduos arbóreos no bairro Nazaré, ou seja, foram analisados aspectos como a espécie, a idade, a característica da copa, o acometimento por pragas, a altura, a extensão da copa dos indivíduos arbóreos, entre outros. “No bairro Nazaré, investiguei vias como as avenidas Gov. José Malcher, Generalíssimo Deodoro, Nossa Senhora de Nazaré, Comandante Brás de Aguiar, entre outras. No total, foram analisadas 10 ruas e percorridos cerca de nove quilômetros de caminhada”, explica o pesquisador.

Geoprocessamento possibilita maior exatidão na coleta de dados

Segundo Mateus Rodrigues, o geoprocessamento já está sendo utilizado por muitos municípios, sendo uma ferramenta imprescindível para ações eficazes de planejamento e minimização do risco de queda de árvores por meio da distribuição espacial. “O geoprocessamento consiste na coleta de coordenadas geográficas através de um Sistema de Posicionamento Global (Global Positioning System – GPS, em inglês), por meio do qual você identifica onde está localizado cada indivíduo arbóreo. Após a avaliação de cada árvore, é possível visualizar os resultados em um mapa e selecionar os dados: se o risco de queda da árvore é baixo ou alto em determinada via pública. A grande vantagem do geoprocessamento é ele fornecer ferramentas de filtragem de dados”, esclarece.

Na análise de campo, Mateus Rodrigues fez a avaliação visual dos indivíduos arbóreos e, mais tarde, preencheu um formulário indicando a saúde da árvore analisada. Após esse processo, o pesquisador sinalizou pontos com o GPS, identificando o posicionamento de cada indivíduo arbóreo no bairro Nazaré. As identificações feitas no GPS foram aplicadas em um software denominado QGIS, responsável pela elaboração dos mapas da área de estudo. “Dessa forma, após todo o processo de identificação, os mapas já indicavam em que ponto, por exemplo, as árvores com copas desproporcionais estavam localizadas. O usuário solicita a informação, o software responde e mostra no mapa, permitindo que o trabalho seja realizado diretamente nas árvores desejadas”, afirma.

Problemas têm início no momento de plantio das árvores

Analisando as condições fitossanitárias das árvores, Mateus Rodrigues pôde identificar que grande parte das árvores estava em boas condições. Foram analisadas 916 árvores no bairro Nazaré, divididas em classes de risco de 1 a 5 (sendo 1 menor risco e 5 maior risco). Somente duas árvores foram identificadas em grau 5. Segundo o pesquisador, a única forma de evitar a queda dessas árvores seria a sua retirada.

“Além do crescimento urbano, outro problema exposto foi a má gestão das árvores. Percebi que elas são plantadas de qualquer jeito nas vias urbanas, sem o devido acompanhamento. É importante notar que o solo da nossa região, em geral, é bastante ácido, dificultando o desenvolvimento da raiz, principal responsável pela sustentação da árvore. Essa raiz se desenvolve superficialmente, se desloca para cima ou para os lados, ocasionando a quebra da calçada, o que pode levar à queda da árvore”, explica.

Outro problema apontado no estudo é o corte desproporcional das árvores. “Muitas vezes, a companhia de energia elétrica faz o corte em “V”, aquele realizado apenas para adequar a passagem dos fios de alta ou baixa tensão. Esse corte deixa a árvore desequilibrada e compromete a sua biomecânica adaptativa. Ao pesar para um lado, ela vai ser obrigada a trabalhar mais para recompor a sua sustentação. Com essas interferências, a árvore fica mais suscetível a quedas”, afirma Mateus.

Para o pesquisador, as medidas adotadas pelo poder público, até o momento, são pouco eficazes para impedir o risco de queda de árvores. “A prefeitura utiliza uma metodologia defasada, escolhendo trechos nos bairros e realizando podas de todos os indivíduos arbóreos, mas nem todas as árvores necessitam de poda. É aí que entra o geoprocessamento, que pode identificar quais árvores necessitam de manutenção. Um dos produtos deste estudo foi o relatório que será encaminhado à Prefeitura de Belém, para contribuir e aperfeiçoar as técnicas de verificação de riscos de queda de árvores na cidade”, conclui.

Beira do Rio edição 158

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