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Depoimento

Publicado: Quinta, 28 de Janeiro de 2021, 15h49 | Última atualização em Quinta, 28 de Janeiro de 2021, 20h06 | Acessos: 4157

Profissão: professor – pesquisador

Só há um único bem, o conhecimento. E um único mal, a ignorância.

Sócrates (471 AC – 339 AC)

Por Miguel Petrere Jr Foto Acervo pessoal

Eu sempre fui um bom aluno, embora nem sempre o primeiro da turma, desde o curso primário até terminar meu doutorado. Tive o privilégio de ter, no primário, no ginasial e no antigo curso científico, excelentes professores que moldaram meu prazer e disciplina pelos estudos, aguçaram a minha curiosidade e forneceram as ferramentas básicas para que eu me adaptasse a situações novas.

Foi no antigo curso ginasial que se revelou em mim certa tendência para as Ciências Naturais, História e Matemática. Desta última, particularmente, sempre gostei muito e tive facilidade em aprender. A única coisa que me torturava era o medo de ser reprovado, pois, em 1964, iniciamos o primeiro científico com 45 alunos, e só seis, de nós, conseguiram se formar em 1966. Naquela época, a escola pública era o padrão de ensino, ao contrário de hoje.

Eu estudava todos os dias, não só porque gostava, mas também “para não tomar pau”. Quando ingressei no primeiro ano do curso científico, no bolso de nossas camisas, era costurada uma fita amarela; no segundo, duas verdes; e, no terceiro, três vermelhas. Olhávamos para nossos colegas do terceiro ano, a elite da cidade na época, pois ainda não havia universidade em minha cidade natal, com extrema admiração e respeito, pois “chegaram lá”.

Quando em minha camisa foram costuradas as três fitas, eu me senti “no paraíso”. Um grande orgulho para minha mãe, que acompanhava minha vida escolar mais de perto e sempre incentivou minha curiosidade e amor pelo conhecimento.

Até terminar o curso científico, eu só havia estudado em escola pública. Prestei vestibular e fui aprovado num concorridíssimo exame (140 candidatos por vaga) para o curso de Medicina da PUC de Sorocaba (SP), no ano de 1968.

Iniciei o curso de Medicina entusiasmado, mas logo me decepcionei. O curso era excessivamente livresco. Nada era questionado. A página impressa era lei! Os laboratórios eram precários e os professores ausentes e desinteressados. Só os víamos durante as aulas, pois lá não havia Regime de Dedicação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP). Alguns tinham projetos de pesquisa, sequer tinham salas individuais de trabalho e poucos tinham o título de doutor.

O clima da faculdade era opressor e as provas eram dificílimas para mim, que estava pouco motivado. Quase não havia atividade extracurricular, e iniciação científica nem se cogitava. Aborreci-me e, para imensa tristeza de meus pais, abandonei o curso no ano seguinte.

Prestei vestibular para Filosofia e Matemática. Concluí os dois cursos e fui contratado como pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), para organizar um sistema de coleta do desembarque do pescado em Manaus. Com esses dados, fiz o mestrado em Ecologia (INPA/UFAM) e o doutorado no Reino Unido, com análise de dados e modelagem quantitativa no manejo de estoques pesqueiros, o qual terminou em 1982, e voltei para o Brasil.

Fui pesquisador do INPA, professor na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em São Luís, e na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP), onde me aposentei, em 2010.

Fui professor na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e na Universidade Santa Cecília (Unisanta), uma excelente universidade particular situada em Santos (SP). Também fui Professor Nacional Visitante Sênior na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e, desde 2018, sou professor Titular Livre na Universidade Federal do Pará (UFPA), onde fui muito bem-recebido no Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia (NEAP).

Até a data de hoje, publiquei 158 artigos científicos em periódicos nacionais e internacionais, orientei 48 dissertações, 41 teses e supervisionei oito pós-doutorados.

Nunca paro de estudar. Ainda tenho muita curiosidade em termos científicos e tento me manter informado sobre o que está sendo produzido em nível mundial. Ministro aulas na graduação e na pós com muito prazer, pois gosto da profissão que escolhi: a de professor – pesquisador.

(*) Em 2020, foi reconhecido entre os 100 mil cientistas mais influentes do mundo, dos quais, 600 são do Brasil. A pesquisa foi conduzida pela Universidade de Stanford (EUA), intitulada: Updated science-wide author databases of standardized citation indicators

Miguel Petrere Jr  (*),  mestre em Ecologia (1977) pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM)/Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). PhD pela School of Biological Sciences - University of East Anglia/Fisheries Directorate - Lowestoft (1982), Reino Unido. Atualmente é professor Titular Livre na UFPA.

Email: mpetrerejr@gmail.com

Lattes iD http://lattes.cnpq.br/9377772041367252

Beira do Rio edição 157

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