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Opinião

Publicado: Quinta, 10 de Junho de 2021, 17h01 | Última atualização em Quinta, 10 de Junho de 2021, 18h26 | Acessos: 822

 Não à LGBTfobia!

imagem sem descrição.

Por Telma Amaral Gonçalves Ilustração CMP

As várias letras que compõem a sigla LGBT, que vão além dessas quatro aqui expressas, servem para nomear identidades múltiplas e para dar a dimensão do quão diverso é esse universo. Não à toa se acrescenta, depois das letras, o sinal de + para indicar que, nessa “sopa de letrinhas”, sempre é possível acrescentar mais uma, pois, no cotidiano da vida, a construção de nossa identidade e as formas de nos relacionarmos afetivo-sexualmente vão muito além da cisgeneridade e da heterossexualidade.

Uma forma de compreender toda a complexidade que envolve o tema e as vivências LGBT+ e de lidar com ela é a informação, pois, sem o conhecimento, o outro passa a ser visto com exotismo, e o exotismo produz exclusão e preconceito, violências que se revestem de formas diversas, inclusive daquelas mais cruéis, que envolvem o aniquilamento do outro. A seguir, apresento algumas sugestões de leituras, filmes e documentários que revelam olhares múltiplos sobre esse universo tão cheio de vivências singulares (*).

Jaqueline Gomes de Jesus publicou um livro que está disponível gratuitamente na internet, chamado Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos (2012). Trata-se de um guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros que tem sido muito utilizado como material didático em diferentes contextos, por apresentar um conjunto de informações indispensável para quem se propõe a conhecer, compreender e somar na luta em prol do combate à LGBTfobia.

Existem inúmeros documentários que, numa linguagem bastante acessível ao público leigo, constituem uma excelente fonte de informação sobre a temática em pauta. O documentário Amiel (2020), de Maria Clara Dias, aborda um tema muito pouco conhecido, por isso mesmo cercado de muito preconceito: a intersexualidade. Vale a pena conhecer a trajetória de Amiel em sua busca para encontrar sua verdadeira identidade. Para adentrar o universo da bissexualidade, outro tema pouco discutido, vale a pena acessar dois documentários: Invisibilidade de Clinton Dias e Jonatas Serra (2019) e  (Bi)chas, de Victor Gabriel Enger Balthazar (2020). A transexualidade é o foco de Disclosure (2019), um doc de Sam Felder que retrata a representatividade trans no universo hollywoodiano. A travestilidade é o tema do curta Amanda e Monick (2008), do cineasta André da Costa Pinto, sobre a trajetória de duas mulheres nordestinas, cujas vidas singulares possuem muitos atravessamentos.

Ainda no cinema, existe um número expressivo de produções que tematiza a vivência LGBT+.  Destaco aqui o premiado filme Alice Júnior (2019), do cineasta Gil Baroni. A história gira em torno da vida de uma adolescente trans, interpretada por Anne Celestino Mota, uma atriz transexual. Para adentrar no universo da lesbianidade, vale a pena conferir dois filmes: Pariah (2011), da cineasta estadunidense Dee Rees; e Retrato de uma jovem em chamas (2020), da francesa Céline Sciamma.

No campo literário, a coletânea A Resistência dos Vaga-lumes (Ed. Noz, 2019) reúne textos em prosa e poesia que retratam a diversidade da literatura brasileira atual, representada e produzida por pessoas LGBTQIA+. A homossexualidade é muito bem trabalhada pelo escritor paraense Felipe Cruz em Você nunca fez nada errado (Ed. Monomito, 2019), livro em que o autor narra a descoberta de sua soropositividade para o HIV, um percurso marcado por medos, incertezas, segredos, solidão, descobertas, encontros. Outra indicação é o livro Amora (Ed. Dublinense, 2016), da escritora gaúcha Natália Borges Polessa, o qual reúne histórias que giram em torno de relacionamentos lésbicos, tema bem menos visibilizado que a homossexualidade masculina.

Essas são apenas algumas indicações entre as muitas que existem e que nos ajudam a conhecer mais densamente a temática LGBT+ e a vencer o estranhamento que o tema pode, a princípio, suscitar. Que tal mergulharmos nesse universo?

(*) Sou muito grata às indicações feitas por Amiel, Inácio Saldanha, Milton Ribeiro e Pamela Alves.

  Telma Amaral Gonçalves – doutora em Antropologia, professora da Faculdade de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS/IFCH) e pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Eneida de Moraes (GEPEM). Desenvolve estudos no campo das relações de gênero, relações amorosas, conjugalidades e sexualidades. E-mail: telmaral@ufpa.br

Beira do Rio edição 159

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