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Vantagens do manejo do pirarucu

Publicado: Quinta, 20 de Outubro de 2022, 19h26 | Última atualização em Quinta, 03 de Novembro de 2022, 16h12 | Acessos: 642

Tese analisou variabilidade genética em intervalo de 10 anos

Corte e venda na Feira do Pirarucu em Tefé (AM)
imagem sem descrição.

 Da redação Foto Acervo da pesquisa

O pirarucu (Arapaima gigas) passou por um período de intensa exploração na Amazônia, o que causou drástica redução populacional da espécie. Visando à recuperação da população natural e à manutenção da pesca, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi pioneira no manejo participativo, por meio do qual são retirados da área explorada, no máximo, 30% dos peixes adultos.

Em sua pesquisa de doutoramento, a bióloga Fabrícia Nogueira da Penha avaliou a variabilidade genética da população de pirarucu após uma década da pesca manejada. O estudo teve como objetivo ampliar o conhecimento acerca da estrutura populacional dos pirarucus que habitam o Baixo Amazonas e o Baixo Tocantins.

A tese Contribuições para a conservação do Piracuru: genética de populações no leste da Amazônia e avaliação do manejo participativo foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental (PPBA), Campus Bragança/UFPA, orientada pela professora Juliana Araripe.

Por meio da pesca manejada, as pesquisas ocorreram na Reserva Biológica do Lago Piratuba (Rebio), no extremo leste do Amapá, e na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), no Amazonas. “Análises semelhantes foram feitas no Baixo Amazonas (Santarém e Prainha), no Arquipélago do Marajó (Ilha de Mexiana) e no Baixo Tocantins (Tucuruí e Itupiranga), pontos de coleta que não são reservas e, portanto, onde não há manejo da pesca”, explica a pesquisadora.

O estudo avaliou a variação genética de fragmentos do genoma mitocondrial e nuclear dos peixes. Os procedimentos realizados incluíram a extração do DNA, a amplificação das regiões alvo do DNA usando a PCR (reação em cadeia da polimerase) e a análise dos bancos de dados utilizando programas específicos (como o GeneMapper v. 4.0, para a identificação de alelos, e o Structure v. 2.3.4, para analisar a estrutura genética). As amostras analisadas foram obtidas de acordo com os requisitos da legislação Ambiental Brasileira e foram obtidas de exemplares capturados pela pesca artesanal. Foram coletadas amostras de tecido muscular de mais de 200 espécimes. 

Foram identificadas três populações no leste da Amazônia

O monitoramento genético de populações é realizado com a verificação dos níveis de diversidade genética, da descrição dos padrões de estrutura populacional e identificação dos níveis de endocruzamento (acasalamento de indivíduos que são geneticamente próximos), além da resolução de incertezas taxonômicas e da tentativa de delimitar unidades de manejo.

Este estudo permitiu verificar a existência de três populações dos peixes no leste da Amazônia, denominadas de população Baixo Amazonas–Marajó, população Lago Piratuba e população Baixo Tocantins, onde a exclusividade e a frequência dos haplótipos e alelos (presentes nos genes da espécie) estabelecem a diferença entre as populações, apontando diferentes níveis de diversidade genética e ausência de fluxo gênico (que acontece por meio do endocruzamento) significativo.

O resultado da comparação entre as coletas nas reservas e nos outros pontos de pesca apresenta uma redução drástica no tamanho das populações. Fenômeno identificado como “efeito de gargalo”, um evento evolucionário, no qual uma percentagem significativa da população de uma espécie morre ou é impedida de se reproduzir.

“Identificamos esse efeito nas populações analisadas e descrevemos isso como ‘redução populacional’. Não temos como determinar sua causa, mas a pesca sem manejo pode, sim, ter contribuído para isso”, explica Fabrícia da Penha.

Quanto à diversidade genética, o estudo verificou que o nível de diversidade está sendo mantido em todas as populações de pirarucu, questão de suma relevância para a pesquisa, visto que a perda da diversidade genética reduz a habilidade das populações de se adaptarem às mudanças ambientais.

“Gostaria de ressaltar a importância da consolidação de estratégias de manejo na região do Baixo Amazonas e do Baixo Tocantins, tendo em vista a efetividade, tanto para a manutenção da diversidade genética quanto para a recuperação das populações de pirarucu”, conclui a bióloga.

Beira do Rio edição 164

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