Tecnologia e sustentabilidade
Projeto aplica tecnologias de automação residencial de baixo custo
Por Flávia Rocha Foto Acervo da Pesquisa
O lixo eletrônico, quando descartado de forma inadequada, pode trazer diversas consequências negativas ao meio ambiente. Muitos equipamentos são produzidos com elementos como chumbo e mercúrio, que possuem capacidade para atingir as águas subterrâneas do ambiente, contaminando-as. Uma saída para o problema é a reciclagem e a reutilização do lixo eletrônico, e-lixo.
Dessa forma, a Faculdade de Engenharia Elétrica do Campus de Tucuruí criou o Projeto de Extensão Domótica, que visa reciclar componentes eletrônicos para o desenvolvimento de protótipos didáticos. “É comum uma quantidade considerável de discentes dos quatro blocos iniciais encontrar-se desmotivada, o que contribui para o baixo desempenho nas disciplinas e para a evasão. O projeto contribui para a qualidade do ensino e a diminuição dessa evasão”, afirma o coordenador Jefferson Costa.
Os equipamentos usados são de pequeno porte, como carregadores de celular, aparelhos rotativos (liquidificadores e furadeiras) e placa-mãe de computador. Após a coleta, realiza-se a análise da integridade e a retirada dos componentes eletrônicos que podem ser reutilizados nos protótipos didáticos, como resistores, capacitores, transformadores, entre outros. “Esses protótipos têm em comum a base em uma plataforma microprocessada de baixo custo como o Arduino, que apresenta desenvolvimento em código aberto e proposta simplificada de prototipagem”, explica o professor.
O recolhimento das peças se dá com a campanha Coleta de Lixo Eletrônico, desenvolvida pelo projeto. “Em seguida, seminários semanais são realizados com toda a equipe para discutir a construção dos protótipos e os temas aplicados a realizações específicas de cada um deles. Assim, temos maior integração técnica entre as atividades de desenvolvimento e motivação para vencer as etapas planejadas”, avalia Jefferson Costa.
Entre os modelos desenvolvidos pelos alunos, estão bancada de automação residencial, que conta com o acionamento remoto por comando de voz e botões em um aplicativo Android; garra robótica; protótipo de robô autônomo bioinspirado em uma aranha que desvia de obstáculos utilizando sensor ultrassônico; trava eletrônica com controle de acesso por senha numérica. Esta foi instalada na sala do laboratório que abriga o projeto. Essas criações renderam ao projeto o prêmio de Melhor Protótipo de Tecnologia, no II Congresso de Tecnologia e Desenvolvimento na Amazônia (CTDA 2018), realizado em Tucuruí.
Atividades motivam os alunos para novas demandas
O coordenador explica que o Projeto Domótica procura incentivar o interesse pelo assunto fora da universidade. Os quatro protótipos desenvolvidos foram apresentados na II Feira das Profissões em Tucuruí, realizada pela UFPA, pela UEPA e pelo IFPA. Integrantes do projeto fizeram uma série de palestras sobre robótica de baixo custo em escolas da cidade. Outra atividade desenvolvida foi a oficina sobre Arduino para alunos de Engenharia Elétrica da UFPA e do nível médio/técnico do IFPA/Tucuruí.
“Uma crítica recorrente no curso de Engenharia Elétrica tem sido a falta de atividades que associem a teoria vista em sala de aula à prática de funcionamento dos equipamentos e sistemas. Além disso, devido à rigidez da matriz curricular e às poucas atividades de extensão, a formação dos discentes não apresentava atualização com os problemas contemporâneos da sociedade. O Projeto Domótica pode solucionar essas carências”, acredita Jefferson Costa.
O professor revela que os participantes das atividades promovidas pelo projeto, 50% dos ingressantes de 2019, relataram melhora na motivação em continuar no curso, além do grande interesse em participar do projeto ou ainda realizar outras atividades práticas similares.
Além disso, a ação de coleta de lixo eletrônico é uma alternativa sustentável e ecologicamente correta para a construção dos protótipos didáticos, uma vez que os recursos naturais utilizados para a fabricação desses componentes são limitados. Outro agravante é que materiais eletrônicos demoram a entrar em estado de decomposição e são prejudiciais ao meio ambiente. “Assim, buscamos fortalecer a consciência ambiental para que mais pessoas percebam que atitudes que parecem pequenas trazem inúmeros benefícios para a natureza e para a ciência”, conclui Jefferson Costa.
Ed.154 - Abril e Maio de 2020
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