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Opinião

Publicado: Quinta, 30 de Julho de 2020, 15h59 | Última atualização em Quinta, 30 de Julho de 2020, 16h52 | Acessos: 1538

UFPA Campus Breves: 30 anos de história 

Por Carlos Élvio das Neves Paes e Etiene Lobato Leite Fotos Acervo Pessoal

Nos trinta anos de história da Universidade Federal do Pará (UFPA) no Marajó, as datas cintilam sua trajetória em Breves. Aí, ela foi singularizada por “marcos, alto-relevos no bronze dos tempos, pedras de um caminho árduo” — diria Bosi; por colunas de aquariquara sobre o relevo onde se ergueu o campus — diríamos nós. É uma história de travessia — de estudantes/professoras e professores —, questionamentos, reivindicações e conquistas. Contar o que aconteceu exige uma cronologia dos fatos. O ato de narrar, segundo Bosi, paga tributo ao deus Cronos. Vamos além: o ato de narrar é tributário também de Mnemosine. É a interseção do tempo cronológico e da memória, dos “lugares de memória”, que permite, com base na linearidade da história factual, problematizar o tempo, as datas, o texto e o contexto.

Anos 1980: aspiração e reivindicação

Em 1986, por meio do Projeto de Interiorização, a UFPA criou os campi de Abaetetuba, Altamira, Bragança, Cametá, Castanhal, Marabá, Santarém e Soure. Em 1987, brevenses foram ser universitários em Soure. Chegar lá, levava quase vinte horas, entre rios e baías. Saíam de Breves para, em Soure, passar “os meses (janeiro, fevereiro, julho e agosto) trabalhando duro”, tirando “caranguejo no manguezal”, pescando: tudo para ajudar no sustento. Diria o ex-reitor Nilson Pinto, “o esforço desses pioneiros é uma coisa indescritível”.

Em 1988, o professor Ricardo Barros assume a coordenação do Campus de Soure tendo que enfrentar a pressão dos alunos de Breves que ecoava na UFPA. Questionavam por que o campus era em Soure e não em Breves, pois Belém geograficamente estava mais distante, assim como chegar a Soure, do outro lado da ilha, era muito mais difícil.

Em 12 de março de 1989, o professor José Ubiratan Rosário publicou texto em A Província do Pará. Expôs a disputa por um campus em Breves e evidenciou distinções geográficas (naturais e culturais). Dada a distância entre um lado e outro, constatou: “já emerge um sentimento de conscientização que pretende agitar culturalmente a região... Breves tem esperanças de ver atendida essa pretensão justa”.

Anos 1990: primeiras conquistas

Ricardo Barros, professor e coordenador em Soure, tentou mediar a demanda. Após conhecer os extremos da outrora Joanes, conseguiu formalizar a flexibilização de uma turma (para 1990) no colegiado do curso de História da UFPA. Essa primeira turma, intervalar, iniciou a “aventura da universidade” em Breves. Logo vieram turmas intervalares de Geografia, Matemática e Letras.

Em 1995, formou-se a primeira turma regular de Pedagogia. “Era necessário dar mais um passo firme e decisivo na implantação definitiva do curso nos diferentes campi, não só para melhorar a qualidade do ensino, mas também para dotar os municípios de pedagogos que poderão atuar nas mais diferentes funções do setor público” — diria Ana Tancredi, então diretora do Colegiado de Pedagogia do Centro de Educação. A graduação permanente em Pedagogia sedimentou as ações da UFPA.

Em outubro de 1994, O Povo Marajoara publicou esta manchete: “Universidade: é a vez do Marajó”. Anunciava a construção do núcleo universitário e a mobilização da população local e vizinha promovida por uma comissão de alunos, ex-alunos e outros em prol da construção da estrutura física do núcleo. Para arrecadar fundos, a comissão se valeu de venda de camisetas, “rifa”, pedágios urbanos... o slogan era “Agir para construir.”

Anos 2000: consolidação

A partir de 2004, o núcleo recebeu seus primeiros servidores concursados, entre técnicos-administrativos e docentes. Em 2006, a aprovação do Estatuto da UFPA institucionalizou o Campus de Breves. Seria um (re)nascimento, fortalecido já em 2007, pela expansão e reestruturação das universidades federais (Reuni).

Ano de 2020: resistência

A interiorização da UFPA e a campanha pró-núcleo em Breves suscitam um entendimento histórico-reflexivo das mobilizações atuais pró-universidade, do envolvimento da comunidade acadêmica e da sociedade em geral com a proposta de universidade para o Marajó. Afinal, em Breves, a UFPA é fruto de reivindicações. Nestes tempos de vozes anticiência, antiuniversidade e antidiversidade, é preciso salientar, ainda mais, a universidade como luz, farol, de ontem, hoje e amanhã, a quem teima em agir para construir. Vivas à UFPA, ao Campus Breves e ao curso de Pedagogia nesta existência de decênios!

Carlos Élvio das Neves Paes - Pedagogo, especialista em Gestão de Sistemas e Unidades Educacionais, mestre em Educação, doutor em Sociologia e Antropologia. Docente da Faculdade de Educação e Ciências Humanas do Campus Marajó Breves. E-mail: carlos@ufpa.br

Etiene Lobato Leite - Pedagoga, mestra em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia. Técnico-administrativa do Campus Marajó Breves. E-mail: etiene@ufpa.br

Ed.155 - Jun/Jul/Ago de 2020

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