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UFPA: entre as melhores do mundo

Publicado: Sexta, 11 de Dezembro de 2020, 15h28 | Última atualização em Terça, 02 de Fevereiro de 2021, 20h15 | Acessos: 4132

Protagonismo na educação superior e integração com a região garantem visibilidade internacional 

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Por Walter Pinto Foto Alexandre de Moraes

Em recente reunião com jornalistas, o reitor Emmanuel Zagury Tourinho disse que eles já podem citar a Universidade Federal do Pará não apenas como a maior universidade do Norte, mas também como uma das maiores e mais importantes do Brasil e uma das maiores e melhores universidades do mundo. O reitor faz referência ao mais importante ranking internacional de universidades, feito pela Revista inglesa Times Higher Education, afiliada ao Jornal The Times, no qual a UFPA foi incluída entre as melhores universidades do mundo.

Reeleito para um segundo mandato com os votos de 92,7% de estudantes, professores e técnicos administrativos, Emmanuel Tourinho sabe dos desafios que terá pela frente, diante das restrições impostas pela crise fiscal e pela falta de prioridade da Educação e da Ciência nos orçamentos públicos. Mas essas restrições, já existentes no seu primeiro mandato, não impediram que a Universidade abrisse novos cursos de graduação e de pós-graduação, incrementasse sua produção científica, crescesse no âmbito da assistência ao estudante, se desenvolvesse como instituição multicampi, entre outras conquistas.

Nesta entrevista, o reitor eleito e nomeado para o próximo quadriênio faz um balanço dos avanços, aponta os caminhos para superação dos embaraços, assegura a universidade como lugar da pluralidade de ideias e de liberdade de pensamento e afirma a determinação de tratar políticas afirmativas como uma prioridade institucional.

Quais os principais avanços da UFPA no seu primeiro mandato de reitor?

Tivemos avanços acadêmicos e no campo das relações com a sociedade, duas das principais referências para o nosso trabalho na gestão na UFPA. Queremos uma universidade melhor e mais integrada à realidade social da Amazônia.

Apesar da crise enfrentada, abrimos 29 novos cursos de mestrado e doutorado e seis novos cursos de graduação. Passamos a figurar como uma das dez instituições com maior participação no Sistema Nacional de Pós-Graduação e fomos incluídos no Times Higher Education (THE), o principal ranking internacional, como uma das melhores universidades do mundo. No ranking de contribuições para o desenvolvimento sustentável, do mesmo THE, ficamos entre as trezentas melhores instituições do mundo. Nossa produção científica internacional aumentou 30% nos três primeiros anos (ainda não há o dado de 2020), e o impacto dessa produção na ciência mundial, medido por citações nas melhores revistas, cresceu 50%. Aprovamos a flexibilização curricular para os cursos de graduação, de modo a incrementar a formação interdisciplinar. Reestruturamos mais de trezentos laboratórios de ensino por meio do programa LabInfra, no qual investimos quase R$ 20 milhões, estimulando a transformação dos projetos pedagógicos para favorecer a interação dos/das discentes com problemas concretos. Criamos o polo da UFPA|Mercedários, uma nova frente de atuação da UFPA nas áreas de cultura e conservação do patrimônio histórico e arquitetônico da região. Fortalecemos o Projeto Multicampi, com a abertura de novos cursos de graduação e de pós-graduação nos campi do interior, com o Projeto Multicampi Artes, com o Programa de Extensão Inclusiva Avançada (Proexia) e com o LabInfra. Avançamos com as políticas de inclusão e permanência com a criação da Superintendência de Assistência Estudantil (Saest) e da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (ADIS). Aumentamos o investimento em Auxílio Permanência para discentes em vulnerabilidade socioeconômica. Construímos, reformamos ou ampliamos Casas dos Estudantes em Altamira, Belém, Breves e Cametá. Criamos o Processo Seletivo Especial (PSE) para estrangeiros em vulnerabilidade socioeconômica. Criamos a segunda opção no PSE Indígenas e Quilombolas, aumentando substancialmente o número de ingressantes. Criamos o Programa de Mobilidade Ações Afirmativas (Mobaf), para favorecer a permanência dos ingressantes pelos PSEs. Criamos, na Saest, a Coordenadoria de Acessibilidade e passamos a dar uma atenção inédita aos/às discentes com deficiência. Estabelecemos novas parcerias com organizações diversas da sociedade, comprometidas com a promoção da cidadania e com o desenvolvimento social e econômico.

Quais são suas propostas para enfrentar a crise das Universidades Públicas Federais?

Penso que é importante destacar que as Universidades Públicas Federais não estão em crise. Ao contrário, são um enorme sucesso sob todos os pontos de vista. São referência de qualidade na educação superior no país, produzem grande parte da ciência nacional e ajudam a sociedade a enfrentar problemas, os mais diversos. Pela qualidade de sua atuação, estão entre os entes públicos com maior respeito por parte da sociedade. Agora, é verdade que há uma crise fiscal no país e uma falta de priorização da Educação e da Ciência nos orçamentos públicos, criando sérias dificuldades para as Universidades Federais. Temos lidado com essas restrições buscando o diálogo com potenciais parceiros, entre os quais destaco a Bancada Parlamentar do Pará, no Congresso Nacional, que tem destinado emendas ao orçamento que nos ajudam a resolver muitos problemas.

Como defender a autonomia universitária das recentes intervenções do MEC e do governo federal?

Mobilizando a comunidade universitária e a sociedade em geral, esclarecendo o que significa autonomia e por que ela é indispensável ao bom funcionamento das instituições. As universidades brasileiras são muito recentes, e uma parcela muito pequena da sociedade já teve a oportunidade de conhecê-las por dentro. Precisamos mostrar à população que a pluralidade de ideias e a liberdade de pensamento necessárias ao bom funcionamento das universidades, em especial para desenvolver soluções para os nossos problemas, dependem do respeito à sua autonomia. Quando entes externos intervêm na universidade, toda a sociedade sai perdendo, e investimentos de longo prazo são comprometidos.

As políticas afirmativas estão sofrendo um duro ataque neste momento. Há um risco real de retrocesso no âmbito das Universidades Federais, setor da sociedade civil em que elas efetivamente mais se desenvolveram?

O Brasil é um país dos mais desiguais do mundo e onde artifícios diversos são cotidianamente empregados para manter ou acentuar a desigualdade, a discriminação e a exclusão. As Universidades Federais têm procurado enfrentar isso com políticas de ação afirmativa que apenas começam a dar resultados. Precisam ser mantidas e fortalecidas. As limitações orçamentárias podem nos criar embaraços, mas nossa determinação é de tratar aquelas políticas como uma prioridade institucional.

A pandemia causada pelo novo coronavírus vem sendo um desafio para a área da educação, cuja relação é essencialmente presencial. No âmbito da UFPA, como esse desafio vem sendo enfrentado?

Esse é um problema inédito e complexo, diante do qual estamos aprendendo e desenvolvendo soluções que ainda precisam ser aprimoradas. Não temos respostas prontas. Não é aceitável o afastamento completo dos/das discentes da universidade, pois isso acentua a desigualdade (o processo formativo de quem tem recursos continua, enquanto os/as discentes em vulnerabilidade ficam sem qualquer atividade). A adoção do Ensino Remoto Emergencial é uma tentativa de trazer os/as discentes, sobretudo os/as que mais precisam da Universidade Pública, de volta ao seu processo formativo. Estamos tendo algum sucesso, graças ao programa que criamos de inclusão digital, porém ainda precisamos chegar a muitas(os) discentes. Construímos esse processo com um diálogo intenso, mas sabemos que são necessários avanços.

A Amazônia tornou-se foco das atenções do mundo em função das agressões ao ambiente. Como as Universidades Públicas Amazônicas podem atuar para se tornarem interlocutoras ativas desse processo?

As Universidades Públicas na Amazônia estão entre os principais agentes de promoção da conservação do meio ambiente e do respeito aos povos tradicionais da região. Mas têm pouca visibilidade fora do país. Precisamos investir na divulgação do trabalho aqui realizado e no estabelecimento de relações com entidades diversas, mundo afora, que se interessam pela Amazônia.

Beira do Rio edição 157

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