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Entrevista - Especial Liberdade de Imprensa

Publicado: Quarta, 12 de Maio de 2021, 17h11 | Última atualização em Quarta, 12 de Maio de 2021, 18h54 | Acessos: 1111

 Comunicadores em estado de alerta

imagem sem descrição.

Por Rosyane Rodrigues Ilustração CMP

Um olho nas ações de combate à desinformação e outro nas milícias que promovem ataques virtuais ou físicos. É assim que os profissionais comprometidos com a informação têm atuado no Brasil. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), somos o 6º país mais perigoso para jornalistas. Já no ranking de liberdade de imprensa da Organização Repórter sem Fronteira, referente a 2020, o Brasil ocupa a 111ª colocação, o que significa “zona vermelha” para o exercício da profissão.

Com a pandemia da Covid-19, o cenário ficou ainda mais desfavorável. Nos três primeiros meses de 2021, 86 jornalistas foram mortos pelo coronavírus, superando todo o ano passado, que registrou 78 mortes. Não é exagero dizer que se trabalha em campo minado. Mas, desde o ano passado, a jornalista Ana Regina Rego reuniu coletivos, instituições, portais jornalísticos, observatórios, jornalismo de verificação, organizações não governamentais, entre outros, para atuarem de forma colaborativa, combatendo o vírus, a falta de informações e a disseminação de fake News.

Hoje 112 parceiros compõem a Rede Nacional de Combate à desinformação (RNCd Brasil). Entre eles, está o Jornal Beira do Rio, veículo de divulgação científica da UFPA. Nesta entrevista exclusiva, Ana Regina Rego afirma que essa atuação envolvendo diversos ambientes, temáticas e públicos potencializa o alcance e os resultados das ações da Rede.

Beira do Rio - Como surgiu a RNCd Brasil e qual o seu propósito?

Ana Regina Rego - A Rede Nacional de Combate à desinformação nasceu como ideia dentro das inquietações do meu projeto de pós-doutorado na Escola de Comunicação da UFRJ, isso em 2019.  Naquele ano, inserimos a ideia de criação da RNCd em nosso projeto para o CNPq, o que terminou não sendo contemplado, mas abriu o caminho para a criação posterior da Rede, em 2020, quando, inicialmente, entrei como voluntária no Projeto Mandacaru, que era vinculado ao Comitê Nordeste de Combate à Covid-19, no qual tentei criar uma rede nacional de monitoramento e checagem, contudo, pela própria dinâmica do Mandacaru, não obtive êxito e resolvi retornar ao meu campo da comunicação, em que já atuamos em diversas redes, e convocar pesquisadores e amigos para a formação de uma frente que pudesse unir projetos e instituições no combate ao fenômeno da desinformação.

O propósito da RNCd é este mesmo, compor uma frente sinérgica com projetos, coletivos, grupos de pesquisa, instituições, museus, portais jornalísticos, jornalismo de verificação, observatórios, laboratórios, organizações não governamentais etc., que, de alguma forma, já trabalhassem em prol de uma informação voltada para o conhecimento e, portanto, que estivessem alinhados conosco contra a desinformação.

Beira do Rio - Quantos parceiros a RNCd possui até o momento?

Ana Regina Rego Lançamos a RNCd em 24 de setembro de 2020, com 33 parceiros, hoje, passados sete meses, somos 112 parceiros.

Beira do Rio - Como você avalia a importância desse tipo de ação diante de um tempo marcado pela disseminação de fake news?

Ana Regina Rego – Avalio como de máxima importância cada iniciativa, cada parceiro da nossa rede, visto que atuam em ambientes diversos, enfocando temáticas diversas e voltados para distintos públicos e, quando reunidos em uma rede empática e sinérgica, terminam por potencializar o seu alcance e os seus resultados no combate à desinformação.

De algum modo, estamos conseguindo, aos poucos, furar as bolhas da desinformação que circulam potencialmente pelas redes sociais e pelos aplicativos de mensagem. Volta e meia, recebemos, nos grupos de família, amigos, igrejas, algum vídeo ou áudio produzido pelos nossos parceiros de Divulgação Científica ou de fact-checking. Um grande e bom exemplo foi a campanha em prol da vacina, #todospelavacina, lançada por alguns parceiros da RNCd, em janeiro, e terminou tendo um alcance excelente.

Beira do Rio - Qual tem sido o papel da rede neste segundo ano de pandemia do coronavírus?

Ana Regina Rego – Neste segundo ano de pandemia, a RNCd, através de muitos de seus parceiros, sobretudo de jornalismo de verificação, de comunicação educativa e de divulgação científica, tem tido atuação constante no esclarecimento de dúvidas sobre vacinas, assim como na desmistificação das narrativas falsas e imprecisas que circulam tentando descredibilizar a eficácia da vacinação. Por outro lado, continuamos firmes na defesa das medidas de distanciamento e do uso de máscaras.

Para além disso, cada parceiro tem um escopo de atuação e procuramos trabalhar em prol do conhecimento em todas as áreas em que surgem narrativas desinformacionais.

Beira do Rio - De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Brasil é o 6º país mais perigoso do mundo para profissionais de comunicação. De que maneira os associados têm vivenciado essa violência?

Ana Regina Rego – É, de fato, um cenário triste e pesado para se trabalhar uma informação voltada para a difusão do conhecimento junto ao público. Há, em nosso país, ameaças de diversas naturezas, inclusive, temos elevado número de mortes por Covid-19 entre jornalistas brasileiros. Entretanto, no que concerne a processos de perseguição e violência, tanto a própria plataforma da RNCd foi retirada do ar em janeiro de 2021, por ação de hackers, como nossos parceiros (um de fact-checking, uma grande agência de notícias e um de divulgação científica) também já sofreram com ataque das “milícias digitais”, colocando em risco todo o trabalho desenvolvido. Estamos atuando sempre em estado de alerta e com receio de algum ataque virtual ou físico.

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Para saber mais sobre a Rede, acesse o link https://rncd.org/ 

Beira do Rio edição 158

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