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Meninas na Ciência

Publicado: Sexta, 18 de Fevereiro de 2022, 13h59 | Última atualização em Sexta, 25 de Fevereiro de 2022, 17h18 | Acessos: 1396

Gel de açaí é aplicado em tratamento de lesão musculoesquelética

#ParaTodosVerem:Fotografia mostra uma mulher branca, jovem, de cabelos castanhos encaracolados, de comprimento médio. Ela usa máscara de proteção e veste um jaleco branco. Está sentada, apoiando os braços sobre a mesa. À sua direita, é possível ver um microscópio. Ao fundo, um quadro branco mostra anotações e gráficos.
#ParaTodosVerem:Fotografia mostra uma mulher branca, jovem, de cabelos castanhos encaracolados, de comprimento médio. Ela usa máscara de proteção e veste um jaleco branco. Está sentada, apoiando os braços sobre a mesa. À sua direita, é possível ver um microscópio. Ao fundo, um quadro branco mostra anotações e gráficos.

Por Antonia Ribeiro, especial para o Beira do Rio Foto Alexandre de Moraes 

Não é de hoje que o açaí, fruto típico da Região Norte, vem sendo amplamente explorado não apenas pela culinária, mas também pela indústria. Usado na produção de cosméticos a energéticos, o fruto regional demonstra qualidades e potenciais em diversas utilizações. 

Entre os usos inovadores da Euterpe oleracea, nome científico do açaí, está o apresentado na pesquisa realizada pela estudante de Graduação em Fisioterapia (FFTO/ICS) e bolsista Pibic Marcela Monteiro. O estudo pretende desenvolver um gel com extrato de açaí para uso tópico em tratamento de uma lesão musculoesquelética, a Tendinopatia do Calcâneo. Marcela quer observar se, após a lesão, os sintomas inflamatórios, em nível funcional e histológico, são atenuados com o uso desse gel. "Nosso objetivo maior é analisar se é possível utilizar esse extrato de forma eficaz, frente ao que já é comercialmente utilizado, como os anti-inflamatórios não esteroidais, que são fármacos que apresentam adicionalmente efeitos colaterais", explica a bolsista.

Orientada pela professora Suellen Moraes, a pesquisa Aspectos histológicos e morfológicos do tratamento tópico com Euterpe oleracea no reparo tendíneo calcâneo em modelo murinho foi desenvolvida com um modelo experimental em ratos, que é amplamente utilizado na literatura internacional. No Laboratório de Neurofarmacologia Experimental, três grupos foram testados: o primeiro grupo não possuía lesão nenhuma; o segundo possuía lesão e foi tratado com o gel de açaí; e o terceiro, que também apresentava lesão, foi tratado com gel, porém sem nenhum composto adicional.

Os animais passaram pela intervenção e pelo monitoramento de modo que, após sete dias, o tecido foi analisado quanto aos seus aspectos histológicos, por meio de técnicas de histoquímica. Todos os dados coletados foram analisados por dois avaliadores "cegos". 

Fruto já apresentava resultados promissores

O açaí foi escolhido, segundo Marcela Monteiro, pelo fato de outros pesquisadores do mesmo projeto já possuírem resultados promissores sobre a utilização desse produto natural, mesmo utilizando outras vias de administração e outros modelos experimentais. Além disso, tipos de extrato e concentrações específicas do açaí vêm tendo seus efeitos anti-inflamatórios, antioxidativos e antinociceptivos evidenciados na Medicina em virtude, principalmente, da atividade biológica dos flavonoides presentes nos frutos.

"A vantagem da utilização do gel de açaí está na aplicação diretamente no local da lesão e na capacidade de absorção rápida, minimizando os efeitos colaterais sistêmicos de fármacos. Além disso, é um produto natural, de fácil manipulação e sem necessidade de métodos invasivos para o tratamento devido à sua aplicação tópica", avalia Marcela. Para a estudante, a inovação da pesquisa está na proposta de apresentação de um produto natural, já amplamente conhecido, como o açaí, em forma de gel, para a aplicação tópica em tratamento de lesões musculoesqueléticas. 

Sobre os resultados já disponíveis, Marcela relata que ocorreu melhora no padrão de orientação e organização das células do tecido cutâneo no grupo tratado com o gel de açaí. Os pesquisadores perceberam também que o tratamento promoveu diminuição do escore histológico utilizado como indicativo da gravidade da lesão no grupo tratado com o gel, em relação aos demais grupos, ou seja, esse grupo foi melhor, do ponto de vista histológico. 

Na análise do número de células no tecido, o grupo tratado com gel de açaí teve um aumento no número de células, entretanto mais experimentos são necessários para interpretar melhor esse resultado. De acordo com Marcela Monteiro, os próximos passos do grupo de pesquisa são testar diferentes concentrações de gel, realizar testes de funcionalidade voltados para a locomoção do animal e ampliar as análises para a fase crônica da tendinopatia. 

Sobre a Marcela: Tem 19 anos, é aluna do curso de Fisioterapia. Um dos seus maiores objetivos é estudar no exterior. Quando não está pesquisando, gosta de ir à igreja, estar com os amigos e a família e, claro, ficar conectada nas redes sociais. “’Vá atrás do sim, porque o não você já tem’! Meus pais me disseram em diversos momentos, quando não confiei em mim ou não me achei suficiente. É muito importante não ter medo de buscar oportunidades para começar a realizar seu sonho, e, se não existirem oportunidades, crie as suas próprias”, encoraja quem quer começar.

Sobre a pesquisa: Este estudo foi apresentado no XXXII Seminário de Iniciação Científica da UFPA, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), e agraciado com o Prêmio Horácio Schneider Destaque na Iniciação Científica da UFPA (edição 2021). Orientação: professora Suellen Alessandra Soares de Moraes (Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO/ICS). Financiamento: Pibic/UFPA

Beira do Rio edição 161

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