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Mulheres na Ciência

Publicado: Quinta, 31 de Março de 2022, 19h18 | Última atualização em Quinta, 31 de Março de 2022, 19h18 | Acessos: 1055

Mudanças nas paisagens naturais afetam imunidade de anfíbios

Por Antonia Ribeiro, especial para o Beira do Rio Foto Acervo Pessoal

Com o passar do tempo, o meio ambiente vai sendo transformado pelo ser humano, e as paisagens são modificadas. Dessa forma, as mesmas espécies podem apresentar características distintas devido às diferenças entre áreas mais e menos preservadas. Com o objetivo de compreender como as mudanças nas paisagens naturais influenciam o microbioma da pele e o sistema imune dos anfíbios do Cerrado, a doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zoologia (PPGZOOL), do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, Camila Fernanda Moser está desenvolvendo a pesquisa intitulada Microbioma dos anfíbios do Cerrado - O efeito da agricultura na comunidade de microrganismos simbióticos que influenciam as interações hospedeiro-patógeno.

Segundo a pesquisadora, na superfície da pele dos anfíbios, existe um conjunto de microrganismos chamado de microbioma. Este tem função essencial no sistema imune dos anfíbios e pode ser peça-chave contra a infecção pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd). Esse fungo, também conhecido como quitrídio, infecta os anfíbios através da sua pele permeável, causando a quitridiomicose, uma doença que diminui as defesas naturais e a imunidade, podendo causar a morte, em massa, desses animais.

A pesquisa foi aprovada para receber o financiamento do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e, segundo a pesquisadora, o apoio financeiro foi fundamental, pois, com ele, será possível fazer mais expedições e análises para o projeto, deixando o estudo mais robusto. "Faremos expedições em várias localidades do Cerrado, no estado de Goiás, tentando cobrir áreas mais e menos preservadas", conta Camila.

Coleta no Cerrado brasileiro e análise nos Estados Unidos

Sobre a coleta de amostras do microbioma dos anfíbios para a pesquisa, Camila Fernanda Moser explica: "Iremos passar um swab estéril (parecido com um cotonete) no ventre e coxas dos animais. Após isso, eles serão soltos onde foram coletados e as amostras serão guardadas no freezer até a análise dos dados, que será feita nos Estados Unidos".

De acordo com a doutoranda, a pesquisa é importante, pois fornecerá uma lista com as espécies de microrganismos presentes no microbioma dos anfíbios, além de avaliar se, no Cerrado, os anfíbios possuem uma taxa alta de infecção pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd) e se isso tem relação com as mudanças nas paisagens naturais.

"As informações sobre infecção por Bd no Cerrado são muito escassas, praticamente nulas. Dessa forma, iremos trazer informações inéditas sobre esse assunto para esse Bioma", afirma Camila Moser.

Atualmente, a pesquisa está em fase de coleta de dados. Além de descrever quais microrganismos estão presentes na pele dos anfíbios, a pesquisadora vai também cultivá-los em laboratório para entender quais microrganismos produzem substâncias (metabólitos) que podem inibir a infecção pelo fungo quitrídio. Os resultados devem ser publicados em, no mínimo, dois artigos científicos.

Beira do Rio edição 162

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