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O Lado Histórico da Força

Publicado: Terça, 03 de Maio de 2022, 21h01 | Última atualização em Sexta, 06 de Maio de 2022, 16h20 | Acessos: 1316

Pesquisa promove diálogo entre Cinema e História

A imagem mostra uma cena de Star Wars e um painel com opiniões dos estudantes sobre as questões abordadas no filme
#ParaTodosVerem: À esquerda, a imagem mostra uma cena do filme Star Wars na qual aparece o Exército da Primeira Ordem. À direita, é possível ver três folhas de cartolina: uma anuncia a sessão de Star Wars no Cine-História e as outras duas trazem adesivos com as opiniões dos estudantes sobre o filme.
#ParaTodosVerem: À esquerda, a imagem mostra uma cena do filme Star Wars na qual aparece o Exército da Primeira Ordem. À direita, é possível ver três folhas de cartolina: uma anuncia a sessão de Star Wars no Cine-História e as outras duas trazem adesivos com as opiniões dos estudantes sobre o filme.

Por Leandra Souza Foto Acervo da Pesquisa

Muitos professores inovam suas metodologias para tornarem as aulas mais atraentes e compreensíveis. Alguns fazem uso de filmes, outros utilizam obras literárias e quadrinhos. Seja como for, os profissionais da Educação se empenham para variar suas técnicas de ensino com algo que ajude o acesso ao conhecimento e aumente o interesse dos alunos pelos conteúdos.

No entanto propor um novo método de ensino requer um estudo aprofundado. Essa não é uma tarefa fácil, demanda cuidado e preparação. Toda essa abordagem foi pensada pelo professor de História Kédson Maciel, em sua dissertação O Lado Histórico da Força: Possibilidades do uso de elementos do universo Star Wars para o debate sobre a crise na democracia e o totalitarismo no ensino fundamental.

Kédson discute as possibilidades de relacionar a ficção com o ensino de História e, com base nessa relação, compreender as ações e as motivações dos personagens descritos nas obras utilizadas, seja um filme, seja um conto, seja uma história em quadrinhos. Dessa maneira, é possível traçar um diálogo mais lúdico entre eventos e conceitos históricos que, muitas vezes, ficam abstratos para os estudantes.

“A pesquisa propõe o debate em sala sobre o nazifascismo e colabora com o entendimento desse conceito de forma crítica, tendo em vista a preocupação que todo professor de História deve ter em repassar um assunto que não seduza os estudantes por revisionismos históricos tão comuns nas redes sociais, um ‘espaço’ em que os jovens passam muito tempo”, afirma Kédson Maciel.

O primeiro passo para introduzir essa nova metodologia em sala de aula foi distribuir um questionário para conhecer o gosto pessoal de cada aluno acerca de filmes e a rotina fora da escola. Com os dados apurados, Kédson deduziu que a melhor forma de inserir uma nova dinâmica educativa seria a exibição de dois filmes da saga Star Wars, os Episódios I e II da trilogia. Tais episódios possibilitam uma analogia com o debate sobre os regimes nazifascistas.

“Inúmeras vezes o estudante entende o que é um genocídio em um filme ou série, mas, quando o professor cita e explica o conceito, de maneira abstrata, o aluno não consegue compreender. Fazer tais analogias pode, portanto, ser uma opção para tornar esse conhecimento mais palpável e, até mesmo, incentivar que essa correlação seja feita pelo próprio estudante, em qualquer outro contexto”, declara o professor.   

Metodologia requer disposição, apoio e recursos

Incluir filmes no conteúdo programático é desafiador. É preciso associar a obra aos conteúdos, ter apoio do corpo docente e dispor dos recursos materiais necessários para a execução das novas técnicas. “Não é difícil receber um olhar desconfiado de professores e coordenadores quando apresentamos um plano de aula que propõe utilizar Mulher Maravilha para discutir a Primeira Guerra Mundial. Infelizmente, há pouca produção científica acerca desse diálogo. É preciso ampliar divulgação de pesquisas com essa temática”, avalia Kédson Maciel.

A cultura pop está presente no cotidiano de jovens e adolescentes na abordagem de diversos temas relevantes. É interessante trabalhar conteúdos de forma mais lúdica, envolvendo a fantasia. Algo que atraia esse público, como os longas-metragens populares, os famosos blockbusters ou os sucessos de bilheteria.

“Esses filmes têm três pontos positivos que devem ser considerados: são conhecidos pelos estudantes, são mais atraentes para o público jovem e complementam um conceito abstrato com sons e imagens, tornando o aprendizado mais palpável”, defende o professor. Além disso, a sua exibição é mais acessível, pois a maioria respeita a classificação etária. Algo que não acontece em produções como Bastardos Inglórios, obra que pode ser relacionada a um período histórico importante, mas é inadequado para alunos do ensino fundamental. De acordo com Kédson Maciel, uma alternativa seria apresentar algumas obras com “cortes”, mas os professores da rede pública não têm recursos nem formação técnica para isso. 

Dia do Star Wars: A saga Star Wars (Guerra nas Estrelas) é admirada e aclamada por fãs de diferentes idades no mundo. Logo nada mais justo do que escolher uma data para homenageá-la. Mas por que 4 de maio? A justificativa é simples: uma das frases mais repetidas durante os filmes é “Que a força esteja com você” (do inglês May the Force be with you). Em português, o trocadilho entre a citação e a data não faz sentido, mas, no inglês, sim. Foneticamente, a expressão poderia parecer May the Fourth be with you, que, traduzida, seria: Que o 4 de maio esteja com você.

A própria Lucasfilms, pertencente à Disney, reconheceu a data, tanto que possui um hotsite especial em sua página apenas com material relacionado ao “Dia de Star Wars''. Lá os fãs encontram textos, vídeos e fotos que ensinam a celebrar a data, seja com a roupa certa, seja com a comida ideal.

Sobre a pesquisa: Kédson Nascimento Maciel defendeu a sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal do Pará (PPGEH/UFPA) do Campus de Ananindeua, sob a orientação do professor Carlos Augusto de Castro Bastos.

Beira do Rio edição 162

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