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Saúde da criança em foco

Publicado: Quinta, 04 de Maio de 2023, 19h36 | Última atualização em Terça, 04 de Julho de 2023, 14h35 | Acessos: 484

Projeto  de extensão envolve quatro institutos e mais de 600 estudantes

#ParaTodosVerem: Imagem colorida mostra três jovens sorrindo, um ao lado do outro, fotografados em frente a uma casa de taipa. O jovem do meio carrega um bebê no colo. Dentro da casa, uma menina aparece na janela.
#ParaTodosVerem: Imagem colorida mostra três jovens sorrindo, um ao lado do outro, fotografados em frente a uma casa de taipa. O jovem do meio carrega um bebê no colo. Dentro da casa, uma menina aparece na janela.

Por: Walter Pinto Foto: Melquíades dos Reis

Iniciado em março de 2019, o Projeto Multicampi Saúde da Criança Paraense na Atenção Básica, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão da UFPA (Proex), apoiado no Termo de Execução Descentralizada firmado entre a Instituição e o Ministério da Saúde, é um dos maiores projetos de extensão voltados à saúde da criança coordenado por uma universidade brasileira. Sua área de atuação perpassa pelos bairros do Distrito D’Água de Belém (Condor, Guamá, Terra Firme, Cremação e Jurunas), Curió-Utinga e Souza, além de mais cinco municípios paraenses (Abaetetuba, Bragança, Cametá, Castanhal e Soure).

Entre os objetivos da iniciativa, está a criação de dispositivos nas unidades básicas dos municípios para a implementação da Caderneta da Criança, um documento importante para acompanhar a saúde, o crescimento e o desenvolvimento da criança, do nascimento até os nove anos. O projeto foca sua atenção à saúde integral da criança, além de garantir atenção à saúde da família e da comunidade.

Para além de proporcionar atendimento com vista à promoção do desenvolvimento da criança de áreas carentes, o projeto busca também efetivar a formação interprofissional em saúde coletiva de professores, estudantes, profissionais de saúde, movimentos sociais e comunidades dos locais em que as ações acontecem. Quatro institutos da UFPA – Ciências da Saúde, Ciências Biológicas, Ciências Sociais e Aplicadas e Ciências Humanas – participam das atividades por meio de professores e discentes dos cursos de Biomedicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Ao todo, 626 discentes já estiveram em ação. As atividades envolvem ainda outros profissionais de saúde responsáveis por acompanhar os discentes diretamente nas Unidades de Saúde. 

Resultados do projeto ganham destaque em publicações digitais 

Em dezembro de 2022, duas publicações trazendo reflexões fundamentadas nas experiências dos participantes do projeto foram disponibilizadas em plataformas digitais. A primeira delas é o livro Saúde da criança paraense na atenção básica: articulação entre ensino, pesquisa, serviço e gestão.

Organizado por Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, Roseneide dos Santos Tavares e Luiz Marques Campelo, o livro contém 230 páginas e traz 12 capítulos, que relatam as práticas realizadas pelo Projeto Multicampi Saúde da Criança. Segundo Paulo de Tarso, “a publicação apresenta contribuições relevantes, com propostas exitosas, inovadoras e marcadas pela autonomia no plano da construção de um trabalho de extensão voltado à educação em saúde”.

Os capítulos foram escritos por várias mãos. Ao tratar dos caminhos percorridos e das ações concretizadas, a obra ressalta a produção de conhecimento concebida de uma lógica que leva em consideração as especificidades de cada território e das comunidades atendidas. Para os organizadores, não há dúvidas de que ações desenvolvidas por estudantes de diferentes cursos oportuniza benefício à aprendizagem, ao propor uma reorientação na organização do trabalho. “Entendemos que a vivência dos estudantes de diferentes profissões, compartilhando aprendizagem no contexto da atenção básica, traz benefícios significativos ao desenvolvimento de competências, bem como contribui para formar profissionais mais aptos ao trabalho em equipe”.

Outra constatação apresentada no livro é que a ampliação do acesso à água potável, ocorrida nacionalmente, e a maior oferta de procedimentos realizados na área ambulatorial não refletem ainda resultados esperados na Amazônia em relação à infância, possivelmente por restrições aos serviços de atenção básica. A obra aponta que o baixo nível de escolaridade das mulheres – mães, avós, tias –, principais cuidadoras de crianças e adolescentes, a informalidade do trabalho em sua maioria, os problemas de saneamento básico, as precárias condições de moradia e, ainda, o alto índice de criminalidade presente no território influenciam na produção de saúde-doença, no comportamento das pessoas que habitam o território e nas formas de buscar os serviços de saúde.

Em relação ao estado nutricional das crianças, a equipe do projeto observou que “a parcela da população infantil com excesso de peso ou sobrepeso tem aumentado devido ao elevado consumo de alimentos ultraprocessados, presença de desertos e pântanos alimentares, falta de tempo das famílias para o preparo das refeições, além da diminuta ou nenhuma rede de apoio às mulheres trabalhadoras e a suas famílias para o cuidado com as crianças”. E quanto ao trabalho na área da Psicologia, conclui-se que esta especialidade também se mostrou “fundamental à atuação relativa à saúde da criança, inclusive na atenção às questões mobilizadas por elas próprias, além do acolhimento das mães e dos demais responsáveis”.  

O livro também aborda a inserção do projeto nas populações negras, do campo, da floresta e das águas. Nesse sentido, os autores avaliam que a violência manifestada no assassinato de trabalhadores rurais, as disputas pela terra, a grilagem e a expropriação continuam a fazer das crianças suas maiores vítimas. “Pensar e operacionalizar políticas públicas na Amazônia implica compreender e considerar a sua sina colonial que reverbera até a atualidade na intensificação da exploração dos bens da natureza, deslocamentos compulsórios, dentre outros, com incidência direta nos processos de produção da saúde e da doença”, afirmam. 

Revista – O Multicampi Saúde da Criança também ganhou destaque na edição especial da Revista Saúde em debate, volume 46, publicada pelo Centro Brasileiro de Estudo de Saúde. Disponibilizada gratuitamente aos leitores em edição bilíngue, a revista traz 19 artigos, um ensaio e seis relatos de experiência de autores locais e nacionais. Na apresentação, a revista sintetiza os objetivos da edição: dar visibilidade a iniciativas que tragam, em seu bojo, a integração ensino-serviço na saúde da criança, especialmente na região amazônica, onde há as piores taxas de diversos indicadores da saúde no Brasil; as práticas inovadoras e interdisciplinares na atenção à saúde da criança, principalmente na atenção básica; além do planejamento, do monitoramento e da avaliação em saúde da criança, tendo a Caderneta da Criança como instrumento privilegiado. 

Sobre o projeto: O Projeto Multicampi Saúde da Criança Paraense na Atenção Básica foi viabilizado por emenda parlamentar, no valor de R$ 2 milhões, do então deputado federal Edmilson Rodrigues. A coordenação executiva do projeto é feita pela professora Roseneide dos Santos Tavares, do curso de Enfermagem, compartilhada com o professor Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, da Faculdade e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFPA.

Edição Edmê Gomes - Beira do Rio ed.166

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