Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate

Portuguese English Spanish

Opções de acessibilidade

Início do conteúdo da página

Rio Xingu inspira produto educacional

Publicado: Segunda, 30 de Novembro de -0001, 00h00 | Última atualização em Terça, 22 de Outubro de 2024, 19h21 | Acessos: 8

Jogo de tabuleiro apresenta matemática de forma lúdica e criativa 

imagem sem descrição.

Por Victoria Rodrigues. Ilustrações: CMP/Ascom, Fotos: acervo da pesquisa

O Rio Xingu, considerado uma das maiores referências em fonte de vida e biodiversidade da Amazônia, guarda histórias de bravura desde o período colonial. Ao longo de suas margens, habita uma ampla diversidade de povos indígenas e comunidades ribeirinhas, que resistem a inúmeros descasos e aos efeitos da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, localizada próximo ao município de Altamira, no estado do Pará.

Inspirado nesse histórico, o pesquisador Renan Rodrigues do Vale criou um jogo de tabuleiro, delineado no próprio formato do Rio Xingu, para desenvolver sua pesquisa sobre como a matemática pode auxiliar na formação dos graduandos no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Pará.

“A inspiração do design do jogo partiu da própria referência do Rio Xingu. O rio carrega consigo muitas histórias, tanto de navegadores (no período colonial) quanto de quilombolas, ribeirinhos, beiradeiros dessa região, chegando aos conflitos sociais e impactos ambientais causados pelas grandes obras, mais recentemente. Todo esse contexto é inspirador. O formato do tabuleiro surge com a trajetória do rio que nasce no estado do Mato Grosso e deságua no rio Amazonas, aqui, no Pará. Há, também, um certo respeito ao rio como uma entidade representativa de vida e de força nessa região”, ressalta o pesquisador.

O estudo intitulado Rio da Matemática: um jogo de tabuleiro para auxiliar na aprendizagem de conceitos matemáticos na formação do/a pedagogo/a na UFPA foi resultado da dissertação do Programa de Pós-Graduação em Criatividade e Inovação em Metodologias do Ensino Superior (PPGCIMES), vinculado ao Núcleo de Inovação e Tecnologias Aplicadas a Ensino e Extensão (Nitae²/UFPA). A pesquisa buscou identificar as dificuldades de ensino-aprendizagem em matemática dos licenciandos em Pedagogia e, com base nas análises, criar um produto educacional para ser utilizado como uma ferramenta de ensino na disciplina de Fundamento Teórico e Metodológico da Matemática.

Pré-Teste foi realizado com alunos de Graduação em Pedagogia

O jogo de tabuleiro começou a ser projetado após o resultado de um questionário direcionado a alguns voluntários, com o intuito de saber como funciona a relação dos estudantes do curso com variados conceitos matemáticos. A fase pré-teste foi realizada com alunos do curso de Graduação em Pedagogia das turmas de 2019, 2020 e 2021, do campus da UFPA em Altamira, que responderam a algumas questões para identificar elementos na mecânica do jogo e realizar, em grupo, a experimentação do produto educacional na conclusão da pesquisa.

Após o pré-teste, o pesquisador iniciou o processo de montagem do tabuleiro. Os rascunhos em folha de papel A4 caracterizaram a estética, as cores e os símbolos, os pinos e dados, os números de cartas, as distribuições das casas e os cálculos matemáticos que foram empregados para a resolução de diversas questões. Ficou definido que os itens do jogo seriam: 41 cartas-surpresa e 42 cartas perguntas, quatro pinos, um dado e um tabuleiro no formato digital, que pode ser utilizado para jogadas individuais, em duplas ou em grupos de até quatro participantes.

O idealizador do jogo Rio da Matemática, Renan Vale, explica como funcionam as normas da partida. “As regras são simples. Desde o início da partida até o final do jogo, as cartas devem ser embaralhadas. Começa quem tira o maior número nos dados. Ao acertar a pergunta, o participante ganha um ponto, ao errar, volta uma casa. Ganha quem tiver o maior número de pontos e não quem chegar primeiro. Quis tornar a experiência significativa, pois a ideia era fazer um jogo que mostrasse a matemática de forma divertida e mais desafiadora”, esclarece Renan Rodrigues do Vale.

Proposta também atende aos alunos do ensino fundamental

Com o resultado da pesquisa, observou-se que, mesmo com sua aplicação voltada aos discentes do ensino superior, o jogo Rio da Matemática também pode ser utilizado na preparação de alunos do ensino fundamental, visto que muitos já possuem um nível de abstração avançado com cálculos. Dessa forma, o produto educacional foi aprovado para ser aplicado como uma proposta didática, possibilitando aos estudantes de nível escolar ou universitário a compreensão das operações da disciplina, de forma lúdica, dinâmica e criativa.

Com a resolução dos exercícios numéricos presentes nas cartas, identificou-se, ainda, que vários estudantes apresentaram lacunas acerca de alguns conceitos matemáticos utilizados no cotidiano. Porém, ao longo da experimentação do jogo de tabuleiro, os discentes que participaram das partidas do teste de validação ganharam foco, relembrando o que haviam estudado na disciplina e, consequentemente, sentiram-se mais confiantes e qualificados para lecionar aulas de Matemática.

“Ao explicar os conteúdos envolvidos, com agrupamento e reagrupamento de números simples e fração com as quatro operações matemáticas, alguns relataram que ‘não sabiam’ ou ‘não lembravam’, pois estudaram o conteúdo há muito tempo, ficando claro o ‘medo da matemática’. Porém o jogo mostrou que é possível potencializar a aprendizagem, pois, ao jogar em grupo, ficou nítido o maior envolvimento na busca da resolução das perguntas. No decorrer das jogadas, a insegurança deu espaço para a autoconfiança e, com o tempo, os estudantes relembravam os cálculos”, finaliza o pesquisador Renan Vale.

Sobre a pesquisa: A dissertação Rio da Matemática: um jogo de tabuleiro para auxiliar na aprendizagem de conceitos matemáticos na formação do/a pedagogo/a na UFPA foi defendida por Renan Rodrigues do Vale, em 2023, no Programa de Pós-Graduação em Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior (PPGCIMES/Nitae²) da Universidade Federal do Pará. A pesquisa teve a orientação do professor Marcio Lima do Nascimento.

 

Fim do conteúdo da página