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Entrevista: Muitos e significativos avanços

Publicado: Sexta, 12 de Agosto de 2016, 17h13 | Última atualização em Terça, 16 de Agosto de 2016, 17h48 | Acessos: 2963

Horácio Schneider faz um balanço dos últimos sete anos na UFPA

Horácio Schneider
imagem sem descrição.

Por Walter Pinto Foto Alexandre Moraes

Eleito duas vezes para o cargo de vice-reitor da UFPA, o professor Horácio Schneider substituiu o reitor Carlos Edilson Maneschy, permanecendo no cargo até a nomeação da nova gestão. Como vice-reitor, ele contribuiu ativamente para a consolidação da UFPA como a maior instituição de ensino, pesquisa e extensão do Norte do País. Schneider é um dos mais importantes pesquisadores brasileiros da área das Ciências Biológicas, tendo acumulado bastante experiência administrativa nos diversos cargos que assumiu, entre os quais, chefe do Departamento de Genética, coordenador do curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, pró-reitor de Planejamento da UFPA, presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e da Sociedade Brasileira de Genética. Atualmente, é professor Titular do Instituto de Estudos Costeiros, do Campus de Bragança da UFPA. Na entrevista abaixo, ele aponta os avanços da Instituição e os desafios dos novos gestores.

Desafios dos novos gestores

A UFPA é a maior instituição de ensino, pesquisa e extensão do Norte do País. Administrar essa instituição gigante não é uma tarefa trivial. São muitos os desafios a serem enfrentados, mas não muito diferentes dos que tivemos que encarar. Esses desafios podem ser resumidos nos seguintes pontos: inclusão, capilaridade (mobilidade), infraestrutura, evasão e inovação. O Brasil é um país multirracial. Um cientista brasileiro já se manifestou em relação à nossa população como sendo o resultado de um “liquidificador racial”. É com essa “mistura” de culturas que temos que lidar. Portanto os mecanismos de inclusão devem ser aperfeiçoados e as oportunidades ampliadas; a mobilidade da universidade, tanto regional quanto internacional, deve ser expandida significativamente.

Para isso, os projetos pedagógicos devem ser flexibilizados e o ensino do inglês, como segunda língua, estimulado; o desenvolvimento e a melhoria da infraestrutura de laboratórios de ensino e pesquisa, assim como a ampliação das bibliotecas para atender à graduação e a enorme expansão da pós-graduação devem ser prioridades da nova gestão. A evasão deve ser estudada com muito cuidado para que seus efeitos sejam minimizados. Para isso, deve ser preocupação da nova gestão a conclusão e ampliação da moradia para discentes, a ampliação dos programas de bolsas de manutenção e a ampliação e melhoria do conforto do RU.  Por fim, temos a questão da inovação, não no sentido da “bricolagem”, mas no sentido pedagógico. Precisamos introduzir práticas pedagógicas que flexibilizem os currículos, que possibilitem aos alunos incluir atividades relacionadas com a mobilidade como parte do projeto pedagógico do curso; que sejam estimuladas atividades proativas de ensino fora da sala de aula.

Avanços no interior

Foram muitos e significativos. Tivemos a criação de novos campi, em Ananindeua e Salinópolis; a transformação do Campus de Marabá em uma nova universidade – a UNIFESSPA; a consolidação do Campus de Tucuruí; a criação do Curso de Medicina em Altamira.  Mas, certamente, a ação de maior destaque foi a melhoria da infraestrutura. Quando assumimos, a maioria dos campi ainda apresentava o aspecto de “escolas do interior” e foi nítida a transformação. Outra mudança importante foi a fixação de docentes em todos os campi do interior. Na nossa gestão, cerca de 400 docentes foram e ainda estão sendo contratados para os campi. Portanto essa melhoria da infraestrutura, associada à fixação de docentes, possibilitou não só o aumento da oferta de cursos como também uma significante melhoria da qualidade do ensino de graduação. Outro efeito direto disso foi a ampliação da pós-graduação em alguns dos nossos campi. Neste período, foram criados novos mestrados em Bragança, Cametá, Altamira e Tucuruí, e doutorado em Castanhal.

Inclusão

Foi praticamente na nossa gestão que o processo de inclusão das populações tradicionais tomou corpo. Em 2015, tivemos a primeira indígena a obter o título de doutor no IFCH, no Programa de Antropologia. Em 2016, tivemos a primeira indígena a concluir o curso de Biomedicina no ICB. É difícil avaliar, neste momento, o impacto transformador deste processo quanto ao futuro das populações tradicionais da Amazônia, mas, sem dúvida, será significativo.

Pesquisa e pós-graduação

Ao final da década de 1990, a UFPA tinha pelo menos um curso de pós-graduação em cada grande área do conhecimento e a cultura da pesquisa já havia se enraizado no cotidiano acadêmico de todas as unidades, com forte integração da Iniciação Científica aos programas de pesquisa que se desenvolveram na pós-graduação stricto sensu.  No período de 2001 a 2005, houve um notável crescimento dos programas de mestrado e doutorado, em número equivalente ao alcançado ao longo das três décadas anteriores. Com isso, os cursos de mestrado se expandiram de maneira marcante em praticamente todas as grandes áreas do conhecimento. Entretanto, já na nossa gestão, a partir de 2010, novas ações institucionais foram concebidas visando à consolidação da pós-graduação, por meio da qualificação e internacionalização das atividades de seus grupos de pesquisa. O foco principal passou a ser a qualidade do sistema e a busca da excelência de cada programa. Ao lado disso, continuam os esforços para estender o sistema de pós-graduação da UFPA em áreas ainda não cobertas e para interiorizar a pós-graduação, respondendo aos enormes desafios ao desenvolvimento econômico e social das diversas mesorregiões em que  a UFPA está presente. No período de 2010 a 2016, foram criados 19 novos doutorados, 17 mestrados acadêmicos e 17 mestrados profissionais, o que representa cerca de 50% de todos os cursos de mestrado e doutorado da Instituição.

Instabilidade econômica

De 2009 a 2012, período de vigência do Programa de Reestruturação das Universidades (REUNI), a UFPA experimentou um crescimento significativo. Isso foi possível em razão de uma politica governamental de recuperação da estrutura das universidades brasileiras, que vinham sofrendo um certo “sucateamento”. Portanto foram os investimentos na infraestrutura e na contratação de pessoal, tanto docente como técnico-administrativo, que possibilitaram o salto de qualidade que as universidades, em especial a nossa, tiveram. Contudo, após a reeleição da presidente Dilma, o País entrou em uma crise politica que, somada à situação econômica mundial, afetou negativamente o processo de desenvolvimento do País. É óbvio que esse processo afetou significativamente as universidades brasileiras. Para contornar a crise, cortes orçamentários, principalmente na rubrica Capital, provocaram a paralisação de algumas obras importantes. Por outro lado, o corte no Custeio, apesar de menor, obrigou a gestão a tomar medidas preventivas no sentido de reduzir custos com os grandes contratos (limpeza, segurança e energia elétrica). Essas medidas de contenção foram tomadas após estudos feitos por uma comissão especificamente criada para essa finalidade. O desafio da comissão estava em apresentar uma proposta de cortes, sem perda significativa da qualidade do serviço prestado, principalmente limpeza e segurança, dois itens que afetam bastante a comunidade.  Desta forma, estamos sobrevivendo a este momento transiente de crise, na expectativa de que ele seja, de fato, transiente.

Infraestrutura

Foram construídas 135 obras, sendo 68 no Campus de Belém e 67 nos campi do interior. Dezoito dessas obras estão em andamento e sete estão sendo licitadas. Todas as demais estão concluídas e ocupadas. É difícil especificar quais são as principais. Talvez pelo tamanho, sejam o bloco de 64 salas de aula do básico (R$ 24,847,245.95),  a casa do estudante universitário (em construção, R$ 4,097,743.53) e a recuperação da orla (em andamento). Em relação aos campi do interior, somente para dar uma ideia do nível de investimento, relaciono aqui os mais antigos: Castanhal (14 milhões), Bragança (9 milhões), Marabá (10 milhões) Soure (2 milhões), Capanema (1 milhão), Cametá (5.5 milhões), Breves (5 milhões) Abaetetuba (5.5 milhões). Os Campi de Ananindeua, Tucuruí, Salinópolis e a Faculdade de Medicina de Altamira foram contemplados, posteriormente, com recursos de Capital, Custeio e de Pessoal.

Ed.132 - Agosto e Setembro de 2016

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