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Prática de exercícios melhora a qualidade de vida de idosos

Publicado: Terça, 10 de Dezembro de 2019, 19h03 | Última atualização em Terça, 10 de Dezembro de 2019, 19h03 | Acessos: 2108

 Estudo analisou o efeito do estímulo multissensorial sobre o desempenho cognitivo

imagem sem descrição.

 Por Nicole França Foto Acervo da Pesquisa

 

Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2060, no estado do Pará, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos passará dos atuais 764 mil para 2,7 milhões de pessoas. Diante do alto crescimento da população idosa e da epidemia de declínio cognitivo e demência que atinge essa população, Naina Yuki Vieira Jardim observou a necessidade de investigar estratégias de intervenção para proteger e melhorar a funcionalidade e o desempenho cognitivo no envelhecimento.

A pesquisadora desenvolveu a dissertação Prevenção das alterações funcionais e cognitivas do envelhecimento: a influência do exercício e da estimulação cognitiva em dupla tarefa. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Investigação em Neurodegeneração e Infecção (coordenado pelo professor Cristovam Wanderley Picanço Diniz), apresentada no Programa de Pós-Graduação em Neurociências e Biologia Celular (PPGNBC/ICB), com a orientação das professoras Consentino Kronka Sosthenes e Natáli Valim Oliver Bento-Torres.

“O exercício físico tem sido estudado como uma estratégia promissora na prevenção do declínio cognitivo e de alterações decorrentes do envelhecimento, como as perdas funcionais e físicas que envolvem a diminuição de força muscular, de equilíbrio e de agilidade. Nesse contexto, o exercício com dupla tarefa tem sido indicado como uma estratégia ainda mais promissora do que somente o exercício físico”, explica Naina Jardim.

Dessa forma, a pesquisa buscou investigar os efeitos de um programa de intervenção em dupla tarefa na qualidade de vida de idosos saudáveis. Para isso, foram analisados 28 idosos. “Nós buscamos contatos com centros de idosos e fizemos uma parceria com o Programa de Extensão Universidade da Terceira Idade (Uniterci), da UFPA”, conta a pesquisadora.

Grupo passou por avaliações cognitivas e físicas

Com o objetivo de investigar o efeito de um protocolo de exercício e estimulação multissensorial em dupla tarefa sobre a funcionalidade e a cognição de idosos saudáveis, a pesquisa submeteu o grupo a avaliações cognitivas, físicas e de qualidade de vida antes e após a intervenção em dupla tarefa. “Realizamos uma avaliação inicial por meio de testes convencionais de papel e caneta, como o miniexame de estado mental, além da Bateria Cambridge de Testes Neuropsicológicos Automatizados (Cantab). Também analisamos os parâmetros físicos (equilíbrio, agilidade, força de membros inferiores e membros superiores), assim como a habilidade do idoso em desempenhar testes em dupla tarefa”, explica Naina Yuki Vieira Jardim.

O teste em dupla tarefa foi realizado com o experimento de caminhar e conversar: o idoso deveria caminhar e, ao mesmo tempo, fazer um teste de fluência verbal. No total, foram realizadas 24 sessões, duas vezes por semana, por 75 minutos cada.

“A abordagem em dupla tarefa traz o exercício e, ao mesmo tempo, tarefas cognitivas. Esse tipo de abordagem surgiu porque o nosso dia a dia é repleto de dupla tarefa, quando você caminha e fala no telefone, por exemplo. Os trabalhos têm mostrado que, diante de situações em que é necessário dividir a atenção, os idosos apresentam um prejuízo em uma das duas funções, ou na tarefa cognitiva ou na física. Clinicamente, isso implica prejuízos à independência funcional desse idoso, assim como maior risco de quedas. Por esse motivo, é importante criar uma estratégia de intervenção que melhore a capacidade desse idoso em realizar as tarefas simultâneas no cotidiano. Os trabalhos têm mostrado que, quando o exercício e o estímulo cognitivo são colocados juntos, você tem um benefício cognitivo mais robusto”, expõe a pesquisadora.

Intervenção melhora memória visual e aprendizado

Naina Jardim identificou em sua pesquisa que, após o programa de intervenção em dupla tarefa, os idosos apresentaram melhor desempenho cognitivo. “Nós observamos que, depois de três meses de intervenção, os idosos melhoraram significativamente a memória visual, o aprendizado, a memória de reconhecimento e a atenção visual sustentada, funções imprescindíveis para o cotidiano”, revela. A professora explica que a atenção visual sustentada é uma função usada quando se dirige um carro, enquanto a memória de reconhecimento é usada quando você encontra um conhecido na rua e precisa dessa função para reconhecer e interagir com ele.

De modo geral, a pesquisa constatou que o programa de intervenção em dupla tarefa (com exercícios aeróbicos e de força) e a estimulação multissensorial são fundamentais para proporcionar melhor qualidade de vida para a terceira idade, restabelecendo não só a cognição, mas também a mobilidade, o condicionamento cardiorrespiratório, além da capacidade de realizar atividades exigidas no dia a dia.

Mesmo após a defesa da dissertação, os estudos sobre a intervenção em dupla tarefa continuam com um projeto que busca acompanhar os idosos e identificar por quanto tempo os benefícios encontrados se sustentam e qual benefício declina primeiro, os parâmetros físicos ou os parâmetros cognitivos.

“No momento, nós temos dois grupos que estão em andamento na Unidade Municipal de Saúde da Marambaia. Além desses idosos, nós temos um grupo controle, no qual se faz uma avaliação inicial. Para eles, nós entregamos um material educativo, realizamos ações de saúde e pedimos que mantenham a rotina para, depois, serem reavaliados”, conclui.

Ed.152 - Dezembro e Janeiro de 2019 / 2020

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