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Consciência e com ciência

Publicado: Segunda, 13 de Janeiro de 2020, 14h44 | Última atualização em Segunda, 13 de Janeiro de 2020, 14h49 | Acessos: 2182

Redação vencedora do Concurso Cultural da Biblioteca Central – edição 2019

imagem sem descrição.

Por Daniel Pereira Foto Alexandre de Moraes

Até então, as letras U, F, P e A já tinham sido apresentadas para mim. Conhecidas de outros carnavais que eram, vez ou outra apareciam na minha frente em algum lugar. Mas juntas e nessa ordem (primeiro U, depois F, com P e A no final dessa fileira de letras), era a primeira vez. E desde esse momento, foi algo diferente. Lembro que todas as vezes que ela resolvia visitar meus ouvidos distraídos de criança, sempre trazia consigo algo de pomposo, mas não soberbo; tinha um quê de importância, de saber. Tanto era que, lembro bem, de todas as bocas de onde ela saía, as(os) donas(os) destas pareciam ter consciência do poder transformador que dela emanava, pois sempre que a pronunciavam faziam-no com o respeito que se tem por algo valioso e com o orgulho de ser parte significativa disso. Eu, pequeno que era na época, fiquei maravilhado quando vi pela primeira vez essas letras UFPA, assim juntas, concretizadas em um espaço onde eu podia vivenciar esta outra palavra que a acompanhava onde quer que estivesse: ciência.

Em Linguística, entende-se que as palavras como conhecemos são signos linguísticos e que estes, por sua vez, são formados por um significante e um significado. A palavra “UFPA” (escrita ou ouvida) seria o significante; o conceito que UFPA carrega, sua história, seu lugar no nosso imaginário coletivo, tudo isso seria o significado. Não tinha consciência alguma disso enquanto criança, embora no fundo pudesse senti-la. Tudo se tornou palpável quando entrei na faculdade de Letras e vi Ciência transbordando e me tomando em suas correntezas de incertezas. Acho incrível como no fundo tudo retorna àquela idade em que olhávamos curiosos o mundo, quando uma resposta pronta não nos satisfazia jamais. A universidade me colocou de volta nesse momento, ou melhor, trouxe aquele olhar de criança a este adulto que havia esquecido como é ver – uma revisita, em outras palavras.

Infelizmente, vejo que hoje esta mesma palavra, UFPA, ganha contornos diferentes nas mentes de muitas pessoas. Embora continue sendo berço de ciência, ela tem sido atacada. Por qual razão? Simplesmente por sê-lo. Sem sombra de dúvidas são tempos que precisam de filosofia, desse chacoalhar de ideias que nos permite evitar a estagnação venenosa do conservadorismo. UFPA é ciência, e como tal, deve sempre incomodar, pois o que é cômodo jamais avança – pelo contrário, tende a ficar eternamente parado. Como dizia Bob Dylan, like a rolling stone, uma pedra que rola. Afinal, um mundo sem a curiosidade própria ao fazer científico, é desumano. O que há de mais humano que o pensar? O (re)pensar.

Daniel de Almeida Pereira – É aluno do curso de graduação Letras – Francês da UFPA e foi vencedor no concurso cultural promovido pela Biblioteca Central. A redação com tema “UFPA é Ciência” obteve nota: 96,25. E-mail: danieldesignconnect@gmail.com

Ed.152 - Dezembro e Janeiro de 2019 / 2020

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