Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate

Portuguese English Spanish

Opções de acessibilidade

Página inicial > Nesta Edição > UFPA tem novos representantes na ABC
Início do conteúdo da página

UFPA tem novos representantes na ABC

Escrito por Rosyane Rodrigues | Publicado: Terça, 15 de Julho de 2025, 19h21 | Última atualização em Terça, 15 de Julho de 2025, 19h27 | Acessos: 14

Verônica Scarpini e Pedro Aum foram eleitos jovens cientistas

imagem sem descrição.

Por Walter Pinto | Foto: Alexandre de Moraes

Dois professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), a bióloga Verônica Scarpini Cândido e o engenheiro químico Pedro Tupã Pandava Aum passaram a fazer parte, como membros afiliados, dos quadros da Academia Brasileira de Ciências (ABC), na categoria Jovem Cientista. Verônica pertence ao Campus de Ananindeua, no qual desenvolve pesquisas na área de materiais compósitos reforçados com fibras naturais da Amazônia e resíduos agroflorestais. Pedro atua no Laboratório de Ciência e Engenharia de Petróleo, do Campus de Salinópolis, no qual estuda o escoamento em meios porosos, incluindo a caracterização de fluidos, caracterização de meios porosos - petrofísica e imageamento por microtomografia computadorizada de raios X (microCT). Nesta entrevista, os novos membros da ABC falam sobre suas trajetórias, o trabalho que desenvolvem e o significado de pertencerem a uma das instituições mais respeitadas do mundo científico.

Escolha da área

Verônica Scarpini: Considero-me uma pessoa curiosa e, desde criança, sempre gostei de entender como poderia compreender o funcionamento das coisas e da natureza. Quando fiz vestibular para a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), decidi fazer Ciências Biológicas, mas, ao final do curso, concluí que poderia trazer os conhecimentos da Biologia para a Engenharia e continuar trabalhando com materiais naturais.  Então mudei para a Engenharia de Materiais, área em que fiz o mestrado na mesma universidade; e o doutorado, no Instituto Militar de Engenharia, trabalhando com fibras naturais para aplicação em proteção balística individual. Minhas linhas de pesquisa envolvem o desenvolvimento de materiais bioinspirados e biomiméticos para aplicação na área biomédica, da construção civil e de proteção balística.

Pedro Aum: Sempre tive uma forte admiração pela natureza e por entender como funciona o universo. Fiz o ensino médio no Cefet-RN, atual Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), um lugar incrível onde fiz muitos amigos e tive contato intenso com as humanísticas, artes e ciências. Iniciei o curso de Engenharia Química na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e, durante o curso, fui aluno do Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no qual me especializei na área de Engenharia de Petróleo. A participação nesse programa foi fundamental para me inserir no setor de petróleo e gás. Quando terminei a graduação, trabalhei em uma empresa do ramo por quase 10 anos. Em 2017, decidi me dedicar à academia, ingressando na Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus de Salinópolis, onde estava iniciando o curso de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo.

Iniciação científica

Verônica Scarpini: Assim que iniciei o curso de graduação, tive a felicidade de ser orientada, ainda no primeiro período, pelas professoras Silvia Mattos Nascimento e Marina Satika Suzuki. Elas me ensinaram, entre outras coisas, a independência, a responsabilidade e a ética científica, mostrando o quão valioso é estar dentro de um laboratório desenvolvendo ciência e solucionando diversas questões que podem ajudar o ambiente e a sociedade. Fui bolsista de Iniciação Científica do terceiro ao último período da universidade, e essa experiência me ajudou a desenvolver habilidades que me permitiram atuar na Ciência e na Engenharia de Materiais. Considero a Iniciação Científica uma porta que se abre para um mundo novo, cheio de descobertas, desafios e, acima de tudo, autoconhecimento e que me permitiu começar a carreira como cientista.

Pedro Aum: No segundo semestre do curso de Engenharia Química, entrei como voluntário de Iniciação Científica (IC), no Laboratório de Tecnologia de Tensoativos, liderado pela professora Tereza Neuma de Castro Dantas. Foi meu primeiro contato com a pesquisa. Passei o restante da graduação e pós-graduação no mesmo grupo e essa experiência transformou a minha vida. Depois de um ano como voluntário, consegui uma bolsa de Iniciação Científica do CNPq, que dividia com o grande amigo Cláudio Régis dos Santos Lucas, hoje também professor na UFPA. Em seguida, passei por vários projetos, nos quais pude aprender muito. O convívio no ambiente acadêmico, especialmente nos grupos de pesquisa, é extremamente importante para nossa formação pessoal e profissional, não apenas como cientista. Acredito que todos os alunos deveriam ter a experiência na Iniciação Científica, pois enriquece muito a formação.

Contribuição à ciência

Verônica Scarpini: Acredito que minhas maiores contribuições para a ciência são: a formação de cientistas de excelência, capazes de continuar suas pesquisas em qualquer universidade ou centro de pesquisas do país e o desenvolvimento de materiais bioinspirados para aplicação na área biomédica. Essa pesquisa envolve o desenvolvimento de biocerâmicas com matérias-primas naturais amazônicas para a fabricação de substitutos ósseos que possuem geometria que imita, por exemplo, a estrutura das colmeias de abelhas e que possuem bom comportamento mecânico e biocompatibilidade com o organismo humano. Tal pesquisa associa o que temos disponível na natureza com técnicas avançadas de fabricação e caracterização de materiais para aplicação na Engenharia de Tecidos. A Amazônia é uma região peculiar e de características únicas, o que faz dela um celeiro de oportunidades e tema inesgotável de pesquisa.

Pedro Aum: Quando decidi me dedicar à vida acadêmica, trouxe a experiência que tinha adquirido na indústria, somada à experiência científica, para desenvolver projetos com foco em processos da indústria de petróleo e energia, que tenham lacunas ou questões científicas. A pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Ciência e Engenharia de Petróleo (LCPETRO), Campus de Salinópolis, foca em entender o escoamento de fluidos – água, petróleo, gás e ácidos – nas rochas e os fatores que o influenciam. Um dos estudos principais é sobre injeção de ácidos em rochas carbonáticas para aumentar a produção de petróleo. Outro destaque é o estudo da interação das rochas com CO2, visando ao armazenamento geológico de carbono no subsolo. Além dos projetos desenvolvidos, a principal contribuição é a formação de recursos humanos. Apesar de pouco tempo do grupo, temos muitos exemplos de sucesso entre os nossos alunos.

Significado da filiação ABC

Verônica Scarpini: Entrar para a Academia Brasileira de Ciências (ABC) como jovem cientista representa o reconhecimento e a valorização do trabalho que venho desenvolvendo ao longo dos anos na UFPA e demonstra que todo o caminho trilhado valeu e tem valido a pena. De forma particular, mostra que é possível desenvolver ciência de qualidade na Região Norte, contribuindo, assim, para a formação de recursos humanos qualificados, para o crescimento das instituições de pesquisa e para o desenvolvimento da Amazônia. Na ABC, pretendo atuar, de forma ativa, contribuindo para as discussões sobre como melhorar as condições de pesquisa no Brasil, como colocar o país em um lugar de destaque internacional e colaborar para a melhoria das instituições de pesquisa da Região Norte, além de corroborar para a projeção e divulgação internacional das pesquisas desenvolvidas na Amazônia.

Pedro Aum: É uma honra integrar a Academia Brasileira de Ciências, o que tem múltiplos significados para mim. Primeiramente, representa o reconhecimento do trabalho desenvolvido no Campus Universitário de Salinópolis e nos programas de pós-graduação em que atuo: o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ) e o Programa de Pós-Graduação em Geofísica (CPGf). Além disso, esta conquista proporciona a vivência no ambiente da ABC e o aprendizado por meio dos trabalhos desenvolvidos junto ao staff e seus pesquisadores seniores. Por fim, vejo como uma oportunidade de levar mais ciência para a cidade de Salinópolis/PA e, ao mesmo tempo, contribuir para levar um pouco mais de Salinópolis/PA e da UFPA para o mundo, com os eventos científicos, o conhecimento produzido e os recursos humanos formados.

Beira do Rio edição 175 - Junho, Julho e Agosto 

 

Fim do conteúdo da página