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Procurando arte em toda parte

Publicado: Sexta, 12 de Agosto de 2016, 17h07 | Última atualização em Terça, 16 de Agosto de 2016, 17h45 | Acessos: 3392

Pesquisadores mapeiam pontos de cultura no Marco

Espaços de sociabilidade, como campos de futebol, praças e clubes, também estarão no mapa.
imagem sem descrição.

Por Daniel Sasaki Foto Acervo do Pesquisador

O Marco é um dos bairros centrais da capital paraense. Construído na administração de Antônio Lemos, durante os anos da Belle Époque, o seu nome foi criado com a intenção de demarcar os limites da cidade naquela época. Atualmente, o bairro é um dos mais apreciados, pois dispõe de diversos serviços, como supermercados, restaurantes, escolas e hospitais. Além disso, é um local rico em cultura, pois conta com diversas formas de produção cultural realizada pelos seus moradores.

Foi com o intuito de contribuir para a identificação e valorização desses pontos de produção cultural que a professora Liliam Barros, do Laboratório de Etnomusicologia, ICA/UFPA, elaborou o Projeto de Pesquisa “Ouvir e Ver o Marco da Légua”, vinculado ao Projeto de Extensão “Arte em Toda Parte: temas transversais como colaboradores sociais”, sob sua coordenação, e ao Projeto de Pesquisa “Práticas Musicais do Pará”, coordenado pela professora Sonia Chada. 

De acordo com Liliam Barros, a criação do projeto, em 2015, foi motivada pelas inquietações sobre o uso do espaço público pelos moradores e circulantes do Marco. O projeto possui uma equipe interdisciplinar e interinstitucional: Líliam Barros e Nathália Lobato (UFPA); Breno Barros (UFRA), Rayssa Dias (UERJ) e Marcos Cohen (Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro - DF).

A proposta inicial era de uma intervenção artística no espaço da Avenida Rômulo Maiorana (antiga 25 de Setembro), por meio de fotovaral. “Como primeira etapa do projeto, propusemos uma caminhada ao longo da Avenida Rômulo Maiorana, com o objetivo de realizar registros fotográficos e gravações dos sons do espaço, em busca da percepção das sonoridades do lugar. A mostra fotográfica foi denominada Ação 25 Viva! e constituiu a segunda etapa do projeto. O varal ficou à mostra para transeuntes costumeiros e despertou curiosidade”, conta.

Até o momento, mapa já conta com 97 pontos culturais

Uma das principais ações do projeto envolve o mapeamento cultural do bairro, com ênfase nas práticas musicais. “Serão considerados os pontos de produção cultural visíveis ao caminhar pelo bairro e, baseado no mapeamento, será constituído um mapa cultural, com análise das expressões culturais. Apesar da ênfase nas práticas musicais, outras produções artísticas serão consideradas”, explica a professora Liliam Barros.

Com o projeto ainda em andamento, a professora afirma que o mapa está sendo elaborado e já tem 97 pontos mapeados. As categorias analíticas que emergiram dos dados obtidos foram: instituições religiosas, pontos de ensino de música, fotografia artística e comercial, espaços de lazer (praças, clubes), TVs e rádios, universidades, teatro, blocos carnavalescos, pontos de ensino de dança, sala de concerto de estúdio de música, estúdio de tatuagem, casas no estilo modernista “Raio que o Parta”, casarões antigos, Grupo Parafolclórico, banda de música, clubes de futebol e casa de samba.

“Os pontos culturais foram mapeados com base em letreiros, faixas, cartazes que os identificassem e, assim, permitissem sua inserção no mapa. O caráter etnográfico do projeto dá-se no potencial interpretativo e descritivo em torno da sociabilidade e do uso do espaço urbano e sua relação com a arte e a cultura local”, destaca Liliam Barros.

Nathalia Lobato é aluna da Faculdade de Música da UFPA e bolsista do projeto. A estudante afirma que entrou no projeto em virtude do seu interesse por música e fotografia. A estudante de graduação participa do processo de mapeamento dos locais de produção cultural.  “Caminhando, registramos pontos que tenham alguma identificação: placas, letreiros ou faixas. Como estudante de Música, me sinto privilegiada por participar de um projeto desse porte, que pode intervir na valorização artística do bairro”, afirma Nathalia.
Uma das metas do projeto é a produção de fotovídeo a partir da etnografia realizada. Para a professora Liliam Barros, é essencial que os resultados sejam divulgados. “Como moradora do bairro, artista e pesquisadora, produzir conhecimento sobre essa produção artística e atuar de forma interventiva no espaço público por meio da arte tem sido gratificante”, conclui a professora.

Ed.132 - Agosto e Setembro de 2016

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