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Resultados da dendeicultura no Pará

Publicado: Sexta, 12 de Agosto de 2016, 17h20 | Última atualização em Terça, 16 de Agosto de 2016, 17h51 | Acessos: 4153

Agricultores e pesquisadores criam indicadores de inclusão social

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Por Hojo Rodrigues Foto Acervo do Pesquisador

Muitas vezes, as pesquisas voltadas à inclusão social são direcionadas ao cenário urbano e, mesmo que trabalhem as características da qualidade de vida, acabam dando ênfase às questões econômicas, de acesso a bens. Para os agricultores, a aquisição de bens é apenas um dos critérios para que haja inclusão social. Eles levam em consideração outros aspectos, como o acesso a serviços e a novos conhecimentos, o equilíbrio entre solo, plantas e animais, e o bem-estar, a satisfação com as atividades.

Nessa perspectiva, foi elaborado o Projeto de Pesquisa “Integração da Agricultura Familiar na Produção do Dendê no Pará: Possibilidade de Inclusão Social?”, coordenado pela socióloga Dalva Maria da Mota, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e também professora do Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas do NCADR/UFPA.    O projeto, que iniciou em 2014, tem como objetivo analisar a inclusão social dos agricultores familiares na dendeicultura, com base no estudo de indicadores construídos pelos próprios agricultores.

A pesquisa é financiada pela Embrapa Amazônia Oriental, mas conta com a parceria da UFPA e de Sindicatos Rurais. A área de atuação abrange 21 municípios do nordeste paraense envolvidos com o cultivo do dendê, produto com grande demanda no Brasil e no Estado, cuja produção é voltada para a agroindústria de alimentos. Também chamado de Agricultura Familiar e Integração Social (AFInS), o projeto é pioneiro no levantamento de dados, realizado em diferentes escalas (região, vilas e estabelecimentos).

A primeira escala deu-se por meio de visitas a atores chave para compreender as suas percepções sobre a expansão da dendeicultura na região. Na segunda, foram identificadas e caracterizadas as vilas dos municípios onde há produção de dendê para constatar se elas têm infraestruturas diferenciadas. Até o momento, foram levantados dados referentes a 10% do total das vilas.

A pesquisa também envolve estabelecimentos cujos proprietários produzem dendê por meio de contrato de integração com as agroindústrias, consistindo na identificação e caracterização dos sistemas de produção. Foram visitados 162 estabelecimentos em oito municípios que mais praticam a dendeicultura, entre os quais, estão Tomé-Açu, Moju e Concórdia do Pará. “A partir do intercruzamento desses e de outros procedimentos, será feita a análise sobre as questões referentes à inclusão social”, explica Dalva Maria da Mota.

Pesquisadora realiza estudo de caso na Vila Água Azul

O projeto prevê a realização de nove oficinas para incentivar o diálogo entre os agricultores, as lideranças sindicais e os pesquisadores. Nas oficinas, são realizadas dinâmicas em que os participantes falam sobre quais indicadores devem ser considerados importantes para um estudo sobre a inclusão social relacionada à dendeicultura. Uma vez consolidados, esses indicadores irão nortear a pesquisa.

Com o objetivo de analisar a organização de trabalho em vilas rurais do nordeste paraense, onde há grande produção de dendê, a agrônoma Laiane Bezerra Ribeiro defendeu a Dissertação O trabalho sob influência da dendeicultura em vilas rurais paraenses, no Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA/UFPA), orientada pela professora Dalva Mota. A pesquisa foi desenvolvida em duas escalas. Na escala regional, foram visitadas 347 vilas rurais de 21 municípios. Na escala local, foi escolhida uma dessas vilas para ser feito um estudo de caso.

Laiane Ribeiro entrevistou  35 moradores e estudou a organização do trabalho familiar na Vila Água Azul, em Tomé-Açu (PA). Ela pesquisou famílias que tinham assalariados na dendeicultura, famílias que tinham membros com contrato de integração (compra e venda) com as empresas de dendê e famílias que não tinham relação direta com a dendeicultura.

Os resultados mostraram que a proximidade das vilas rurais com a dendeicultura influencia a diversidade de atividades agrícolas nesses locais. “Nas vilas em que há moradores produzindo dendê como integrados, existe menor diversificação de produtos e atividades no estabelecimento. Isso se deve ao fato de a mão de obra e o tempo para a prática de outras atividades diminuírem”, avalia a agrônoma. A área de produção também diminui nas famílias com integrantes assalariados na dendeicultura.

Laiane Ribeiro observou que houve uma queda na atuação das mulheres nas atividades agrícolas. Incentivadas pela família, elas estão investindo mais nos estudos. O trabalho na agricultura depende dos homens mais velhos, enquanto os jovens buscam outras atividades e  trabalham como assalariados.

Ed.132 - Agosto e Setembro de 2016

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