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Entrevista: Otimismo e confiança

Publicado: Terça, 25 de Outubro de 2016, 17h41 | Última atualização em Quarta, 26 de Outubro de 2016, 15h21 | Acessos: 2922

O reitor Emmanuel Tourinho fala dos planos para a UFPA

Emmanuel Zagury Tourinho
imagem sem descrição.

Por Walter Pinto Foto Alexandre Moraes

Emmanuel Zagury Tourinho, 54 anos, doutor em Psicologia pela USP, professor titular da UFPA, foi eleito pela comunidade acadêmica reitor para o quadriênio 2016-2020. Entre as várias funções que exerceu, ele foi pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, coordenador do Comitê Assessor da Área de Psicologia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e presidente do Colégio de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação das Instituições Federais de Educação Superior. Atualmente, é bolsista 1C de produtividade em pesquisa do CNPq. Sua atividade de pesquisa focaliza processos comportamentais culturais, autocontrole, eventos privados e terapia analítico-comportamental. Ao lado do vice, Gilmar Pereira da Silva, doutor em Educação, Emmanuel Tourinho assume a Reitoria em momento de grave crise econômica nacional. Apesar de reconhecer que a crise “impõe restrições e exigências consideráveis para os gestores e membros da comunidade universitária”, ele se mostra confiante, diz que será possível continuar avançando na UFPA, e fala aqui um pouco dos seus planos para alcançar a meta.

Prioridades mais urgentes

Qualificar o ensino de graduação, consolidar o sistema de pesquisa e pós-graduação, avançar nas políticas de inclusão social e fortalecer o projeto multicampi da UFPA são as prioridades.

Na graduação, é necessário apostar em propostas inovadoras, que criem ambientes estimulantes para os alunos e sejam eficientes na sua formação,  valorizem a sua curiosidade e a sua capacidade de aprender,  estimulem uma interlocução mais diversificada e a criatividade intelectual.

Na pós-graduação, pretendemos avançar no grau de internacionalização da pesquisa desenvolvida na UFPA e na nossa capacidade de empregar o conhecimento aqui produzido no desenvolvimento de soluções para os problemas da Amazônia. Além disso, precisamos lembrar que estamos inseridos em um ambiente de acentuada desigualdade e exclusão, no qual largas parcelas da população não têm acesso aos bens materiais e culturais que produzimos.

Temos políticas de inclusão que têm dado contribuição extraordinária no enfrentamento dessa realidade social e elas precisam ser mantidas e fortalecidas, sobretudo para garantir a permanência, na UFPA, dos discentes em condição de vulnerabilidade socioeconômica.

Devemos, também, atuar fortemente na promoção, dentro e fora da UFPA, de uma cultura de tolerância, de respeito e valorização das diferenças, de combate à discriminação e ao preconceito. Todas essas prioridades precisarão ser tratadas considerando o caráter multicampi da UFPA.
 
Avançar na crise

A crise financeira vivida pelo País impõe restrições e exigências consideráveis para os gestores e os membros da comunidade universitária, mas estou confiante em que será possível continuar avançando na UFPA, com planejamento, priorização de investimentos que geram resultados diretamente relacionados com os nossos objetivos estratégicos e maior esforço para a captação de recursos com o MEC e  com outros potenciais parceiros.

Estaremos alinhados com o esforço da Andifes para manter e expandir os orçamentos das universidades públicas e para continuar e fortalecer os programas, como o Proinfra, da Finep, o qual destina recursos para a infraestrutura de pesquisa nas nossas instituições. Por outro lado, muitos dos desafios que precisamos vencer dizem respeito ao aprimoramento dos nossos próprios processos de gestão, e iniciativas nessa direção serão estimuladas e valorizadas.
 
Ciência sem Fronteira

O programa precisa continuar e com aperfeiçoamentos. Ele é importante para acelerar o processo de internacionalização das universidades brasileiras e, para isso, precisa estar integrado às políticas acadêmicas e de pesquisa das nossas instituições.

Em qualquer país, investir na internacionalização das universidades não é uma escolha, é parte do esforço necessário para a nação alcançar autonomia científica e tecnológica e, assim, garantir a sua soberania.

Entre as mudanças necessárias, é importante promover a mobilidade na graduação e na pós-graduação, de modo mais equilibrado; é indispensável alargar a cobertura do programa para incluir as áreas de Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Letras e Artes; é importante os estágios serem  realizados pelos alunos no âmbito de iniciativas de cooperação acadêmica e de pesquisa entre grupos de pesquisa locais e parceiros potenciais nas instituições estrangeiras; é essencial o plano de trabalho do aluno estar integrado ao seu plano de formação, sob supervisão, na universidade de origem;  é necessário estabelecer um processo de avaliação criterioso do aproveitamento dos bolsistas ao longo do estágio, não apenas ao final; por último, e mais importante, o programa deve ser executado com recursos novos, não pode continuar sendo financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), comprometendo ações fundamentais da política de ciência, tecnologia e inovação do País, nas quais estes recursos deveriam ser empregados.
 
Laboratórios

O parque de laboratórios e equipamentos de pesquisa da UFPA é, hoje, notável, no geral, comparável aos laboratórios das melhores universidades brasileiras e, em algumas áreas, do mesmo nível das melhores universidades no mundo. Ele tem sido constituído principalmente com recursos de parcerias, sobretudo com a Finep, com o CNPq e com a Capes. Como o custo para a aquisição e manutenção dessa estrutura é hoje muito elevado, precisamos incrementar a cultura do uso compartilhado, otimizando recursos e esforços de pesquisadores e da Instituição. Já os laboratórios de ensino deixam a desejar e isso está, parcialmente, relacionado com o fato de que temos um sistema de formação que privilegia a sala de aula.

Precisamos fazer um movimento em que, ao mesmo tempo, ocorra maior investimento na construção/atualização de laboratórios de ensino e mudanças dos currículos de nossos cursos de graduação, para conferir maior espaço e valor às atividades de formação desenvolvidas nesses ambientes. Além de uma produção científica crescente e de elevado nível, os laboratórios da UFPA, hoje, prestam inúmeros serviços à sociedade – aos governos, a organizações sociais e a empresas que buscam a inovação. A visibilidade dessas iniciativas é ainda reduzida e pode melhorar dentro e fora da Instituição.
 
Transferência de conhecimento

A intensificação da transferência de conhecimento de ponta para os setores não acadêmicos da sociedade é uma de nossas metas e será buscada por meio de ações executadas em diversas frentes. A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação contará com um programa específico para esse fim, o Programa de Apoio à Transferência de Conhecimento para a Sociedade (PATS). A Pró-Reitoria de Extensão adotará um papel também indutivo para a execução de projetos voltados a interesses emergenciais da sociedade (por exemplo, nas áreas de saúde, educação básica e inclusão social).

A Agência de Inovação da UFPA (Universitec) atuará mais intensamente no suporte a grupos empreendedores que se interessem pelo potencial de inovação do nosso sistema de pesquisa. Também pretendemos fortalecer a parceria com o governo do Estado do Pará, no Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá, que já abriga alguns dos nossos melhores laboratórios de pesquisa e desenvolvimento.
É preciso dizer que a transferência de conhecimento já acontece na UFPA em larga escala, ainda que sem uma divulgação à altura do que vem sendo feito. Poderíamos listar dezenas (talvez centenas) de iniciativas nessa direção. Temos colocado a nossa competência acadêmica e científica a serviço do desenvolvimento de soluções para problemas em algumas áreas, como saúde pública, conservação ambiental, educação, transportes, biotecnologia, segurança, direitos humanos, gestão pública, entre tantas outras. Os leitores iriam se surpreender com tudo que é feito dessa ordem na UFPA. Por outro lado, da parte de muitos setores da sociedade que já têm usufruído diretamente dessas realizações, contamos com enorme reconhecimento.
 
Metas para o ensino

Precisamos consolidar o projeto multicampi, elevar a qualidade do ensino, fortalecer as políticas de assistência estudantil e inclusão social e propiciar condições para o desenvolvimento profissional de técnicos e docentes por meio da qualificação e capacitação.

Ed.133 - Outubro e Novembro de 2016

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