Pesquisa traça mapa da covid-19 na região do Baixo Tocantins
Informações podem auxiliar ações governamentais de tratamento e prevenção
Por Gabriel Mansur, com edição de Rosyane Rodrigues Foto Alexandre de Moraes
A pandemia da covid-19 mudou a dinâmica socioeconômica no Brasil e no mundo. No dia 31 de dezembro de 2019, a China reportou o primeiro caso de infecção pelo vírus SARS-CoV2. No Brasil, essa confirmação ocorreu em 26 de fevereiro, em São Paulo. Desde então, os países unem forças para compreender o vírus e combatê-lo de maneira mais eficiente.
O vírus SARS-CoV2 é de uma família que provoca infecções respiratórias e preocupa em razão da sua alta taxa de transmissão. Em determinadas pessoas, os sintomas da covid-19 podem ser graves, levando a óbito. Idosos e portadores de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma, fazem parte do grupo com maior risco de desenvolver a forma mais grave da doença.
Além disso, sem as medidas de prevenção adequadas, o sistema de saúde colapsa e não consegue tratar essa e nenhuma outra doença. Com as vacinas em fase de testes, algumas medidas continuam sendo importantes para diminuir a propagação do vírus, entre elas, o isolamento social e o uso de máscaras em espaços públicos.
Em junho, o Pará liderava o ranking da Região Norte com maior número de casos. Eram 105 mil casos confirmados no estado, em 30 de junho, de acordo com o site de monitoramento da covid-19, gerenciado pelo governo do estado. Com o intuito de informar a população sobre o novo coronavírus no Baixo Tocantins, a professora Carla Braga Pereira, da Faculdade de Geografia (Fageo) do Campus Tocantins/Cametá da UFPA, produziu um boletim a respeito da propagação do vírus na região. O estudo também traz um mapa com a concentração de idosos e o número de habitantes, por bairro, na zona urbana de Cametá.
O material ainda informa o número de casos de covid-19 até maio, o número de leitos hospitalares e de médicos por mil habitantes nos municípios da região. Esse contexto indica o preparo nos municípios para o combate do vírus.
Precariedade do sistema de saúde na região é alarmante
O município Limoeiro do Ajuru conta com o número de 0,03 médicos para cada mil habitantes. Segundo o estudo sobre a Demografia Médica no Brasil 2018, o estado do Pará conta com uma razão de 0,97, e o indicado para o Brasil seria de 2,5 médicos para cada mil habitantes. Sendo assim, o número de médicos entre os municípios do Baixo Tocantins é insuficiente.
Outro dado preocupante diz respeito aos leitos hospitalares, “os munícipios de Abaetetuba e Igarapé-Miri revelam taxas acima da média nacional (2,00), ainda assim, estão abaixo do ideal definido pelo Ministério da Saúde, de 3 leitos/1000 habitantes, segundo pesquisa da Fiocruz. Todos os municípios da região estão bem abaixo desse patamar, em destaque: Baião (0,6), Limoeiro do Ajuru (0,73) e Oeiras do Pará (0,5) por apresentarem marcas muito inferiores ao recomendado pelo órgão público”, conta Carla Braga. Tendo em mãos os dados, é possível ver que os leitos não suprem a necessidade mínima para os pacientes que possam vir a necessitar de atendimento.
“O estudo corrobora a significativa ascensão dos números de casos confirmados na região. O Baixo Tocantins atingiu o limiar acima de 1.000 casos confirmados no dia 13 de maio, correspondendo a 11,42% do Pará, e, após um mês, ultrapassou 6.600 casos confirmados, de acordo com os boletins epidemiológicos divulgados pelas prefeituras. Nesse contexto, autentica-se a preocupação da população e das autoridades competentes em relação à disseminação crescente do novo coronavírus”, avalia a pesquisadora.
A professora Carla Braga Pereira ampliou sua pesquisa e disponibilizou um mapa de concentração de idosos (pessoas com mais de 60 anos) nos bairros da área urbana de Cametá. Segundo a pesquisadora, “de acordo com outros estudos científicos, o panorama indicava que os pontos críticos da pandemia, inicialmente concentrados na Região Metropolitana de Belém, seguiriam para o interior do estado”.
O município de Cametá esteve entre os 10 municípios com maior número de casos no estado do Pará. Dessa forma, o mapa pode auxiliar ações governamentais e indicar onde é necessário concentrar esforços. Segundo a professora, o mapa ajuda a nortear “medidas de prevenção e conscientização, especialmente nos bairros onde residem mais idosos, como também em lugares frequentados por essa população, como feiras, comércios, bancos e lotéricas, todos locais de aglomerações e propensos à contaminação pelo novo coronavírus”.
Ed.156 - Set/Out/Nov de 2020
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