Por uma sociedade em que todos sejam incluídos
“A UFPA é uma instituição forte e não se contenta com pouco”
Por Walter Pinto Foto Alexandre de Moraes
Eleito, nomeado e empossado para o segundo mandato de vice-reitor, o professor Gilmar Pereira da Silva dedica-se, entre outras missões, à ampliação da política de inclusão social na Instituição. Pode-se dizer que, hoje, a UFPA é uma instituição que se destaca no âmbito das universidades federais pela presença significativa de estudantes pretos, pardos, quilombolas, indígenas, africanos e latino-amazônicos. Mais do que substituir o reitor, quando necessário, caberá ao vice-reitor envidar esforços para a ampliação dos espaços prediais nos campi, contribuir para o fortalecimento de acesso às tecnologias de informação, trabalhar pelo crescimento da política de formação de docentes e de técnicos administrativos em nível de graduação, mestrado e doutorado, além de atuar para suprir as carências dos campi em relação à pós-graduação. São essas ações parte do desafio deste educador, que, com tantas responsabilidades, ainda encontra tempo para as atividades acadêmicas de orientação a mestrandos e a doutorandos e sente falta das aulas na graduação.
Avanços da Vice-Reitoria
O papel principal do vice-reitor é substituir o reitor em seus impedimentos ou desenvolver atividades delegadas por este. No nosso caso, considero como muito positivo o trabalho conjunto nas ações cotidianas da administração superior. Para além disso, destaco as delegações permanentes do reitor que são de responsabilidade do vice-reitor. A principal diz respeito à gestão da Política Multicampi da Universidade, por meio da qual, podemos ressaltar avanços significativos. Um primeiro elemento a destacar diz respeito ao aprofundamento de uma identidade coletiva entre os campi, inclusive, o da capital. Outra questão diz respeito ao avanço na ampliação e manutenção da infraestrutura predial, bem como à melhoria do acesso às tecnologias da informação (ampliação do acesso à internet) e a equipamentos tecnológicos, sobretudo no interior. Também destaco uma política arrojada de formação dos servidores docentes e técnico-administrativos em nível de pós-graduação (mestrado e doutorado), em articulação com a Propesp e a Progep, com a oferta de turmas extras em parceria com programas de pós-graduação e também a oferta de Dinter, este último para formação exclusiva de docentes.
Políticas de inclusão
Somos uma instituição com presença significativa de pretos e pardos. Temos também uma presença significativa de quilombolas e indígenas. Foi elaborada uma resolução para receber refugiados e apátridas no interior da Universidade. Para dirigir essa política, o reitor criou uma assessoria ligada ao seu gabinete (Assessoria de Diversidade). Em prol dos principais grupos que buscamos incluir, foi criada uma estrutura para que possa reunir e dialogar com a comunidade – o espaço que denominamos Pavilhão da Inclusão. Lá existe espaço para os indígenas, para os quilombolas, para as pessoas com deficiências e para os estudantes estrangeiros. Penso que temos muito que avançar, porém temos um reitor muito focado nas políticas de inclusão que visam ao acesso, mas também à permanência no interior da Instituição. Nosso envolvimento com a comunidade estudantil é permanente, pois entendemos que, com ela, apreendemos e aprendemos como fazer a gestão democrática da Instituição, considerando que eles e elas são a razão de ser de nossa existência como universidade.
Propostas da nova gestão
Primeiramente, trabalhar de modo a reforçar as ações da administração superior em todas as áreas, auxiliando o reitor nas atividades cotidianas da UFPA, envidando esforços para ampliar os espaços prediais nos campi, bem como contribuir para o fortalecimento do acesso às tecnologias de informação. Também destacamos a importância de fortalecer a política de formação dos servidores docentes e técnico-administrativos em nível de mestrado e doutorado, bem como buscar formas de oferta de turmas de graduação para os servidores que não têm esse nível de ensino. Ressaltamos ainda a atuação na Propesp para apresentar propostas de cursos de pós-graduação stricto sensu nas áreas em que haja carência nos campi, de modo a atender, mais ainda, à formação de pesquisadores e pesquisadoras em diferentes territórios do estado do Pará.
Legitimidade para agir
Penso que temos ações na UFPA que são trabalhadas como Política de Estado; contudo a leitura que a administração superior vem desenvolvendo é bastante arrojada. A política de inclusão de indígenas, quilombolas, refugiados e apátridas é tratada com atenção pelo Gabinete do Reitor, que se envolve no acompanhamento diário das políticas desenvolvidas. Não consigo imaginar uma pessoa que não tenha tido a legitimidade da comunidade conseguir ter respaldo para implementar tais ações. Observo, no entanto, o papel de destaque da comunidade universitária (docentes, técnicos administrativos e discentes) no compromisso em defesa da autonomia universitária, o que nos leva a acreditar que, hoje, qualquer ação que causasse retrocesso nas políticas desenvolvidas teria forte mobilização contrária de pelo menos 90% da comunidade. Em outras palavras, a UFPA é uma instituição muito forte e não se contenta com pouco.
Aulas não presenciais
Esta pandemia tem nos causado um estado de exceção e dor muito grande. Temos feito muita coisa que não gostaríamos de fazer, mas não temos saída, principalmente, porque defendemos uma sociedade em que todos sejam incluídos. Infelizmente, a pandemia tem nos mostrado que estamos longe disso; porém ficar parado seria aprofundar o fosso entre os mais abastados e aqueles que não têm o mínimo para sobreviver. Foi a partir dessa leitura que ançamos mão do ensino remoto, mesmo sabendo das limitações que temos, sobretudo em nossos campi mais distantes. Entretanto deve se enfatizar que a comunidade desses campi atuou de forma determinante para que as ações fossem desenvolvidas. O que mais me chama atenção nesse processo de aprendizagem tem sido o exercício do diálogo exaustivo, com intuito de gerar consenso. Penso que nosso gestor maior tem dado demonstração de sabedoria.
Docência e pesquisa
Sou um apaixonado pela docência e pela pesquisa. Tenho a felicidade de, até o momento, ter orientado mais de duas dezenas de mestres e próximo de uma dezena de doutores. Continuo atuando em programas de pós-graduação. Muitas atividades com esses discentes são realizadas após o horário oficial de trabalho, até nos feriados e nos finais de semana. Faço isso com muito prazer. Agradeço aos meus orientandos e às orientandas a generosidade de entender os limites de tempo que tenho. Acredito que é muito importante a formação de um mestre/uma mestra ou um doutor/uma doutora para o sujeito e, sobretudo, para o desenvolvimento do estado. Devo destacar, porém, que sinto falta das aulas na graduação, das orientações de Iniciação Cientifica. Essas atividades ficam mais difíceis de realizar, pois demandam um calendário mais rígido. Devo dizer, por outro lado, que é muito gratificante atuar para que mais colegas desenvolvam seus projetos com o apoio da Instituição.
Beira do Rio edição 158
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