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Para além do tabuleiro

Publicado: Terça, 28 de Setembro de 2021, 18h45 | Última atualização em Terça, 26 de Outubro de 2021, 16h52 | Acessos: 2544

Habilidades adquiridas no xadrez podem ser aplicadas à matemática

Por Adrielly Araújo Foto Acervo da Pesquisa

No ano de 2020, logo após o lançamento da série O gambito da rainha na Plataforma de streaming Netflix, as buscas no Google Search por “xadrez” mais que dobraram na Web, enquanto as buscas por “como jogar xadrez”, de acordo com o próprio Google, atingiram o maior pico registrado em nove anos.

A série conta a história ficcional de Elizabeth Harmon, uma criança prodígio que cresce para virar a melhor jogadora de xadrez na década de 1960, em que ela precisa enfrentar os maiores enxadristas de seu tempo em um mundo dominado por homens. A série foi inspirada no livro homônimo de Danilo Soares Marques.

Outro grande nome, embora não ficcional, do xadrez mundial foi o matemático Alan Turing, um fiel enxadrista apaixonado pela complexidade do jogo, sendo também a primeira pessoa a pensar seriamente o conceito de máquina inteligente ou inteligência artificial. Tudo começou quando ele tentou responder à própria pergunta: “pode uma máquina jogar xadrez?”, criando o primeiro software, Turochamp, uma máquina capaz de jogar o jogo.

A prática de xadrez vai além do entretenimento. Ele pode e já foi usado também como recurso pedagógico, já que proporciona melhorias na aprendizagem, principalmente quando alia o ensino à criatividade e ao pensamento crítico em um ambiente lúdico.

Para entender como a prática desse jogo poderia contribuir com o desenvolvimento de habilidades linguísticas importantes para o aprendizado da matemática, a pesquisadora Jaqueline Valerio da Cruz desenvolveu a dissertação intitulada Os jogos de regras e o desenvolvimento de habilidades matemáticas sob a perspectiva wittgensteiniana: um estudo a partir do xadrez.

O estudo foi apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas (PPGECM/IEMCI) da Universidade Federal do Pará, orientado pelos professores Marisa Rosâni Abreu da Silveira (in memoriam) e Paulo Vilhena da Silva.

Escola Salesiana do Trabalho participou do estudo

“Toda a pesquisa girou em torno do modo como os conceitos psicológicos relacionados ao uso dos jogos na educação são vistos e tratados ao evidenciar habilidades desenvolvidas, dando destaque ao domínio de regras do xadrez, analisado sob uma perspectiva wittgensteiniana, o que significa o desenvolvimento de técnicas linguísticas baseadas no domínio das regras do jogo”, explica a autora do estudo.

Para o trabalho, foi desenvolvida uma oficina de xadrez, por meio da qual Jaqueline Valerio da Cruz preparou alguns alunos do ensino médio e do ensino fundamental II para jogarem de forma independente, sem necessidade de consulta às regras do jogo. “A oficina foi realizada duas vezes na semana, na Escola Estadual Salesiana do Trabalho, localizada no bairro Pedreira, em Belém. Para alcançarmos os dados almejados, era necessário que os alunos alcançassem o domínio das regras do jogo de xadrez, sem precisar de ajuda”, informa.

A coleta de dados foi feita com a observação dos participantes da oficina, o acompanhamento e a percepção dos professores de Matemática e o diálogo com o próprio aluno sobre os motivos que levaram a cada lance. “O xadrez vai muito além das peças e do tabuleiro, é constituído por regras atribuídas ao seu campo de aplicação no jogo. Então, saber seguir regras, que Wittgenstein chama de habilidade, está por trás do bom desempenho no xadrez. Da mesma forma, essa habilidade favorece o aprendizado matemático, pois a disciplina também é uma linguagem com suas regras próprias. Foi isso que nós quisemos mostrar durante a pesquisa”, conta a pesquisadora.

Durante o estudo, foi aplicado um questionário para que os professores de Matemática avaliassem diferenças no aprendizado dos alunos no decorrer da oficina ministrada, e o resultado foi positivo. “Os professores constataram mudanças na aprendizagem, no entusiasmo e na dedicação das crianças”, finaliza Jaqueline da Cruz.

Onde jogar xadrez em Belém

Federação de Xadrez do Pará.
Facebook https://pt-br.facebook.com/XadrezdoPara

CXPARÁ.
Site https://www.cxpara.com/

Beira do Rio edição 160

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