Game Serra Pelada
Jogo educativo promove ensino de geometria em Marabá (PA)
Por Armando Ribeiro Fotos Reprodução
As novas tecnologias podem ser utilizadas como ferramentas de auxílio à aprendizagem escolar, pois estimulam a educação por meio de atividades divertidas e criativas. Com a proposta de avaliar o desenvolvimento de um jogo educativo, a engenheira Maria Eliane Sobrinho elaborou a dissertação Game Serra Pelada: Projeto, implementação e avaliação de um jogo educativo para o ensino de geometria para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, sob orientação do professor Manuel Ribeiro Filho.
Apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, ITEC/UFPA, o game Serra Pelada apresenta, de forma acessível, conteúdos referentes à geometria do 9º ano do ensino fundamental. O jogo utiliza estratégias de entretenimento para prender a atenção do jogador. “Ao longo do percurso, são apresentados alguns desafios matemáticos que trabalham o reconhecimento de ângulos, além de bônus de informações sobre figuras geométricas”, explica Maria Eliane Sobrinho.
O jogo utiliza como cenário o garimpo de Serra Pelada, em Curionópolis (PA), onde houve a corrida pelo ouro, em 1980. A história gira em torno do garimpeiro Marajoara, nascido na Ilha do Marajó, cujo sonho é encontrar ouro e ficar rico. Para isso, ele precisa enfrentar os inimigos vindos de diversas regiões do Brasil.
Maria Eliane Sobrinho afirma que a escolha pelo cenário quis valorizar a história da nossa região. Assim, a proposta do jogo é utilizar o maior garimpo a céu aberto do mundo para a evolução da plataforma, na qual serão dispostos barrancos em vários ângulos para aplicar os conceitos de geometria. “Os bônus de informações são úteis para o jogador desvendar os desafios que surgirão e reforçam os conceitos estudados em sala de aula”, relata.
Desenvolvimento contou com validação dos alunos
O jogo é fruto da parceria com o Laboratório de Games Educativos e foi implementado em uma escola municipal de Marabá (PA). A metodologia empregada se divide em dois momentos. O primeiro é baseado em três passos: a Pré-Produção, etapa conceitual em que foi elaborado o roteiro do game, esboçando seu fluxo, personagens, jogabilidade e design. A Produção, que aborda os detalhes da sua concepção, indo desde a organização das fases até a execução. A Pós-Produção, que consistiu na distribuição para sua validação pela escola de Marabá e público em geral.
Já o segundo momento foi realizado no laboratório de informática da Escola Pública Anísio Teixeira, em Marabá (PA), e contou com a participação de 51 estudantes, com idade entre 8 e 10 anos. “Os alunos foram bem receptivos com relação ao jogo, uma vez que eles já estavam familiarizados com esse ambiente. Foi concedida, em média, uma hora para cada jogador. Em seguida, eles tiveram que avaliar o game respondendo a um questionário que pedia para indicar as dificuldades encontradas, sugerir melhorias e analisar o jogo como ferramenta educacional”, explica a engenheira Maria Eliane Sobrinho.
De acordo com a pesquisa, 96% dos estudantes gostaram do jogo. 18% dos participantes acharam a jogabilidade difícil e 18% encontraram erros em sua execução. Alguns desses erros tiveram como causa a própria configuração dos computadores, já que alguns apresentavam baixo desempenho gráfico. Na questão das melhorias, a mais votada foi a criação de novas fases para serem exploradas (25%), seguida da criação de diferentes níveis de dificuldade (22%).
A investigação educacional revelou que 45 alunos acharam que o jogo contribuiu para o aprendizado da disciplina. 92% consideraram-no divertido, com boa variação de atividades, possibilitando esforço pessoal e momentos de interação. Apesar dos resultados positivos, Maria Eliane Sobrinho ressalta que “o jogo sozinho não é suficiente para ensinar a geometria, ele deve ser utilizado como ferramenta aliada ao conhecimento teórico. Somente assim, poderá ajudar os alunos a assimilarem o conteúdo proposto em sala de aula”.
Ed.141 - Fevereiro e Março de 2018
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