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Turismo no Pará e no Amazonas

Publicado: Quinta, 05 de Julho de 2018, 18h52 | Última atualização em Segunda, 30 de Julho de 2018, 12h44 | Acessos: 2960

Nos dois Estados, setor carece de políticas públicas consistentes

Por Nicole França Fotos Alexandre de Moraes

O Mercado do Ver-o-Peso, o Theatro da Paz, o Teatro Amazonas, a praia da Ponta Negra, a maniçoba, o pato no tucupi, o Círio de Nazaré e o festival de Parintis. Não há dúvidas de que o Amazonas e o Pará possuem variados atrativos turísticos, seja naturais, seja culturais. No entanto, para que se tenha uma atividade turística consistente e ativa, os atrativos não podem atuar sozinhos, é necessário o suporte de políticas públicas elaboradas de acordo com as necessidades de cada região.

A pesquisadora Vânia Lúcia Quadros Nascimento refletiu e pesquisou sobre tal temática para elaborar sua tese Políticas Públicas de Turismo na Amazônia Brasileira: sua ascensão às agendas do Amazonas e do Pará. A pesquisa foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, com orientação da professora Ligia T. L. Simonian.

A pesquisa teve como principal objetivo compreender os processos de formulação das políticas públicas relacionadas ao turismo nos Estados do Pará e do Amazonas, destacando a ascensão desse tópico às agendas desses Estados. Para isso, foi necessário entender a forma como o poder público vê a atividade turística, os atores ligados à atividade e os planos estaduais de turismo desenvolvidos nos dois Estados, sendo o Plano Ver-o-Pará correspondente ao Pará; e o Plano Vitória-Régia, ao Amazonas.

Para o desenvolvimento da tese, foram realizadas pesquisas de campo em ambos os Estados. Na ocasião, foram coletados documentos relacionados aos planos estaduais de turismo, como relatórios das empresas de consultoria e atas de reuniões das instâncias de governança estaduais (Fórum Estadual de Turismo do Pará e o Conselho Estadual de Turismo do Amazonas). Nas visitas ao Amazonas, a gestora estadual de turismo foi ouvida, assim como outros atores locais para a coleta de informações mais específicas. No Pará, também foram ouvidas pessoas responsáveis pela gestão estadual de turismo, bem como o secretário estadual de Turismo e a representante da empresa de consultoria, que discorreram sobre a formulação do Plano Ver-o-Pará.

Metodologia usou Modelo de Fluxos Múltiplos

A análise e a discussão dos dados coletados em campo foram realizadas considerando as ideias teóricas e metodológicas do Modelo de Fluxos Múltiplos de John Kingdon. Esse modelo é utilizado para analisar o processo decisório de formulação de políticas públicas, principalmente as etapas pré-decisórias do estabelecimento da agenda e da especificação das alternativas para a solução de um problema, tendo sido utilizado pelo seu criador para estudar as políticas de saúde e de transporte americanas. Dessa forma, a pesquisadora adaptou o modelo para analisar a formulação das políticas públicas de turismo do Pará e do Amazonas.

O Plano Ver-o-Pará é um plano estratégico de turismo, com o horizonte temporal de 2012 a 2020. Ele foi elaborado pela empresa de consultoria Chias Marketing Ltda. A principal finalidade do plano para o governo é “[...] reforçar a gestão pública do turismo e, desta forma, dar clareza à sociedade de que o turismo é atividade produtiva e econômica para o Estado, assim como dar segurança ao empresário para que venha a investir cada vez mais na consolidação dos arranjos produtivos necessários para o crescimento da atividade.”

A elaboração do plano teve como base a análise do contexto atual do turismo no Pará, na qual foram observadas informações sobre o turismo local e no mundo, a situação do Estado no mercado e a situação da oferta turística. Além disso, também foi realizada uma análise das opiniões externas, ou seja, uma pesquisa direcionada aos turistas atuais do Pará, para que se pudesse traçar um perfil desses visitantes.  Também foi elaborado um planejamento estratégico que visa triplicar o número de turistas brasileiros no Estado e aumentar para 15% a participação do volume e a receita gerada pelo turismo internacional sobre o volume e a receita global do turismo paraense. Também foram criados dois planos operacionais: o plano operacional de desenvolvimento e o plano operacional de marketing.

Amazonas dividiu plano em quatro nichos de ação

O Plano Vitória-Régia é um plano estratégico de turismo do Estado do Amazonas pensado para o horizonte temporal de oito anos, sendo a sua principal finalidade “oferecer um destino turístico nacional e internacional singular, exuberante e qualificado, que processa corretamente os seus recursos naturais, culturais e humanos, promovendo o desenvolvimento sustentável local e melhorando a qualidade de vida de sua população, ao mesmo tempo em que proporciona aos seus turistas experiências memoráveis.”

Para atingir sua finalidade, o plano é dividido em quatro nichos de ação, sendo eles: gestão para o turismo, produto turístico, marketing do turismo e infraestrutura básica. A gestão do turismo busca atrair investimentos para maximizar benefícios sociais e econômicos, aumentar a interação entre setores público, privado e terceiro setor para atingir a sustentabilidade do turismo, além de gerir estrategicamente o turismo no Amazonas. O produto turístico busca capacitar a mão de obra, sensibilizar a população amazonense para o turismo e estruturar produtos turísticos temáticos, inusitados, competitivos e qualificados. O marketing do turismo pretende criar uma imagem de um destino turístico singular e promover os diversos produtos turísticos do destino em seus principais mercados. Por fim, a infraestrutura básica busca desenvolver parcerias para a adequação do destino.

A tese também reflete sobre a forma como o turismo é visto pelo poder público. “Nos dois Estados, os recursos para o turismo chegam por último e é o setor no qual ocorrem os primeiros cortes. Então este é o grande problema enfrentado pelas gestões públicas de turismo no Pará e no Amazonas: a maneira como a atividade turística é vista pelo gestor do Estado”, explica Vânia quadros.

Atualmente, o turismo não é visto como um problema pelo Estado, ou seja, como algo que necessite de uma solução, investimento e recursos para ser viabilizado. O turismo se encaixa como uma ferramenta para a solução de outros problemas tidos como prioritários pelo Estado.

O turismo não deixa de ser uma solução, pois gera emprego e renda, envolve setores e dinamiza a economia, além de valorizar o patrimônio histórico cultural. No entanto, para que a atividade seja mais efetiva, é necessário investimento na área.

Desse modo, é preciso rever o olhar dado ao turismo para que ele possa ser consolidado como uma atividade geradora de benefícios positivos. É imprescindível que se tenha uma ideia clara das necessidades de cada região em termos de políticas públicas, conhecer os atores envolvidos, compreender as vivências e os anseios de quem visita. Isso é fundamental para a elaboração de políticas públicas consistentes, que promovam o pleno desenvolvimento da atividade.

Ed.143 - Junho e Julho de 2018

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Políticas Públicas de Turismo na Amazônia Brasileira: sua ascensão às agendas do Amazonas e do Pará

Autora: Vânia Lúcia Quadros Nascimento

Orientadora: Ligia T. L. Simonian.

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido

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