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Fertilização in vitro

Publicado: Quinta, 16 de Agosto de 2018, 13h44 | Última atualização em Quinta, 16 de Agosto de 2018, 18h59 | Acessos: 5619

Pesquisa investiga causas de insucesso na reprodução assistida

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Por Armando Ribeiro Foto Alexandre de Moraes

Para quem deseja a parentalidade, a gravidez é um dos momentos mais esperados. Para viver esse momento, pessoas inférteis, LGBTIs e solteiras viram, no desenvolvimento tecnológico e na fertilização artificial, uma alternativa para realizar esse sonho.

Analisando apenas pares heterossexuais, o médico João Paolo Bilibio, coordenador do Projeto Investigação das causas de aborto de repetição em pacientes submetidos à fertilização in vitro (FIV) e após gravidez natural no Laboratório de Ciências da Saúde, da Faculdade de Medicina (ICS/UFPA), informa que a cada 10 casais que você conhece pelo menos um apresenta dificuldade reprodutiva. Ele explica que as causas são encontradas tanto nas mulheres quanto nos homens e que, em 40% dos casos, o casal apresenta fatores de dificuldade.

O principal fator masculino é a alteração espermática, que ocorre quando o espermatozoide é considerado “fraco”. Entre as mulheres, o mais comum são os fatores tubários, ou seja, o fechamento das trompas, impedindo a passagem do espermatozoide e a consequente fecundação do óvulo. O médico também destaca a endometriose e as doenças inflamatórias pélvicas (DIPs).

O professor da Faculdade de Medicina afirma que o cenário crescente de casais que necessitam fazer a fertilização vai se repetir no Pará. “No Brasil, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste, os fatores de risco serão maiores. Por exemplo, as DSTs vão se mostrar recorrentes em áreas periféricas, nas quais as campanhas de combate a essas infecções e o incentivo ao uso do preservativo não são suficientes. Isso é menos recorrente em países com renda mais elevada”, revela João Bilibio.

O professor explica os três principais tratamentos para casais com dificuldades reprodutivas: o primeiro é o coito programado, que consiste em ajustar o dia e o horário da ovulação, de forma a adequar o momento mais fértil para o casal manter relação. O segundo é a inseminação, realizada quando o sêmen tem uma capacidade média de qualidade, é coletado em laboratório e, depois, introduzido no fundo do útero.

O terceiro tratamento é o foco da pesquisa de João Bilibio, a fertilização in vitro (FIV). Os ovários são estimulados e, em seguida, é feita a coleta dos óvulos. Para cada óvulo, será destinado um espermatozoide. Esse processo vai gerar um embrião, que vai passar cinco dias “em cultivo” no laboratório, até ser transferido para o útero.

Fichas de pacientes passam por análise transversal

O projeto de pesquisa tem por objetivo mudar o relatório de avaliação sobre as falhas implantacionais, por meio de técnicas que identifiquem as suas principais causas, minimizando os impactos nos pacientes. “Hoje, não podemos simplesmente dizer aos casais ‘não tenho certeza do que aconteceu, mas tente engravidar novamente. Na próxima, pode dar certo’. Eles investem muito numa gravidez. Há os aspectos emocionais, financeiros e físicos. Essas pessoas precisam, no mínimo, de uma explicação sobre o que está ocorrendo, do porquê da perda”, avalia João Bilibio.

De acordo com o pesquisador, a taxa de sucesso da FIV aumentou nos últimos anos. Antes, apenas dois, em cada dez casais, conseguiam engravidar. Atualmente, esses números se modificaram, oito casais obtêm êxito. “Apesar disso, ainda existem esses dois casais que não conseguiram, então precisamos evoluir e melhorar as chances de sucesso”, afirma o médico, que trabalha com reprodução humana há doze anos.

João Bilibio conta que avaliou o protocolo investigativo padrão nos casos de insucesso e constatou que ele apresenta a causa em 60% das vezes. Com isso, o médico vai propor um modelo que melhore as técnicas diagnósticas de avaliação endócrina, imunológica, trombofílica e genética. Para isso, realizou um estudo transversal com as fichas dos casais que tiveram dois ou mais abortos, para analisar o histórico dos pacientes e realizar novos exames.

Os resultados apontam três causas: genética (30%), quando o bloqueio do embrião ocorre de maneira natural; aborto imunológico (25%), quando o metabolismo da mulher reage ao embrião como um corpo estranho; trombofilia (25%), a propensão de a mulher desenvolver trombose impede o processo de formação do feto. Outros 20% dos pacientes apresentaram tanto abortos imunológicos quanto trombofílicos. O pesquisador destaca que, entre todos os casais examinados, apenas 7% ficaram sem uma causa definitiva, o que é um avanço ao longo dos seus 12 anos de experiência.

Ed.144 - Agosto e Setembro de 2018

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