Mulheres e Meninas na Ciência
Atlas digital moderniza cartografia do Pará

Por Evelyn Ludovina Foto Vinícius Gonçalves
Engana-se quem pensa que mapa é algo do passado. Com a evolução da tecnologia, a cartografia digital se tornou essencial para representar o espaço geográfico de forma precisa e interativa. Por meio de computação gráfica, essa ferramenta captura e comunica informações sobre localização, forma, tamanho e características do terreno, utilizando símbolos, cores e escalas. Além disso, permite o acesso a dados geográficos importantes que podem ser usados para criar mapas interativos e extrair informações relevantes.
Assim, com o objetivo de demonstrar diferentes formas de utilizar fontes de dados dentro da Cartografia Sistemática, foi criado um atlas digital do estado do Pará. Trata-se de uma coleção de mapas e informações geográficas em formato digital, acessível por computadores, celulares e tablets, que oferece interatividade com funções como zoom, camadas de informações e busca por locais específicos.
Os últimos atlas produzidos referentes ao Pará são da década passada e estavam disponíveis apenas em formato impresso, o que dificultava o acesso. Assim, esse novo Atlas Sistemático do Estado do Pará atende a necessidades de ensino, pesquisa, planejamento e gestão pública, sendo útil para um público diversificado.
Denominado "Atlas do Pará: Cartografia Sistemática e Temática", o atlas digital foi desenvolvido por Paula Jéssica de Lima Shinkai, orientada pelo professor Estêvão José da Silva Barbosa, dentro de um projeto de pesquisa vinculado à Faculdade de Tecnologia em Geoprocessamento (FTG) do Campus Ananindeua da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Produção e impacto do atlas digital
Paula Shinkai trabalhou por 10 meses no projeto, realizando levantamento bibliográfico e cartográfico para obter os dados necessários para a produção do novo atlas. O interesse da pesquisadora pelo tema surgiu ainda na graduação, influenciado por seu professor e atual orientador.
"Dentro das disciplinas ministradas, eu sempre tive afinidade com o assunto que ele aborda. Então, surgiu a oportunidade de fazer uma seleção para bolsistas desse projeto. É um assunto muito interessante. É um tema bem técnico, e eu gosto muito de manipular dados geográficos, transformando-os em mapas com auxílio da computação, e fazer manipulações desses dados estratificados em camadas temáticas, via softwares especializados. A gente manipula por meio do computador, faz as manipulações das camadas e tudo, então é uma metodologia com a qual eu tenho afinidade", explica. Os dados geoespaciais coletados foram utilizados e editados no Software cartográfico QGIS.
Durante o trabalho, a pesquisadora também se surpreendeu ao estudar a evolução das fronteiras do Pará e os antigos nomes dos países vizinhos. "O que achei mais interessante foi que, ao produzir a cartografia sistemática, estudei a contextualização histórica das divisões municipais do estado do Pará. No decorrer disso, observei os países que fazem limite com o Pará, como a Guiana e o Suriname, e tive que pesquisar como eram chamados antigamente, pois eram colônias. Foi muito interessante conhecer essa história, porque os nomes mudaram ao longo do tempo. Por exemplo, produzi um mapa de 1968 e alguns desses países tinham outros nomes, que foram alterados com o passar dos anos", relata.
Como resultado do projeto, foram produzidos aproximadamente 70 mapas. "Os principais, de início, foram os mapas históricos da divisão municipal do estado do Pará, que vão desde 1872. Depois, vieram os mapas de divisões regionais e, em seguida, algumas cartas imagem, que são mapas que utilizam imagens de satélites que orbitam a Terra. Mas o principal foi consolidar a cartografia sistemática, que abrange mapas em diferentes escalas, articulando vários deles", detalha Paula.
A divulgação do atlas digital e o acesso facilitado para a sociedade estão previstos para ocorrer ainda neste semestre.
Sobre a pesquisa: A pesquisa intitulada Cartografia Sistemática do Estado do Pará – Atlas Digital está vinculada ao projeto de mesmo nome e foi desenvolvida por Paula Jéssica de Lima Shinkai, sob a orientação do professor Estêvão José da Silva Barbosa. Financiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), a pesquisa foi apresentada no Seminic e ocorreu no período de agosto de 2023 a agosto de 2024.
Sobre a pesquisadora: Com 29 anos, Paula Shinkai é estudante de Tecnologia em Geoprocessamento pela UFPA e destaca a iniciação científica como uma experiência enriquecedora. Ela pretende seguir no meio acadêmico com um mestrado financiado por bolsa, mas mantém as portas abertas para o mercado de trabalho. Fora do universo dos mapas e pesquisas, Paula se considera uma pessoa muito ligada à família. Mãe de uma menina de seis anos, ela busca equilibrar os estudos e a vida pessoal dedicando-se, ao máximo, a ambas as áreas tão importantes em sua vida.
Edição: Maissa Trajano
Beira do Rio Ed.173 - Dez/Jan/Fev 2024-2025
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