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Matemática para alunos especiais

Publicado: Segunda, 04 de Julho de 2016, 19h20 | Última atualização em Sexta, 26 de Agosto de 2016, 15h15 | Acessos: 4995

Professores desenvolvem ações de inclusão em escolas de Belém

T360A: transferidor adaptado para alunos cegos
imagem sem descrição.

Por Hojo Rodrigues  Foto: Alexandre Moraes

Cerca de 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, seja auditiva, visual, física, seja intelectual. Os dados são do ano passado e foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos últimos anos, houve um crescimento considerável de números associados à inclusão de pessoas com algum tipo de necessidade educacional especial nas salas de aula regulares, provocando inquietações e trazendo novos desafios para o cenário escolar brasileiro.


Nesse contexto, foi criado o Projeto de Pesquisa “Educação Matemática para Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais”, coordenado pelo professor Elielson Ribeiro de Sales, do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas, IEMCI/UFPA. O objetivo do projeto, que teve início em 2014, é desenvolver pesquisas acerca dos processos de ensino e aprendizagem em Matemática voltados para pessoas com necessidades educacionais especiais.


As ações da pesquisa são desenvolvidas em 13 escolas de ensino regular da rede pública (municipal e estadual) e especializadas, hoje chamadas de Centros de Referência. “Existe uma discussão acerca de qual o melhor ambiente para educar essas pessoas. O nosso grupo não está preocupado com isso, mas com os processos de ensino e aprendizagem para as pessoas com necessidades educacionais especiais, independentemente do ambiente no qual elas estão inseridas”, conta o pesquisador.


“A importância legal da pesquisa é incontestável, pois, desde 1948, temos legislação que fala da educação dessas pessoas. Mesmo que, por um bom tempo, nós tenhamos fechado os olhos para esse tipo de obrigação legal, hoje, caminhamos para o avanço desse processo de educação”, afirma o professor.


Elielson Ribeiro de Sales diz que existe a importância do ponto de vista acadêmico. “Na UFPA, o nosso grupo é o primeiro e único. Percebemos que discutir o ensino de Ciências e Matemáticas para pessoas com necessidades educacionais especiais era algo por que a comunidade acadêmica estava sedenta”, revela o professor. Hoje, o grupo conta com o apoio de 17 orientandos, entre eles, dois mestrandos surdos.

Novas metodologias atendem necessidades específicas

Um dos orientandos e colaborador do projeto, o professor Marcos Evandro Lisboa de Moraes, em sua Dissertação A leitura tátil e os efeitos da desbrailização em aulas de Matemática, foi desafiado, em sua banca de Qualificação, a referenciar o ensino de ângulos para cegos, a partir de “giro” completo de circunferência.


Em sua pesquisa, Marcos Moraes verificou que o conceito de desbrailização não pode e não deve ser veiculado ao abandono do uso do Braille, por se constituir de um conjunto do que chamou de episódios de desbrailização. No estudo, ele defende o uso do código Braille de forma compartilhada, assim como as novas tecnologias.


Na pesquisa, um dos efeitos da desbrailização foi a criação e o desenvolvimento do transferidor adaptado T360A, que veio como enfrentamento ante os episódios de desbrailização, constituindo-se em uma ferramenta para o estudo de ângulos. Sua criação, por Marcos Evandro, não teria sentido se não fosse pensado para a aplicação do material por uma aluna cega. A aluna legitimou as primeiras impressões táteis do T360A e teceu críticas a respeito do produto, contribuindo, sobremaneira, com os primeiros ajustes para a melhoria do transferidor.


Nexos e reflexos do ensino de Matemática a estudantes cegos: Um estudo sobre o ensino de números decimais em uma turma inclusiva no município de Belém (PA) é a tese que está sendo desenvolvida pelo professor Marcelo Marques de Araújo, também colaborador do projeto. A pesquisa trata do ensino de números decimais para pessoas cegas, utilizando duas metodologias: o Tabuleiro de Decimais, também criado pelo grupo, e o MusiCALcolorida, um software com a função de ensinar esses números para crianças cegas.


A pesquisa está em fase de finalização e os resultados revelaram que as duas metodologias serviram não apenas para os alunos cegos, mas também para os alunos sem deficiência visual, o que possibilitou a melhor compreensão do assunto matemático, além de fortalecer a socialização entre os alunos, diminuindo o processo de segregação.


O coordenador considera os resultados das pesquisas e dos produtos que o projeto desenvolve como excelentes experiências para serem divulgadas e compartilhadas com professores da educação básica e do ensino superior. “Não são experiências para serem replicadas, mas para serem motivadoras de novas experiências”, diz Elielson Sales.

Ed. 131 - Junho e Julho de 2016

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