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Preservação e equilíbrio ambiental

Publicado: Sexta, 09 de Agosto de 2019, 17h29 | Última atualização em Segunda, 12 de Agosto de 2019, 15h20 | Acessos: 14236

Comunidades do Marajó revelam usos de répteis e anfíbios

Projeto levou espécies preservadas em álcool e modelos feitos de biscuit para escolas públicas em Soure.
imagem sem descrição.

Por Aila Beatriz Inete Foto Acervo do Projeto

Os répteis e os anfíbios são animais muito importantes para o equilíbrio ambiental. As temidas serpentes controlam populações de ratos, enquanto os lagartos se alimentam de uma grande variedade de insetos e ainda servem de alimento para alguns animais vertebrados. Mesmo assim, parte da população desconhece a importância dessas espécies e acaba matando-as, levada por mitos e crenças populares. Em Soure, no Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), um projeto de pesquisa e extensão resolveu investigar como a população local se relaciona com esse grupo de animais.

Com o apoio da professora Leandra Cardoso Pinheiro, coordenadora do Laboratório de Herpetofauna (ramo da Zoologia dedicado ao estudo dos anfíbios e dos répteis), o Projeto Conscientização e educação ambiental para a conservação das espécies de répteis e anfíbios no município de Soure (Pará) atua em escolas públicas de ensino básico. “Estamos cercados por populações rurais e tradicionais. Pensamos que seria interessante conhecer esse contexto e de que modo essas populações se relacionam com os grupos de animais que fazem parte do seu cotidiano”, conta a professora.

O objetivo do projeto é registrar os saberes de comunidades rurais do leste do Marajó sobre anfíbios (sapos, rãs e pererecas) e répteis (cobras, lagartos, quelônios e crocodilianos), ou seja, como a população interage com essas espécies, além de levar informações sobre a biodiversidade para estudantes do ensino fundamental.
Para saber como se dá a relação dos habitantes da região com os animais, o grupo de pesquisa aplicou questionários em 11 comunidades de cinco municípios: Júlio e São Marcos (Salvaterra), Caju-Una e Céu (Soure), Camará, Retiro Grande e Umarizal (Cachoeira do Arari), Tartarugueiro e Santana (Ponta de Pedras), Santa Cruz e Jenipapo (Santa Cruz do Arari).

“Em média, foram aplicados 15 questionários por município, com questões fechadas e abertas, sendo a última baseada na técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), técnica que consiste em redigir textos discursivos em primeira pessoa do singular com depoimentos baseados nas experiências e nas observações do entrevistado”, explica a professora.

Em sala de aula, atividades práticas chamam atenção

A pesquisa também foi feita em três escolas da rede pública, em área periférica e do centro de Soure. “Foram levados exemplares (espécies preservadas em álcool) e modelos didáticos (feitos com massa biscuit) de anfíbios e de répteis para que os alunos pudessem manusear e analisar estruturas e formas dos animais”, explica Leandra Cardoso Pinheiro.

A ideia era fugir das aulas tradicionais. Segundo a professora, depois das atividades, os alunos tiveram melhor rendimento em assuntos sobre biodiversidade e conservação. “Percebemos que a atividade prática pode ser uma valiosa ferramenta para auxiliar os professores, principalmente pelo baixo custo e pela fácil execução”, afirma Leandra Cardoso.

Com os questionários, foi possível identificar as comunidades que utilizam répteis como alimento. “Em Santa Cruz do Arari e em Ponta de Pedras, há maior consumo de quelônios (tartarugas, cágados ou jabutis) e crocodilos; enquanto em Salvaterra e em Soure, mais urbanizadas, relataram menor consumo”, revela a professora.
“As espécies de quelônios mais consumidas são: muçuã, aperema, tartaruga marinha e tracajá. Os relatos alimentícios são considerados eventuais e geram baixo impacto sobre as espécies”, avalia Leandra.

Ainda de acordo com a pesquisa, em Santa Cruz do Arari e em Ponta de Pedras, os quelônios também são utilizados no artesanato. “Após o consumo da carne, materiais são extraídos com finalidade decorativa e estética”, conta Leandra Cardoso. Foram registrados poucos relatos envolvendo quelônios e crocodilianos em usos místicos ou religiosos.

“Como as populações humanas estão diretamente relacionadas aos impactos sobre anfíbios e répteis, é fundamental conhecer como se estabelece essa relação, para delinear medidas que minimizem o impacto sobre essas espécies, estabelecendo um manejo sustentável”, finaliza Leandra Cardoso.

Ed.150 - Agosto e Setembro de 2019

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Projeto Pesquisa e Extensão Conscientização e educação ambiental para a conservação das espécies de répteis e anfíbios no município de Soure (Pará)

Coordenação: Leandra Cardoso Pinheiro

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