O percurso da Universidade Livre à Federal
Do sonho de um grupo de intelectuais ao crescimento atual
Por Walter Pinto Ilustração Walter Pinto
A ideia de universidade na Amazônia tem bem mais que 60 anos. Vem desde 1924 quando um grupo de intelectuais paraenses, formado por Inácio Moura, Camilo Salgado, Elias Viana, Jaime Aben-Athar e Henrique Santa Rosa, entre outros, passou do sonho à ação e criou a Universidade Livre do Pará. Calcada em modelo europeu, era uma instituição livre, voltada à formação ampla, humanizante, mas de caráter científico e multidisciplinar. O regime pedagógico de aulas seriadas adotado nas cinco faculdades existentes em Belém, à época, seria substituído por palestras, conferências e cursos avulsos.
As reuniões preparatórias da Universidade Livre foram realizadas na sede do Grêmio Literário Português. O ato formal de abertura dos cursos, porém, realizou-se no Theatro da Paz, em 15 de junho de 1924. Em que pese a validade da iniciativa, essa experiência não chegou a se concretizar de forma efetiva, mas expressou uma inquietação intelectual por um novo ambiente acadêmico que privilegiasse o livre debate das ideias.
Teriam que se passar 33 anos até que uma nova universidade surgisse no Pará. Segundo o geógrafo e escritor Eidorfe Moreira, o passo mais importante para se fundar a Universidade foi, sem dúvida, a federalização das Faculdades de Medicina, Direito e Farmácia, em funcionamento em Belém. Coube ao deputado federal Epílogo de Campos apresentar à Câmara dos Deputados o Projeto de lei nº 2.268-52, de 4 de agosto de 1952, dispondo sobre a criação da nova universidade.
Em 2 de julho de 1957, após ampla tramitação do projeto no Congresso, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira assinou a Lei nº 3.191 criando a Universidade do Pará, ainda sem o “Federal” que faz, hoje, parte de seu nome. No início, a UFPA encampou as faculdades estaduais e as incorporadas pelo Ministério da Educação, que funcionavam em prédios distintos na cidade de Belém. Sessenta anos depois, a UFPA consolidou-se como uma das mais importantes instituições acadêmicas e científicas do Brasil. Contribui decisivamente com o desenvolvimento econômico, social e cultural da Amazônia, formando profissionais em diversas áreas, produzindo saberes, pesquisas e tecnologias inovadoras. Em 2017, a UFPA está em 77 municípios por meio de uma rede de campi, cujo desenvolvimento nas últimas três décadas proporcionou a criação de duas novas universidades federais.
Cerca de 61 mil pessoas circulam pelos 12 campi
Com sede no Campus Universitário Professor José da Silveira Netto, homenagem ao reitor que fundou o antigo Núcleo Pioneiro do Guamá, em Belém, a UFPA possui campi instalados nos municípios Abaetetuba, Altamira, Ananindeua, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, Castanhal, Salinópolis, Soure e Tucuruí, além do campus em Belém. Os campi atuam como polos regionais, catalisando para si estudantes, professores e pesquisadores dos municípios circunvizinhos.
Por essa malha de campi universitários, circula uma população em torno de 61 mil pessoas. Elas constroem a vida acadêmica, seguindo os princípios que norteiam a Instituição: a universalização do conhecimento; o respeito à ética e à diversidade étnica, cultural e biológica e de gênero; o pluralismo de ideias e de pensamento; o ensino público e gratuito; a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; a flexibilidade de métodos, critérios e procedimentos acadêmicos; a excelência acadêmica; a defesa dos direitos humanos e a preservação do meio ambiente.
A UFPA é constituída por 14 institutos; sete núcleos; 36 bibliotecas universitárias; dois hospitais universitários e uma escola de aplicação. Segundo o Anuário Estatístico de 2016, ano-base 2015, elaborado pela Pró-Reitoria de Planejamento, o ensino de graduação alcançou a marca de 40.275 estudantes.
O universo docente é formado por 2.693 docentes. Desde 2011, o número de servidores técnico-administrativos permanece com poucas alterações, alcançando 2.375 em 2015.
Atualmente, a Universidade Federal do Pará oferece cursos de graduação em 89 áreas, possui 86 Programas de Pós-Graduação (PPGs) credenciados na Capes, que oferecem 40 Doutorados, 58 Mestrados Acadêmicos e 23 Mestrados Profissionais.
Ed.137 - Junho e Julho de 2017
Redes Sociais